Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : junho 2015

Tristes tempos: mais duas livrarias dão adeus no Rio; prefiro livro a Jogos
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Mário Magalhães

blog - livraria solário

Livraria Solário, na rua da Carioca, só funcionará até 31 de julho

blog - rua da carioca

Lojas fechadas na rua da Carioca; faixa: “Crime consumado contra o centro histórico”

 

O que está ruim pode ficar péssimo.

Depois de a Livraria Leonardo da Vinci, a Livraria Saraiva (loja do Village Mall) e a Livraria Horus anunciarem a iminência do fechamento no Rio (leia aqui), outras duas casas do ramo dão adeus: a Livraria Nobel do shopping Via Parque, na Barra da Tijuca, e a Livraria Solário, na tradicionalíssima rua da Carioca.

Para arautos da soberania do “mercado”, tudo é questão somente de lei de oferta e procura, modelo de negócios, valorização imobiliária e impacto da recessão no mundo dos livros.

Mas o que ocorre constitui, sobretudo, uma tragédia cultural.

A perda de livrarias torna o Rio pior e ensombrece nossas almas.

Eu soube da despedida da Nobel pela coluna do Ancelmo Gois. Liguei para o Via Parque e informaram que a livraria já não está mais em funcionamento.

Quem contou sobre a Solário foi a Cleo Guimarães, na coluna Gente Boa. Passei na livraria de quase duas décadas de bons serviços e disseram que as portas só estão abertas até o dia 31 do mês que vem, quando entregarão o ponto.

Para quem? Para o dono do imóvel, o Opportunity (ou um fundo de investimentos administrado pelo banco).

Desde que uma congregação franciscana vendeu há uns três anos 18 casarões da rua da Carioca para o Opportunity, mais de dez lojas já fecharam (nem todas do banco). Os comerciantes não têm como pagar os aluguéis que dispararam.

“Crime consumado contra o centro histórico”, denuncia uma faixa lá afixada.

Enquanto essa desgraça cultural e histórica se consuma, na rua da Carioca e em toda a cidade, a prefeitura finge que nada vê.

Se fosse para escolher _não é_, sou mais um Rio de livrarias do que de Olimpíada.

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No banco, Serra aquece para 2018; mas só ele sabe que é ‘arma secreta’
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Mário Magalhães

O senador José Serra: no jogo de 2018 – Foto Sérgio Lima/Folhapress

 

Ingênuo como costumo ser, em outubro perguntei a um colega e amigo de Brasília se o senador José Serra tinha aposentado a ambição de se tornar presidente.

O colega, que sabe muito de política, reagiu com uma gargalhada visceral, que dispensou maiores explicações.

Serra desistir do Planalto seria algo como o Pará, lateral do Flamengo, acertar os cruzamentos ou o Dunga entender que a maioria torce a favor dele, e não contra.

Pensei no Serra outro dia, quando não o vi na caravana de senadores que foram à Venezuela protestar contra o governo local e, ao primeiro obstáculo, tiraram o time de campo.

O candidato duas vezes derrotado à Presidência não fraquejaria, suponho, tão facilmente.

Mas não é isso o mais significativo, e sim sua ausência em Caracas: Serra não tem se arriscado em bolas divididas como a fanfarronice no estrangeiro e a aventura do impeachment de Dilma Rousseff.

Distancia-se, ao menos nas aparências, da direita mais primitiva que o influenciou demais em 2010, num erro que pode ter sido decisivo na derrota para Dilma _em vez de disputar o eleitorado de centro-esquerda com a petista, isolou-se.

No noticiário, aparece nas atividades do Congresso e no debate sobre redução da maioridade penal, exploração do pré-sal e outras pautas relevantes.

Concorde-se ou não com suas opiniões, é inegável que Serra se oferece para o jogo. O jogo de 2018.

Para concorrer à sucessão de Dilma, teria de superar os favoritos para representar a legenda do PSDB: o senador Aécio Neves e o governador Geraldo Alckmin.

Uma concorrência fratricida entre os postulantes mais cotados poderia, eis a aposta de Serra, fortalecê-lo como nome de consenso.

O problema é lograr consenso em torno do senador paulista, desgastado nas desinteligências tucanas dos últimos anos.

No banco, ele aquece. É como se fosse uma arma secreta.

Mas só ele sabe disso.

Serra lembra um amigão da minha adolescência, o magrão Lucas, do time de basquete da escola.

Ele era reserva e nunca entrava. Brincalhão, justificava: “Sou uma arma secreta, mas tão secreta, que nem o técnico sabe disso”.

Por enquanto, Serra, 73, é o magrão Lucas de 2018. Por enquanto.

No mais, três anos são muito tempo para surgir um candidato-surpresa _o juiz Sérgio Moro?_ que se beneficie da enorme frustração com “tudo o que está aí” e que deixe Serra, Aécio e Alckmin em lugar secundário na oposição.

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Chile: deleite e aflição; Sánchez brilha; Medel parece boneco Disney Gogo’s
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Mário Magalhães

Vidal joga mais, porém Alexis Sánchez é o melhor chileno na Copa América - Foto Carlos Succo/EFE

Vidal joga mais, porém Alexis Sánchez é o melhor chileno na Copa América – Foto Carlos Succo/EFE

 

A vitória do Chile sobre o Uruguai, 1 a 0, gol de Isla perto do fim, premiou o time que quis atacar, e não somente se defender apostando em miseráveis contra-ataques.

De cada cinco minutos de bola rolando, em quatro os chilenos a mantiveram no pé.

O Uruguai teve dois expulsos por Sandro Meira Ricci. Lances controversos, é verdade. O brasileiro, em má fase, desta vez acertou.

A seleção chilena pegará na semifinal o vencedor de Peru versus Bolívia. Se não der zebra, os donos da casa estarão na decisão.

Do meio para a frente, a equipe é um deleite para quem gosta de futebol vistoso, a única que entusiasmou até agora na Copa América.

São cinco boleiros íntimos da pelota: Vidal, Sánchez, Valdivia, Aránguiz e Vargas.

O melhor, com folga, é Vidal. Mas Alexis Sánchez tem jogado mais.

Do meio para trás, contudo, sobra aflição.

A começar pelo goleiro Bravo, que não tem demonstrado a segurança da temporada soberba pelo Barcelona, no Campeonato Espanhol.

A síntese da fragilidade é o xerife ser Gary Medel, um zagueiro baixote demais para a posição.

Medel parece um desses bonequinhos Disney Gogo’s que viraram onda entre a garotada: pequeno, troncudinho e popular.

Os torcedores o idolatram. Mas que a defesa comandada por ele é fraca, isto é.

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Anderson Olivieri lança o livro ‘2003: O ano do Cruzeiro’; 6ª-feira, em BH
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Mário Magalhães

blog - livro cruzeiro 2003

 

Como não esquecem os cruzeirenses e muitos, eu bem sei, não cruzeirenses, os caras se encheram de títulos em 2003.

Ganharam o Campeonato Mineiro, o Campeonato Brasileiro, a Copa do Brasil.

Foram tantas faixas a encobri-los que, como diria um gaudério, mais pareciam múmia.

A história daquele tempo glorioso é contada no livro “2003: O ano do Cruzeiro – Diário da Tríplice Coroa” (Editora Agência Número 1).

Em sua obra, o jornalista Anderson Olivieri reconstitui momento a momento as conquistas do seu clube de coração, dos prolegômenos aos finalmentes.

O lançamento em Belo Horizonte será nesta sexta-feira, 26 de junho, a partir das 18h.

No Bhar Savassi (rua Sergipe, 1211, Savassi).

Com uma presença ilustre, o craque Alex, protagonista daquelas façanhas e hoje comentarista.

Quer saber mais sobre “2003: O ano do Cruzeiro”?

É só ler o release do livro, reproduzido abaixo.

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*

Brilhante, irretocável, apoteótico, perfeito. São muitas as formas de definir o ano de 2003 na história do Cruzeiro Esporte Clube. Assim como são muitos os feitos reluzentes que ainda embalam o orgulho cruzeirense de ter visto Alex, Deivid, Aristizábal e cia. darem aula ao Brasil de futebol-arte. Afinal, quem não se lembra do gol de letra do camisa 10 no Maracanã, em plena final da Copa do Brasil? Ou do gol de Deivid, o da virada, no clássico contra o rival, pelo Mineiro? E da cavadinha do atacante colombiano no pênalti cobrado contra o Santos, naquele jogo que sentenciaram à época como “final antecipada do Brasileiro”? Ah, é claro que o cruzeirense se recorda…

Mas um ano perfeito, tríplice coroado, não se faz apenas de acontecimentos inesquecíveis e eternos como esses. Há, em cada um dos 365 dias, uma história a ser contada; um fato a ser revelado; uma proeza a ser propagada. E foi com a finalidade de esmiuçar 2003 em sua essência que Anderson Olivieri – autor também de “Anos 90: Um campeão chamado Cruzeiro” e “20 Jogos eternos do Cruzeiro” – escreveu este “2003: O ano do Cruzeiro”. Assim, passeando pelo dia a dia daquele ano azul que terminou com estrela amarela no peito, o leitor encontrará, nas 224 páginas desta obra, todos os detalhes que fizeram de 2003 o ano da Raposa.

A pré-temporada em Araxá; o amistoso humanitário em prol dos desabrigados pelas fortes chuvas de janeiro; os efeitos do início da guerra do Iraque na montagem do elenco; a viagem à paupérrima Caicó, no interior potiguar, para partida da Copa do Brasil; a presença de todos os funcionários da Toca da Raposa na delegação que foi ao Rio para a final contra o Flamengo… São várias as histórias de bastidores narradas com a mesma emoção dos grandes eventos, como as conquistas invictas do Mineiro e da Copa do Brasil e o triunfo retumbante no Brasileirão.

Não bastando a riqueza de conteúdo, a obra conta ainda com texto de orelha de Alex, a estrela-maior daquela constelação de time; prefácio de Mauro Beting, um dos mais renomados jornalistas esportivos do Brasil; e, na contracapa, declarações exclusivas de Tostão, Fernando Calazans, Cláudio Arreguy e Henrique Portugal, cruzeirense integrante da banda Skank. Enfim, “2003: O ano do Cruzeiro” é um livro imprescindível para quem quer conhecer literalmente o dia a dia do ano em que a imagem do Cruzeiro resplandeceu.


No tempo da indelicadeza: após 2 anos de espera, Dilma dá cano em Suplicy
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Mário Magalhães

O ex-senador e secretário de Direitos Humanos da Prefeitura de São Paulo, Eduardo Suplicy

Eduardo Suplicy: dois anos esperando e 19 cartas para Dilma – Foto Bruno Poletti/Folhapress

 

Faz dois anos que Eduardo Suplicy pede uma reunião com Dilma Rousseff. Três vezes, pediu pessoalmente. Dezenove, por carta.

Qual a obsessão do ex-senador? Todo mundo sabe: distribuir renda num país de desigualdade sádica.

Ontem, depois de ele viajar a Brasília, a presidente desmarcou em cima da hora.

Para saber mais da história, basta clicar aqui.

Ninguém precisa admirar e concordar com Suplicy, atual secretário municipal de Direitos Humanos em São Paulo.

Mas ele é um cidadão respeitável.

Foi indelicadeza da presidente, e muita.

Parece também maldade.

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No tempo da delicadeza: Carlinhos (1937-2015)
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Mário Magalhães

Na despedida do craque Carlinhos, o garoto Zico herdou suas chuteiras – Foto reprodução

 

Morreu o Carlinhos, aos 77 anos.

Não o vi jogar.

Estreei no Maracanã em 1971, assistindo ao Flamengo perder para o Corinthians, 1 a 3, gol rubro-negro do Fio.

No ano anterior, na despedida do Carlinhos jogador, quem herdou suas chuteiras no rito de passagem, craque para craque, foi o moleque Zico.

Dizem que a categoria do Carlinhos era tamanha, como solista e maestro no meio-campo, que foi pelos seus passes precisos como notas limpas que ele mereceu a alcunha de Violino.

Conheci-o mais tarde, o técnico vitorioso dos títulos nacionais de 1987 e 1992, sempre pelo Flamengo.

Sabe esses surtos de treinador à beira do campo, broncas guturais? Nunca o vi encenar tal número de canastrão.

Falava baixinho, ao pé do ouvido dos jogadores. Cortesia e elegância combinadas com o sucesso.

Essa delicadeza agora joga na eternidade, onde violino e bola se confundem numa só arte.

Valeu, Carlinhos!

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Lula sabe que jacaré parado vira bolsa de madame
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Mário Magalhães

Dilma e Lula se abraçam após a reeleição da presidente

Sem olho no olho, em seguida à reeleição – Foto Eraldo Peres/AP

 

O noticiário rebimbou o Datafolha indicando que o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva recolheria 25% dos sufrágios para o Planalto se a eleição fosse hoje. Perderia, no turno inaugural, para o senador Aécio Neves, com 35%. A ex-ministra Marina Silva alcançaria 18%.

Como a intenção de voto em Lula vem caindo, castigada pela impopularidade da presidente Dilma Rousseff e seu governo, manchetou-se a queda da simpatia pelo possível candidato em 2018.

O que me chama mais a atenção não é isso. E sim o imenso capital político de quem _em meio à mais grave crise dos governos federais petistas, à economia definhando, a escândalos infindos, ao esvaziamento crescente do PT e a um bombardeio ensurdecedor_ conserva a preferência de um em cada quatro brasileiros.

Ame-se, odeie-se ou prefira-se uma opinião intermediária sobre Lula, é difícil não reconhecer sua força, ainda que padecendo de anemia.

É esse patrimônio que faz com que o ex-presidente seja o principal alvo da oposição. Dilma ostentou essa condição enquanto a onda do impeachment não havia sido rebaixada a marola. Hoje ataca-se a presidente para, sobretudo, enfraquecer as chances de Lula daqui a três anos.

Tal patrimônio também faz com que os partidários de Lula e Dilma enxerguem nele, e não nela, a oportunidade de um dia sair do atoleiro.

Os 25% pró-Lula são mais expressivos porque a aprovação popular a Dilma despencou para humilhantes 10%. E até a correia da bicicleta da presidente sabe que ela está onde está graças a Lula.

Como a crise do país ameaça a pretensão do petista de triunfar em 2018, ele entrou em campo. Primeiro, vazaram _ou foram vazadas_ suas críticas a Dilma, ao governo e ao PT, expostas numa reunião com militantes vinculados à Igreja. Ontem, Lula soltou novamente o verbo, ao lado do ex-primeiro-ministro espanhol Felipe González.

Lula sabe que jacaré parado vira bolsa de madame. Conhecidíssimo pelo eleitorado, teria sido melhor para ele retardar ao máximo o retorno ao centro do palco.

Diante do cenário adverso, considerou que era necessário antecipar o regresso, mesmo com o risco de desgaste de imagem com segmentos que não o rejeitam.

A favor de Lula, sua administração logrou inegáveis avanços sociais para a maioria dos cidadãos, a despeito de esquemas como o mensalão e a generosidade obscena com concentradores de renda como os banqueiros.

O segundo governo Dilma ameaça aquelas conquistas. E a presidente não parece disposta a seguir os conselhos do padrinho.

Na próxima quadra, ninguém apanhará tanto quanto Lula, podem apostar.

É ele que querem nocautear.

Se isso é bom ou mau para o Brasil, vai da cabeça de cada um.

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Discurso de Lula é de arrependimento por ter apadrinhado Dilma na sucessão
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Mário Magalhães

Dilma e Lula na posse da presidente em 2011; ela supera seu antecessor em pesquisa para 2014

Dilma, ao assumir a faixa que havia sido de Lula – Foto Jorge Araújo/Folhapress

 

Em seguida à conquista do segundo mandato presidencial por Dilma Rousseff, sobrepujando Aécio Neves no voto, o blog publicou um post intitulado “Dilma venceu com discurso à esquerda; virada à direita seria estelionato”.

Os meses se passaram, e o que ocorreu foi isso mesmo, danem-se os eufemismos, estelionato eleitoral. A presidente deu uma guinada a estibordo, sacrificando ainda mais quem sempre foi sacrificado. Isto é, os brasileiros mais pobres.

Até anteontem, tal constatação era alvo de pitis de bajuladores de Dilma, feito o Neymar contra a Colômbia. Pode continuar a ser, mas agora o constrangimento dos aduladores é ter de confrontar o padrinho da escalada da mineira-gaúcha ao Planalto.

O ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva afirmou, de acordo com as repórteres Tatiana Farah e Julianna Granjeia:

“Tem uma frase da companheira Dilma que é sagrada: ‘Eu não mexo no direito dos trabalhadores nem que a vaca tussa’. E mexeu. Tem outra frase, Gilberto [Carvalho, ex-ministro, escanteado por Dilma], que é marcante, que é a frase que diz o seguinte: ‘Eu não vou fazer ajuste, ajuste é coisa de tucano’. E fez. E os tucanos sabiamente colocaram Dilma falando isso (no programa de TV do partido) e dizendo que ela mente. Era uma coisa muito forte. E fiquei muito preocupado”.

As declarações foram feitas em reunião de Lula com militantes sociais vinculados à Igreja. A profusão de aspas na reportagem [leia aqui] publicada sábado pelo jornal “O Globo” sugere que houve transcrição de gravação.

O ex-presidente disse mais: “Dilma está no volume morto, o PT está abaixo do volume morto, e eu estou no volume morto. Todos estão numa situação muito ruim. E olha que o PT ainda é o melhor partido. Estamos perdendo para nós mesmos”.

São as observações tornadas públicas mais contundentes de quem escolheu Dilma para a sucessão. A presidente foi eleita com legitimidade duas vezes. Mas só se tornou postulante do PT e candidata vitoriosa porque Lula a apadrinhou. O mesmo Lula que não passa um só dia sem se queixar de que a correligionária não tem o hábito de consultá-lo.

Diante da política suicida da presidente, a paciência acabou: “Gilberto sabe do sacrifício que é a gente pedir para a companheira Dilma viajar e falar. Porque na hora que a gente abraça, pega na mão, é outra coisa. Política é isso, o olhar no olho, o passar a mão na cabeça, o beijo”.

Até o mais submisso colaborador de Dilma Rousseff sabe que havia outros partidários de Lula com mais lastro político do que a antiga ministra.

Dois militantes históricos que ambicionavam a Presidência, Antônio Palocci e José Dirceu, foram engolidos por escândalos.

O mensalão tisniu outras biografias de petistas.

Lula confiava no que considerava talento administrativo da ex-militante do PDT.

Analistas tarimbados e quadros próximos a Lula sugerem que a escolha da atual presidente decorreu da suposição de que ela governaria sob profunda influência do antecessor. Se de fato houve essa ilusão, Lula enganou-se.

O tom do seu discurso é o de quem se arrependeu por ter patrocinado Dilma, em 2010, e não outro nome da situação.

Qualquer balanço sincero reconhece que a vida da maioria dos cidadãos melhorou nos anos Lula-Dilma.

O que a presidente faz no segundo mandato, punindo os mais humildes e preservando os mais ricos, é colocar em risco progressos recentes.

Corrijo: colocar em risco, não. A retirada de conquistas e direitos dos trabalhadores está em curso, no governo Dilma Reloaded, e o arrocho parece estar só começando.

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Com demonização de Neymar, algum maluco ainda proporá seleção sem ele
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Mário Magalhães

Sem Neymar, o Brasil venceu a Venezuela por 2 a 1, classificou-se em primeiro lugar no seu grupo da Copa América e enfrentará como favorito o Paraguai nas quartas-de-final.

Jogou bem contra, perdão pela sinceridade, um timeco. No final, demos mole e levamos sustos.

Nenhum dos jogadores venezuelanos teria lugar na nossa seleção. Existe um abismo técnico entre os elencos de um país do futebol e de um país do beisebol.

Thiago Silva e Firmino anotaram dois gols, e Miku diminuiu.

O triunfo brasileiro trouxe outra vantagem: no terceiro posto do grupo, a Colômbia pegará a Argentina nas quartas. Os argentinos terão o adversário em tese mais duro pela frente.

De toda a primeira fase, só o Chile, com sua exuberância ofensiva, seduziu. Mas atrás a equipe da casa vive a se enrolar.

A ciclotimia que caracteriza a torcida e a crônica esportiva no Brasil talvez faça com que algum maluco venha a propor que Neymar saia de vez da seleção. Se não houver mudança no tribunal, o atacante está fora do torneio, devido ao gancho de quatro partidas.

Neymar foi demonizado nos últimos dias. Fez uma grande temporada, no Barcelona e nos amistosos com a seleção.

E jogou demais na estreia na Copa América, gol e passe para gol nos 2 a 1 sobre o Peru.

Chegaram a escrever que há muito o Neymar está devendo na seleção. Mas só citaram a jornada despirocada contra a Colômbia.

Porque quase sempre ele joga bem.

Na transmissão de hoje da Globo, Galvão Bueno enchia o peito para falar em “futebol coletivo”.

Como se Neymar conspirasse contra o coletivo.

Reitero: com uma geração limitada, Neymar é salvação, e não problema.

Sua demonização é típica de almas volúveis que trocam num segundo o amor pelo ódio e o ódio pelo amor.

Sem Neymar, somos mais fracos.

Não se deve passar a mão em sua cabeça, relativizando os vacilos.

Mas houve um massacre quase covarde contra o craque.

Sem nenhum timaço até agora, a Copa América é uma conquista possível. Porém, o mais previsível é a derrota em algum momento decisivo.

Tomara que o possível se sobreponha ao previsível.

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