Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : agosto 2014

O ritual da despedida e a dor do luto como matéria-prima literária
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Mário Magalhães

blog - leila guerriero era uma vez o fim

Ilustração de Fernando Vicente – Reprodução do jornal “El País”

 

Um soco no estômago, um chute nos ovos, um punch na alma _ilustremos com a imagem a gosto, é disso que trata um soberbo ensaio-reportagem publicado na edição mais recente do “Babelia”, suplemento literário semanal do diário espanhol “El País”.

A jornalista e escritora argentina Leila Guerriero, um fulgor de talento, inventariou novos e antigos livros em que os autores narram suas vidas com pessoas que amavam. Iluminam _ou ensombrecem_ sobretudo a reta final de quem partiu.

São reminiscências de quem transformou o ritual da despedida em matéria-prima de literatura, a dor do luto em arte.

O mergulho de Leila na prosa composta de cacos da memória e do coração se intitula “Era uma vez o fim”.

Pena, mas não o encontrei traduzido na Edição Brasil do “El País”.

Com vocês, Leila Guerriero:

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Érase una vez el fin

Escritos dos meses después, o dos años más tarde, o al pie de la cama donde yace la carne querida. Amparados en la piedad de las elipsis, o repletos de detalles drenados al recuerdo. Bajo la forma de diarios, de epístolas, de canciones de cuna con ardiente error de paralaje. Erizados de esquirlas de un incendio que no cesa. Hijos de un género al que nadie querría dedicarse. Libros. Libros que cuentan el fin (la muerte del padre, el tormento del hijo, la agonía tapizada de metotrexato) y que, para contar el fin, deben empezar por el principio. Y, para empezar por el principio, hay que recordar.

Y recordar duele.

“Tu hijo ha muerto y debes empacar una maleta para viajar hasta donde te espera su cadáver. Y lo haces. Alguien te ayuda, dice un pantalón negro, dice es mejor meter los zapatos en una bolsa”, escribe la colombiana Piedad Bonnett en Lo que no tiene nombre (Alfaguara).

“Me sigo preguntando cómo se escribe eso”, dice Piedad Bonnett desde su casa en Bogotá. “Por momentos me digo: ‘¿Qué ser humano soy yo, que soy capaz de eso?’. Cuando tuve la idea de escribir este libro me escandalicé, me aterroricé. ¿Cómo puede ser que a los dos meses de la muerte de Dani yo estuviera pensando en escribir esto?”.

Lo que no tiene nombre empieza con una escena inocente: Bonnett, sus hijas y su marido entran a un departamento en el que parecen haber estado antes. En la segunda página, Bonnett escribe: “Me pregunto qué sucedió aquí en los últimos veinte minutos de vida de Daniel”. Dos párrafos después, una pareja de vecinos pregunta si son parientes del estudiante que se mató ayer. Y así, de una manera lateral, el lector entiende que la autora está en el departamento de su hijo, y que su hijo se ha suicidado. Más adelante, Bonnett describe la conversación con una funcionaria que chequea datos para proceder a la donación de los órganos:

—La piel de la espalda.

—Sí.

—Los huesos de las piernas.

—Sí.

“Y Daniel, mi hijo entrañable, el muchacho de labios carnosos y piel bronceada, se fue deshaciendo con cada palabra mía”.

“Lloré muchas veces mientras escribía esa escena. Y dudé: ¿debo escribir esto? Pero yo creo que la vida es física, y era tan contundente ese despedazamiento. Mientras escribía, tuve que tomar miles de pequeñas decisiones narrativas, y esa fue mi salvación”.

Para ler a íntegra, basta clicar aqui.


Retrato da campanha: Dilma anda com Lula; Aécio, com Zé Agripino
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Mário Magalhães

Não é o caso de opinar sobre o que pensam ou não pensam, representam ou não representam e fizeram ou deixaram de fazer pelo Brasil o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) e o senador José Agripino Maia (DEM-RN).

Apenas aponto um retrato da disputa pelo Planalto que evidencia a diferença até agora entre as campanhas da petista Dilma Rousseff e do tucano Aécio Neves.

O “Jornal Nacional” de ontem mostrou os dois em campanha no Nordeste.

Salvo engano, o “JN” tem mais audiência que o horário noturno de propaganda eleitoral na TV.

O telejornal exibiu para milhões de eleitores Dilma, em Pernambuco, acompanhada do correligionário Lula (veja aqui).

E Aécio, no Rio Grande do Norte, em companhia do aliado Zé Agripino (aqui).

Isso mesmo: a candidata com Lula, o candidato com Zé Agripino.

Entre outras mensagens, os concorrentes sugerem o que aparenta ser, embora não seja, ambição distinta das duas campanhas.

Sim, eu sei que Lula é pernambucano e Agripino, potiguar, e é compreensível que visitassem seus Estados.

Também não ignoro ser arriscado levar Dilma para uma evento em que ela precisa dar explicações, defender-se pelo atraso nas obras de transposição do São Francisco. Mas quem disse que a intenção de seus marqueteiros não foi aproveitar o “JN” para dar repercussão aos argumentos da presidente?

Em suma, a considerar os parceiros, ontem foi Lula contra Zé Agripino.

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Assista: Collor leva à TV Gleisi Hoffmann dizendo ‘tempo é senhor da razão’
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Mário Magalhães

Não sei se o tempo é senhor da razão, mas que apronta cada uma, apronta.

Em seu primeiro programa no horário eleitoral da TV, o senador Fernando Collor de Mello (PTB-AL) exibiu um discurso da senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR), simpático a ele, dizendo na tribuna do Senado que “o tempo é sempre senhor da razão” (assista clicando na imagem acima ou aqui).

“O tempo é senhor da razão” era um dos motes da defesa do então presidente Collor em 1992, às vésperas de ser afastado do cargo por impeachment.

O principal partido a impulsionar as investigações sobre falcatruas na administração de Collor e seu tesoureiro de campanha, o famigerado Paulo César Farias, foi o PT.

Nenhuma agremiação mobilizou tanta gente nas ruas como o PT, pedindo a cabeça de Collor.

A propaganda televisiva do atual senador, candidato à reeleição, concentrou os mais de quatro minutos na defesa de sua inocência das acusações de corrupção e outros crimes na passagem pelo Planalto. Mencionou absolvição pelo Supremo Tribunal Federal em abril de 2014, sem informar que dois dos crimes estavam prescritos devido à lerdeza da Justiça. Também calou sobre a inépcia do Ministério Público (saiba mais clicando aqui).

Collor dizer que é homem público de bem não constitui novidade. O novo é que na TV ele pode mostrar prócer petista acarinhando a alma do antigo adversário.

Gleisi Hoffmann, ex-ministra a agora concorrente ao governo do Paraná, não gravou depoimento para Collor levar à televisão. Não precisava. Ele já tinha o suficiente, registrado no Senado.

Ela aparenta afirmar que “o tempo é sempre senhor da razão” repetindo frase dita antes por Collor no plenário.

Antes de o apoio de Gleisi ser exibido aos alagoanos, o locutor fala: “A força da verdade trouxe também a solidariedade”.

Vai ver o tempo não é senhor da razão, e sim da desrazão.

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Quando o futebol derrota a intolerância: na 1ª Guerra, o ‘jogo da trégua’
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Mário Magalhães

Tropas na 1ª Guerra – Foto Corbis/The Guardian

 

Por Alex Sabino, na “Folha”:

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Ingleses e alemães recriam ‘jogo da trégua’ da 1ª Guerra

Durante décadas, a existência do “jogo da trégua” foi colocada em dúvida. A história era boa demais para ser verdade. Tropas inimigas interrompem todas as hostilidades da guerra para disputar uma partida no meio do campo de batalha?

Como uma bola de futebol apareceu por ali?

Parecia roteiro de filme. Não havia prova concreta de que havia acontecido realmente. Até que Francis Towndrow, historiador do Newark Town FC, clube amador da Inglaterra, passou a recolher depoimentos e documentos.

Conseguiu provar que a partida ocorreu e que a bola foi oferecida por um soldado britânico, William Setchfield.

No próximo domingo (24), o Newark Town FC enfrenta o Emmendingen 03 FC, equipe amadora alemã, na Bélgica, na mesma região onde aconteceu o amistoso no Natal de 1914. O jogo faz parte da lembrança dos 100 anos do início da 1ª Guerra Mundial (1914-1918). Calcula-se que cerca de nove milhões de combatentes foram mortos no conflito.

“Francis descobriu esta informação de que um soldado de Newark presenciou a partida e a contou a familiares por carta”, afirma à Folha o presidente do Newark Town, Paul Baggaley.

Não há todos os detalhes do que aconteceu. Há relatos de que os alemães venceram por 3 a 2. Outras cartas de soldados dizem que mais de 100 pessoas participaram da confraternização e que ninguém contou os gols.

Para ler a íntegra da reportagem, basta clicar aqui.


Quando a intolerância castiga o futebol: ‘O clube mais racista que já vi’
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Mário Magalhães

Crianças brincam em trecho do muro que separa a Cisjordânia de Israel

‘Crianças brincam em trecho do muro que separa a Cisjordânia de Israel’ – Foto Ahmad Gharabli/AFP

 

Por Guilherme Seto, na “Folha”:

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No esporte, palestinos conseguem exercer pressão sobre Israel, diz jornalista britânico

Apelidado de “Indiana Jones” do jornalismo esportivo, James Montague, 35, conhece bem o futebol nas zonas de tensão. Para escrever seu livro “When Friday Comes”, publicado em edição expandida em 2013, o jornalista britânico que escreve para o jornal norte-americano “The New York Times” viajou por sete anos pelos países do Oriente Médio, buscando conhecer de perto a importância do futebol para as pessoas da região.

Para seu novo livro, “Thirty-One Nil”, lançado há poucos meses, ele acompanhou seleções de pouca expressão que buscavam vagas na Copa de 2014, como Tadjiquistão e Samoa Americana (cuja derrota por 31 a 0 para a Austrália serve de inspiração para o título do livro).

Em entrevista à Folha, Montague comenta o lugar do futebol no conflito entre Israel e Palestina, as dificuldades vividas pelos atletas da região e sua experiência no Brasil nos protestos de 2013.

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Folha – Para escrever seu livro “When Friday Comes”, você viajou por sete anos pelo Oriente Médio conhecendo o futebol local, passando por Israel e Palestina. O que você viu lá?

James Montague – Os dois lugares me marcaram de maneiras diferentes. De certa forma, a viagem para Israel em 2006 foi a primeira vez em que estive em uma zona de guerra. Você aprende rapidamente que Israel é um lugar bem mais nuançado do que as pessoas pensam. Há muitas divisões sociais: israelenses judeus e árabes, judeus mizharim e asquenazes, ortodoxos e seculares. E o futebol é um dos poucos lugares em que essa complexidade aparece. O time Beitar Jerusalém nunca sairá da minha memória. Ele nunca teve um jogador árabe, é o clube mais racista que já vi.

E há também o Bnei Sakhnin, um time misto de uma cidade árabe. Quando esses times se enfrentavam, uau…

Gaza foi horripilante. Conversando, você percebe que toda família já teve algum membro da família assassinado, mutilado ou preso. Você sentia que não havia chances de paz com os israelenses, e agora ela parece ainda mais longe.

Para ler a íntegra da entrevista, basta clicar aqui.


Chapa Aezão dá as caras com Aécio e Pezão no programa de Cesar Maia na TV
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Mário Magalhães

No Estado do Rio, o governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), que busca renovar o mandato, jura fidelidade à presidente Dilma Rousseff (PT), também postulante à reeleição.

Mas segmentos expressivos do PMDB fluminense apoiam o candidato presidencial Aécio Neves (PSDB), numa chapa informal apelidada como Aezão.

No primeiro dia de propaganda na TV dos concorrentes ao Senado, nesta quarta-feira, o Aezão deu as caras. Foi no horário de Cesar Maia (DEM), mais de quatro minutos de exibição. O programa noturno pode ser assistido clicando na imagem acima ou aqui.

Pezão apareceu com César e proclamou: “Você é o meu senador. Todo mundo que votar comigo vai ter que votar com você”.

Noutra sequência, Aécio disse: “Eu precisarei muito, Cesar, da sua presença no Senado Federal. (…) Vamos vencer juntos”.

Pezão e seu padrinho Sérgio Cabral passaram os últimos anos às turras com César Maia, mas se reconciliaram na coligação de 2014.

Apostam no mote da experiência para o ex-prefeito superar o deputado ex-boleiro Romário (PSB), tido como favorito, mas com menos tempo na TV. “Nós não podemos brincar no Senado Federal”, pregou Pezão ontem à noite. O slogan de Cesar é “Um senador não se faz da noite para o dia”.

Mais do que Romário, o grande problema de Cesar Maia é com a Justiça. O Tribunal Regional Eleitoral vetou sua candidatura, com base na Lei da Ficha Limpa. A campanha prossegue até o recurso ser apreciado em Brasília (leia aqui sobre o caso). Se o Tribunal Superior Eleitoral referendar a decisão do TRE-RJ, Cesar não poderá concorrer.

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Rio: o extraordinário Xico Sá lança ‘O livro das mulheres extraordinárias’
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Mário Magalhães

blog - vaale

 

Xico Sá, velho companheiro não cansado de guerra, lança nesta quinta-feira no Rio seu novo livro…, “O livro das mulheres extraordinárias”, edição Três Estrelas.

A partir das 18h30, na Livraria Argumento.

Na obra, como indica o título, Xico escreve sobre mulheres. 127 mulheres. E que mulheres!

Para saber mais sobre o livro, basta clicar aqui e ler a reportagem do colega Roberto de Oliveira, na “Folha”.

Até amanhã!

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Crivella vincula falha de aviões a funcionários de fabricante maconheiros
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Mário Magalhães

No debate promovido pela Band entre candidatos ao governo do Rio, das dez horas da noite de ontem aos 26 minutos da madrugada de hoje, o inusitado foi que o postulante tido como favorito por muitos analistas, Luiz Fernando Pezão (PMDB), expressou-se com mais dificuldade. E o azarão entre os cinco participantes, Tarcísio Motta (PSOL), revelou-se um azougue da oratória, o que mais claramente apresentou ideias _sem que isso implique juízo de valor sobre as propostas suas, de Pezão, Anthony Garotinho (PR), Marcelo Crivella (PRB) e Lindberg Farias (PT).

Sem querer, Motta serviu de escada para o momento mais nonsense da noite. Ao responder a uma pergunta sobre descriminalização da maconha, o professor do Colégio Pedro II se disse favorável. Em seguida, Crivella divergiu. O senador afirmou:

“Os países que adotaram isso retrocederam. A Holanda, por exemplo, teve empresas fechadas porque seus funcionários estavam usando drogas, como a Fokker, por exemplo, e os aviões começaram a ter problemas, inclusive no Brasil”.

Para assistir ao vídeo, basta clicar aqui.

A fabricante de aviões Fokker foi fechada na década de 1990, por problemas principalmente de gestão.

Em 1996, um desastre com um Fokker 100 da TAM causou a morte de 99 pessoas.

Mas o alegado vínculo de acidentes aéreos com operários sob o efeito de drogas não tem lastro nos fatos.

Sobre o debate, que não deve ter maiores consequências eleitorais, foi este o comportamento dos candidatos:

Garotinho: atacou Pezão com virulência, mirando secundariamente em Lindberg.

Pezão: o grande alvo da noite, esquivou-se com relativo sucesso, mas sem brilho.

Crivella: fez o papel de bom moço, não quer brigar com ninguém, mas deu suas estocadas em Garotinho.

Lindberg: fogo em Pezão e algumas faíscas contra Garotinho.

Motta: fustigou todos, dizendo que eram “quatro Cabrais”, referência ao ex-governador Sérgio Cabral.

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Filho de Cabral é único candidato do PMDB à Câmara com duas aparições na TV
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Mário Magalhães

Sérgio Cabral e o filho Marco Antônio, em encontro do PMDB – Foto Zulmair Rocha/UOL

 

Na propaganda eleitoral desta terça-feira no Rio, o único candidato do PMDB à Câmara dos Deputados que apareceu duas vezes jamais ocupou cargo legislativo ou mesmo concorreu em eleições: Marco Antônio Neves Cabral, 23.

O Neves materno é da mesma família do candidato a presidente Aécio Neves (PSDB). Mas o privilégio no programa de televisão, ao menos no exibido à noite, decorre do outro sobrenome _Marco Antônio é filho do ex-governador Sérgio Cabral.

Se o pai tivesse permanecido no governo do Estado, sem ceder o posto ao vice Luiz Fernando Pezão, o estudante de direito não poderia disputar o pleito de 2014, devido ao parentesco.

Agora, não apenas disputa, mas tem a chance de aparecer mais do que outros candidatos do partido. O padrão foi cada um dar o seu recado uma vez, e não duas.

O programa de Marco Antônio Cabral na TV pode ser visto clicando aqui.

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