Blog do Mario Magalhaes

Palavras malditas (25): estado estável

Mário Magalhães

Máquina de escrever de meados dos anos 1960 – Reprodução “The New York Times''

 

Talvez para um médico faça sentido _faz?_ o aviso de que um paciente se mantém em ''estado estável'', mesmo sem saber qual era o quadro clínico do doente.

Para quem mal conhece ou ignora a diferença entre mercuriocromo e mertiolate, ''estado estável'', como diagnóstico solitário, pouco quer dizer.

É tão cifrado quanto os hieroglifos de alguns doutores ao preencher a receita.

Ainda assim, o jornalismo não se constrange ao trombetear que o estado de alguém é estável, sem esclarecer se é grave ou não. Reproduz a informação que recebeu do pronto-socorro ou do hospital.

Acontece que ''estado estável'' pode significar que um jogador quebrou o dedo mindinho do pé, e a fratura continua igual.

Ou que um acidentado permanece em estado gravíssimo, sem melhorar ou piorar.

Na selvageria em curso no Rio, todo dia relatam que pessoas baleadas seguem em ''estado estável''.

Mas calam sobre situação não grave, grave ou muito grave.

Nenhum aflito pergunta antes ''está estável?'', e sim ''é grave?''.

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