Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : agosto 2014

Entre os quatro ‘grandes’ do Rio, Garotinho é o único a diminuir rejeição
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Mário Magalhães

Uma das novidades mais expressivas da pesquisa Ibope para governador do Rio divulgada nesta semana foi a queda da rejeição de Anthony Garotinho (PR). Entre os quatro candidatos com mais chances, o deputado foi o único a conseguir esse progresso.

Em julho, 44% dos entrevistados afirmavam que não votariam em Garotinho “de jeito algum”. Agora, são 35%, ainda o maior índice, porém caindo.

A rejeição aos principais adversários de Garotinho aumentou ou oscilou para cima (a margem de erro do levantamento é de três pontos): Luiz Fernando Pezão (PMDB) de 17% para 20%; Marcelo Crivella (PRB) de 15% para 19%; e Lindberg Farias (PT) de 17% para 19%.

Em intenção de voto, o cenário apresentado pelo instituto em 31 julho mostrava empate técnico na liderança entre Garotinho (21%), Crivella (16%) e Pezão (15%). Lindberg tinha 11%.

Em 26 de agosto, o Ibope apontou Garotinho líder com 28%. Em segundo lugar, igualdade entre Pezão, 18%, e Crivella, 16%. Lindberg somou 12%, e Tarcísio Motta (PSOL), oscilou de 1% para 3%.

A robusta rejeição a Garotinho faz com que ele até agora seja o candidato favorito de Pezão, Crivella e Lindberg para o provável segundo turno, embora os comandos das campanhas não manifestem publicamente tal preferência. É impossível saber se o ex-governador terá fôlego para diminuir ainda mais a proporção de eleitores que o descartam.

Houve uma inflexão na campanha de Garotinho, com mais acenos à classe média. E que acenos: reduzir o IPVA dos automóveis para a metade, benefício que hoje ampara empresas de ônibus. E passar a vistoria dos carros, que provoca filas imorais no Detran, de anual para bienal.

Parece ter dado certo: entre os eleitores de nível superior, pior desempenho de Garotinho, ele saltou de 10% para 18%.

Também avançou no povão. Com a proposta-promessa de reintroduzir ou ampliar programas sociais implantados no passado por ele _cheque cidadão, restaurantes populares e outros_, Garotinho agora alcança 41% das preferências de quem cursou até a velha quarta série fundamental _um mês atrás, o índice era de 30%.

Garotinho aparece forte no segundo turno, informa o Ibope. Se a eleição fosse hoje, teria 34% contra 33% de Crivella (empate técnico), e bateria Pezão por 38% a 31% e Lindberg por 37% a 29%.

Embora com menos tempo no horário eleitoral do que Lindberg e muito menos que Pezão, Garotinho tem feito um programa _do ponto de vista da marquetagem_ certeiro, centrado num tema. Assim também são suas participações diárias na cobertura do “RJTV”, da Globo. Nenhum candidato no Rio se aproveita tão bem da televisão como Garotinho (o programa de Romário, concorrente ao Senado, também é muito bem feito).

Nem o noticiário ruim para Garotinho, como a revelação de que policiais da banda podre o apoiam, tem lhe causado danos relevantes. Seu maior problema é a vasta rejeição, sedimentada nos governos dele e da mulher, Rosinha, no Estado do Rio.

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Depois de Marina bombar em pesquisa, Romário leva nome de candidata à TV
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Mário Magalhães

Pela primeira vez, o programa eleitoral do candidato a senador Romário propagandeou quarta-feira na TV o nome de sua correligionária Marina Silva, postulante ao Planalto. Ambos são filiados ao PSB.

O logotipo da chapa Marina-Beto Albuquerque aparece na tela na maior parte do tempo (para assistir, basta clicar na imagem acima ou aqui).

Na véspera do programa, o Ibope revelou Marina com números pujantes na corrida pela Presidência (no Rio, Romário lidera com vantagem de 15 pontos a disputa pelo Senado).

O nome de Marina ainda não havia sido citado nem exibido no programa do deputado federal (saiba mais aqui).

A sigla do PSB e o símbolo do partido continuam fora. Só permaneceram até o segundo dos quatro programas.

Mantém-se o silêncio sobre Lindberg Farias (PT), candidato ao governo do Rio pela coligação integrada pelo PSB.

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Lei da Anistia faz 35 anos hoje; a impunidade dos torturadores persiste
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Mário Magalhães

vale anistia

Plástico da campanha da anistia – Coleção do blogueiro

 

Trinta e cinco anos atrás, no dia 28 de agosto de 1979, o “Diário Oficial da União” publicava a lei nº 6.683, que passaria à história como a Lei da Anistia. Assinaram-na o ditador João Baptista Figueiredo e seus ministros.

De lá para cá, torturadores, assassinos, genocidas e outros autores de crimes contra a humanidade foram punidos mundo afora, da Argentina à Sérvia, do Camboja à Alemanha.

Menos no Brasil.

Aqui, os velhos agentes do Estado que torturaram, mataram e sumiram com corpos de oposicionistas, privando as famílias de oferecerem uma despedida digna aos seus filhos, irmãos, pais e mães, continuam livres por aí.

Vão morrendo aos poucos e deixando a mensagem às futuras gerações: podem barbarizar de novo, porque dá em nada, é crime sem castigo.

A campanha da anistia mobilizou milhares de brasileiros na segunda metade da década de 1970. Exigia anistia ampla, geral e irrestrita aos perseguidos pela ditadura imposta em 1964. Jamais reivindicou a impunidade que a ditadura concedeu a si mesma e aos seus.

O plástico reproduzido acima é memorabilia daquelas jornadas, presente que ganhei de uma alma generosa.

Dez anos atrás, às vésperas do aniversário de um quarto de século da Lei da Anistia, escrevi na “Folha” o artigo republicado abaixo. A ferida segue purulenta.

A propósito, o que pensam sobre o assunto os candidatos à Presidência? Algo novo ou só a velha defesa mal disfarçada da impunidade dos agentes da ditadura?

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Anistia e tortura: uma ferida purulenta

Efemérides são oportunidade para redescobrir o passado e aprender com suas lições. São também armadilha: celebram mitificações, protocolos e lugares-comuns. O calendário de 2004 é gordo: 70 anos da primeira Constituição depois da República Velha, 60 do Dia D, meio século do tiro de Getúlio, quatro décadas do golpe de Estado, duas da Campanha das Diretas, uma da última curva do Senna.

No mês que vem, faz 25 anos a canetada com que o general João Baptista Figueiredo sancionou a Lei da Anistia. Será uma pena se o país desperdiçar a chance de encarar uma ferida purulenta e já longeva: a impunidade dos autores -e responsáveis- de atos de tortura, assassinato e desaparecimento forçado de oposicionistas na ditadura (1964-85).

Um bom começo é a releitura da lei 6.683, de agosto de 1979. Convencionou-se em círculos amplos interpretar que teria ocorrido um perdão de mão dupla: anistiavam-se os punidos por crimes políticos de 1961 a 1979, bem como os agentes do Estado que houvessem cometido violência de toda espécie contra aqueles.

Estes estariam abrigados no chapéu dos “crimes conexos”, assim definidos: “crimes de qualquer natureza relacionados com crimes políticos ou praticados por motivação política”. Nenhum dos 15 artigos, contudo, fala em tortura.

Seria difícil: a anistia beneficiou quem foi condenado ou punido de algum modo. Ignora-se a existência de torturadores processados e castigados na Justiça devido aos flagelos físicos a que submeteram prisioneiros.

A anistia foi concedida individualmente. Não se tem notícia de quem tenha pronunciado seu próprio nome, assumido que amarrou seres humanos no pau-de-arara, seviciou-os com choques elétricos, matou-os a pauladas, sumiu com seus cadáveres, e tenha requerido perdão legal. Não há acusação e punição, inexiste anistia.

Considerar a Lei da Anistia como salvo-conduto aos torturadores poderia sugerir um direito nonsense: o regime que promoveu a barbárie teria a prerrogativa de se auto-anistiar. Estimularia o preceito segundo o qual o autor do crime pode ser também autor do perdão a si mesmo.

Voltar os olhos para o que passou não é exercício de arqueologia política. Ajuda a entender o presente. É difícil acreditar que o emprego disseminado da tortura hoje em dependências policiais não seja herdeiro da impunidade que amparou os torturadores de outrora.

Não basta que a história conte a tortura. É preciso conhecer os algozes e puni-los, como exemplo às gerações. Recorrer ainda ao clichê da “fragilidade da democracia brasileira” para desculpar os torturadores é expediente destinado a eternizar o temor de reabrir feridas. Elas nunca cicatrizaram.

Consagra a hipocrisia o país que proclama ter a anistia zerado o jogo para os torturadores, mas não lhes permite ocupar certos postos da administração pública. Está certo no veto, justamente porque a Lei da Anistia não os anistiou. Nem deveria. Ao mandar os velhos torturadores para a cadeia, a Argentina avisa: nunca mais. Ao deixar para lá os seus, o Brasil dá sinal verde a novas tragédias.

(Mário Magalhães, “Folha de S. Paulo”, 12 de julho de 2004)


Ecos dos protestos de junho de 2013 turbinam Marina
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Mário Magalhães

Ao chegar em casa tarde da noite, em 13 de junho do ano passado, comentei: “Isso tudo vai desaguar na Marina”.

“Isso tudo” era o imenso protesto com mais de 100 mil participantes que percorrera horas antes a avenida Rio Branco, aqui no Rio.

Não arrisquei prognóstico ou análise mais ambiciosa, entre outros motivos porque a conjuntura era nebulosa. Pitaquei: na babel de vozes daquela segunda-feira, o maior alvo havia sido o governador (“Ei, Cabral, vai tomar…”); e a grande novidade, a palavra de ordem “Sem partido, sem partido”.

Como a ex-senadora, ex-ministra de Lula e ex-petista Marina Silva organizava uma nova agremiação, que negava ser mais um partido, o espírito contra tudo e contra todos da manifestação poderia respaldar uma candidatura apresentada como “diferente” na eleição de 2014.

De lá para cá, a Rede Sustentabilidade marineira foi barrada pela Justiça Eleitoral (publiquei o post “Registro da Rede é direito democrático de milhões de eleitores de Marina”). Num lance perspicaz e surpreendente, ela se aliou _e se filiou_ ao PSB e topou concorrer a vice na chapa de Eduardo Campos. Com a morte do ex-governador de Pernambuco, tornou-se candidata presidencial.

Deu na pesquisa divulgada ontem pelo Ibope: Dilma Rousseff (PT) lidera com 34%, seguida por Marina (PSB), 29%, e Aécio Neves (PSDB), 19%. Se o segundo-turno fosse hoje, Marina derrotaria Dilma por acachapantes 45% a 36%.

Marina já amealhara perto de 20% dos sufrágios em 2010. A comoção provocada pela morte do neto de Miguel Arraes contribui para o cenário atual mais promissor. É inegável, contudo, que os ecos de 2013 impulsionam sua campanha. Parte da multidão que foi às ruas e dos milhões que ficaram em casa torcendo pelos manifestantes julga ter encontrado seu candidato.

Junho de 2013 reuniu da extrema-direita à extrema-esquerda. Inexistiu uma agenda comum. Nem mesmo a reivindicação de barrar o aumento das passagens dos transportes públicos foi determinante em numerosas cidades, onde a mobilização eclodiu depois de a Polícia Militar de São Paulo surrar manifestantes. Mas havia um sentimento comum, de “mudança” e de busca do “novo”, por mais difuso que esses valores sejam.

Marina é mesmo o “novo”?

É esse sentimento que Marina Silva pretende encarnar que a transforma hoje em favorita. A questão é se, em outubro, os eleitores continuarão achando que a candidata expressa a “mudança” e o “novo”.

Esse é o conteúdo que está em disputa, e o marqueteiro João Santana, de Dilma Rousseff, sabe bem disso. Antes mesmo da veiculação dos números do Ibope, ele gravou mensagem de Lula que foi ao ar no horário eleitoral noturno desta terça-feira na TV. Sem citar Marina, o ex-presidente sugeriu que sua antiga ministra não constitui o “novo”, que seria representado pela governante há quase quatro anos no cargo.

No debate da Band encerrado na madrugada de hoje, Luciana Genro (PSOL), em seu pior desempenho televisivo em muito tempo, empregou tom semelhante: Marina não é o “novo” autêntico _e na essência programática, afirmou a ex-deputada, se parece demais com Dilma e Aécio.

Agora, o eleitorado quer o “novo”, mas a rigor ignora o que Marina propõe para o Brasil. Para muita gente, ela desfralda a bandeira da mudança, mas não se sabe qual mudança.

Aécio é o candidato preferido do agronegócio. Nos governos Lula e Dilma, a agricultura e a pecuária bateram recordes de produção, recordes de faturamento e recordes de lucro _portanto, o PT no Planalto não foi um adversário do agronegócio.

E Marina? A ambientalista aceitou como seu vice o deputado Beto Albuquerque (PSB), que mantém vínculos com o agronegócio, inclusive o que produz alimentos transgênicos. Isso é o “novo”?

Dilma e Aécio não defendem a mudança da legislação restritiva ao direito de aborto (não se trata de ser contra ou a favor “do aborto”, mas do direito de interromper a gravidez com garantias de saúde). A legislação atrasada todo ano provoca a morte de milhares de brasileiras pobres, que não contam com a rede pública para fazer o que as de classe média para cima fazem em clínicas privadas clandestinas.

Pois Marina também é contra o direito ao aborto. “Novo”?

E o casamento entre pessoas do mesmo sexo? Marina reitera suas restrições. Sem novidades.

E em relação à obscena desigualdade social do Brasil? Entre os principais conselheiros da candidata estão uma banqueira, um empresário de grande porte e um economista com identidades com o PSDB. Tudo legítimo, assim funciona a democracia. Mas é por esse caminho que haverá “mudança” digna do nome no maior drama brasileiro, a desigualdade?

A cura de muitas doenças degenerativas teria mais chances com pesquisa com células-tronco embrionárias. Os testes com essas células podem levar a descobertas que salvem vidas.

Marina? É contra, em virtude de suas convicções religiosas. Qual “novo”?

Aécio Neves olha para trás, anunciando Armínio Fraga como futuro ministro em eventual governo tucano. Nada de “novo”.

Dilma Rousseff dá a entender que manterá a política econômica que não confronta com mais vigor a desigualdade, ainda mais com os recentes aumentos da taxa de juros que transfere bilhões para os ricos. Descarta o “novo”.

A agenda de Marina é sintetizada numa frase pronunciada por ela no debate da Band: “O problema do Brasil não é a sua elite, mas a falta de elite”. Se isso é o “novo”, então tá.

O cenário só seria melhor para Marina se sua ascensão tivesse ocorrido mais em cima da eleição.

Há semanas pela frente para ela ser atacada, e é o que farão agora Dilma e Aécio.

Mas Marina também tem semanas para crescer mais ainda, se a maioria dos brasileiros considerá-la o novo procurado desde junho de 2013.

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Candidatos usam sósia esperto na propaganda ou usaram sósia bronco na Band
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Mário Magalhães

Das duas uma: ou alguns candidatos a presidente têm usado sósias muito inteligentes no horário eleitoral da TV, capazes de discorrer com sabedoria sobre tudo e todos, ou mandaram sósias quase mentecaptos para o debate que a Band promoveu até o começo da madrugada de hoje.

Não podem ser a mesma pessoa.

Será que o TSE vai investigar?

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Na TV, Romário omite nome de Marina e retira menção ao PSB
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Mário Magalhães

Pela primeira vez em três programas da propaganda eleitoral, o deputado federal Romário, candidato a senador pelo PSB do Rio, omitiu sua filiação partidária. Nas duas primeiras inserções, a sigla havia aparecido na tela. Na noite desta segunda-feira, não foi vista. O ex-jogador passou a divulgar somente seu número na urna, 400 (para assistir, basta clicar na imagem acima ou aqui).

Nem mesmo a ascensão de Marina Silva na campanha motivou Romário a mencionar a candidata presidencial do seu partido. O primeiro tempo oficial da TV havia sido dedicado integralmente a homenagear a memória de Eduardo Campos, com a exibição de fotografias dos companheiros postulantes ao Planalto e ao Senado.

Na noite de ontem, também sumiu a referência à coligação Frente Popular (PT-PV-PSB-PC do B), a de Romário. As quatro agremiações se dividem entre três concorrentes à Presidência: Dilma Rousseff (PT), Marina Silva (PSB) e Eduardo Jorge (PV).

Mas o acordo no Estado jamais impediu Romário de promover atividades de campanha só com o correligionário Eduardo Campos (1965-2014) ou de, postumamente, reverenciá-lo na TV. Mesmo atenuando a virulência da pregação anterior, os discursos do deputado permanecem muito críticos ao governo federal (disse que “só louco, com camisa de força”, subiria ao palanque de Dilma). No site de campanha, continua citada a chapa Eduardo-Marina.

É possível que o sumiço do PSB no horário dito gratuito seja motivado pelo interesse de preservar Romário do desgaste dos partidos. Mas é difícil imaginar que, caso se constate uma onda pró-Marina, Romário insista em não se associar à ex-senadora.

Na TV, ele também cala sobre Lindberg Farias (PT), o candidato de sua coligação ao governo do Estado.

Nas pesquisas mais recentes, Romário lidera, com Cesar Maia (DEM) em segundo.

O frentão de Cesar reúne partidos que apoiam diversos candidatos a presidente, mas na TV ele só aparece com Aécio Neves (PSDB).

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‘Observatório da Imprensa’ debate passado e futuro do ombudsman de jornal
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Mário Magalhães

Nos 25 anos da instituição do ombudsman _ou ouvidor_ pela “Folha de S. Paulo”, o “Observatório da Imprensa” na TV está levando ao ar uma série sobre o exercício dessa função no jornalismo.

Para conversas de 50 minutos, Alberto Dines recebe em duplas jornalistas que ocuparam o posto de ombudsman.

Participei do programa com Dines e meu antecessor no posto, Marcelo Beraba. Para assistir, basta clicar na imagem acima ou aqui.

Os outros programas que já foram exibidos podem ser vistos clicando neste link.

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PV exibe o programa eleitoral mais surpreendente da TV
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Mário Magalhães

No sábado à tarde, o Partido Verde exibiu o programa que mais me surpreendeu até agora no horário eleitoral (para assisti-lo, basta clicar na imagem acima ou aqui).

Era dia de postulantes a presidente na televisão, mas o PV preferiu apresentar a vice de Eduardo Jorge, e não o veterano militante cujo nome aparece na tela das urnas.

Maior surpresa foi saber que a vice de Eduardo Jorge, também ela do PV, ocupa cargo público: a professora Celia Sacramento é vice-prefeita de Salvador.

Isto é, integra a administração do prefeito Antonio Carlos Magalhães Neto.

ACM Neto é uma das estrelas do DEM.

Oferecer o tempo para a vice, enquanto o concorrente ao Planalto ainda é desconhecido da imensa maioria dos eleitores, ainda vá lá, que seja bossa de um “partido diferente”, como o PV costumava alardear.

Mas escolher para vice a correligionária aliada do carlismo excede em ousadia.

Lembro a época em que o PV era novidadeiro, prometendo arejar a política tradicional.

Acabou tendo a vice de ACM Neto na chapa presidencial.

E a professora ainda fala em “construção de uma sociedade melhor”.

De fato, o tempo é senhor da desrazão.

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Lei do futebol: o Flamengo não cai
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Mário Magalhães

Por maior que fosse a ansiedade para ver o novo Barça, que neste domingo teve Rakitic, Bravo e Mathieu na estreia do Campeonato Espanhol, futebol é paixão, e eu assisti mesmo aos 2 a 0 do Flamengo, fora de casa, sobre o Criciúma.

Era um ou outro, ou ficar zapeando obsessivamente, pois só tenho uma TV na sala, e não os oito aparelhos que o grande Alberto Helena ostenta no salão de seu chatô de Ibiúna.

No intervalo, acompanhei os melhores lances no Camp Nou e soube que tanto lá quanto no Heriberto Hülse os blaugranas e os rubro-negros haviam acertado duas bolas na trave no primeiro tempo, quatro ao todo.

Não é que o Flamengo apenas tenha merecido vencer o clube do amigo Zé Dassilva, um dos co-autores de “Império”, novela do Aguinaldo. Mereceu muiiiiiito. Foi melhor do início ao fim.

Em seis partidas sob o comando do Vanderlei, cinco vitórias. O fator decisivo para a virada foi jogar no Maracanã, baixar o preço dos ingressos, levar mais torcedores, e a torcida empurrar a equipe medíocre, como já empurrara no ano passado o time fraco à conquista da Copa do Brasil.

Também foi importante o novo técnico dar cartão vermelho a quem já deveria ter saído antes: André Santos, Elano e Felipe. No banco, o guerreiro Chicão está no lugar certo.

Outra mudança relevante foi a contratação, enfim, de um jogador mais técnico, capaz de decidir, ainda que Eduardo da Silva não esteja fisicamente nos trinques, pois só isso explica sua entrada sempre no segundo tempo.

Com o time na lanterna, Vanderlei acentuou o vigor defensivo, segurando atrás para depois arriscar à frente. Tem dado certo. Mas ninguém pense que o Flamengo tenha prosperado e alcançado a 11ª posição devido ao acúmulo de volantes e à falta de atacantes mais talentosos. É o contrário: vem penando no Campeonato Brasileiro justamente porque o elenco é limitado.

Foi preciso ontem que Vanderlei tirasse um dos três volantes na segunda etapa, colocando Mugni e Eduardo da Silva, para os gols saírem. No primeiro, Eduardo passou para Mugni, que sofreu pênalti e converteu a cobrança. O segundo foi do Eduardo.

Pesou para a ascensão em 2014 a intensidade com que o time passou a jogar, outro mérito do Vanderlei.

Mesmo nos piores momentos, é difícil acreditar que o Flamengo possa ser rebaixado. Se as coisas vão mal demais, as cobranças da torcida no clube de massa, o mais popular do país, desembocam em ajustes.

Já houve anos em que eu supus que cair seria melhor para dar uma chacoalhada. Hoje, não seria. Mas o Flamengo não cai. E não é graças ao tapetão que não cai, e sim porque os torcedores não deixam, pressionando a cartolagem avessa a mudanças.

Até onde a equipe pode ir eu não sei. Mas sei que cair não cai.

Ah, com menos um, Mascherano expulso, desde o finzinho do primeiro tempo, o Barcelona bateu o Elche por 3 a 0, dois gols do Messi.

Curiosidade: o Barça acertou 741 passes. O Flamengo, 335.

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