A crise à mesa no Rio
Mário Magalhães
A crônica de fechamento de restaurantes e cafés cariocas se alarga. De casa estrelada, como a da Roberta Sudbrack, ao Entretapas, Terzetto Café, Al-Farabi (que era também livraria). Até a churrascaria Estrela do Sul, tradicionalíssima em Botafogo, teve de desistir. A receita não banca mais os custos. O Rio é o epicentro da crise nacional, que não ignora as mesas da cidade.
Espalham-se tentativas de resistir, nas quais o consumidor perde. Num restaurante a quilo na rua Evaristo da Veiga, o pato habitual duas vezes por semana tornou-se bissexto. Os molhos de suas receitas agora acompanham outras carnes, mais baratas. Na rua Santa Luzia, na seção do sushi a quilo, não servem mais a fatia de peixe cru sobre o bolinho de arroz. Agora, só os rolinhos com peixe mais sumido que o Rubem Fonseca de convescote literário. O preço não caiu. Um supermercado já havia se antecipado ao agravamento da crise, diminuindo o tamanho das (ótimas) pizzas que serve.
É ruim, mas nada comparado ao perrengue de quem comia nos restaurantes populares mantidos pelo Estado. A maioria continua fechada. Se um dia vierem a reabrir, será complicado: suas instalações foram alvo de furtos e saques.