Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : julho 2014

Messi é gênio da raça
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Mário Magalhães

Lionel Messi esteve hoje longe dos seus melhores dias, e seria mesmo difícil, dado o excesso de cuidados defensivos da Holanda, bem como da Argentina.

No segundo tempo do 0 a 0 na Arena Corinthians, o gênio da raça cansou, mas o técnico Alejandro Sabella não o desprezou, mantendo-o no jogo.

O camisa 10 caminhava em campo, e a torcida gritava seu nome, injetando energia no corpo que parecia tê-la perdido.

Completamente fatigado, ainda criou uma grande chance aos 11 minutos do segundo tempo da prorrogação _Maxi Rodriguez desperdiçou-a.

Na primeira cobrança da série de pênaltis, as pernas já com poucas forças poderiam comprometer a confiança dos sul-americanos, se Messi errasse.

Mas quem, ao contrário de Thiago Silva nas oitavas, não fugiu ao papel de capitão, em seguida à primeira das duas defesas de Romero, o nome da partida, ao lado do incansável Mascherano?

Ele, o maior jogador do mundo: Messi!

Para mim, até agora é o craque da Copa, mas aprendi em 2002 que é preciso esperar a final para julgar.

Que venham os alemães!

Pela primeira vez na Copa, a Argentina não venceu ou fez gol com a bola rolando.

Van Gaal e Sabella postaram seus times de modo semelhante, apesar de a Holanda ter começado com três zagueiros (depois tirou um) e a Argentina, com dois.

Foi como se a escalação de Bernard por Felipão ontem tivesse funcionado como uma vacina contra ousadias. Em vez de se arriscar à frente, cautela extrema atrás.

Mesmo com Perez bem, os argentinos sentiram a ausência de Di María, contundido. Perderam em criação.

A Holanda cresceu no segundo tempo, com o cansaço adversário.

Na prorrogação, as posturas se mantiveram, com o brilhante Robben aproveitando sua boa forma física para ameaçar um pouco mais.

Até as quartas-de-final, Messi havia sido mais efetivo do que Robben, a despeito da impressão deixada pelas jogadas acrobáticas do holandês. É o que mostram estatísticas Footstats e da Fifa publicadas pelo jornal “O Globo”.

O argentino havia feito quatro gols, contra três de Robben.

O europeu finalizou mais (17 a 16), mas foi bem inferior em passes que resultaram em chutes ou cabeçadas a gol (21 a 15 para o atacante do Barcelona).

Messi participou de 87,5%  das jogadas de gol da sua equipe (sete em oito).

A Alemanha tem mais time, mas não tem Messi.

Parabéns, Pulga!

Suerte!

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Felipão pediu e levou
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Mário Magalhães

 

“VÁ PRO INFERNO VOCÊ, FELIPÃO!”.

Pode ser que, para almas mais suscetíveis, a manchete de “O Dia” em letras garrafais pareça excessivamente ofensiva.

A favor do jornal carioca, contudo, é preciso considerar que foi Felipão quem começou com esse papo e esse tom.

“Gostou, gostou. Não gostou, vai pro inferno”, disse o técnico, há seis dias, sobre os críticos ao seu trabalho.

Deu no que deu: na manchete do dia seguinte ao massacre de 7 a 1 que a Alemanha impôs ao time de Felipão.

Bateu, levou.

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Rio, São Paulo e BH lideram ranking de cidades com mais protestos na Copa
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Mário Magalhães

Embora os protestos populares previstos para o período da Copa do Mundo tenham reunido muito menos participantes que durante a Copa das Confederações, no ano passado, ao menos 144 manifestações foram marcadas nas redes sociais para as 12 cidades-sede do Mundial de 2014. É provável que todas ou quase todas tenham de fato ocorrido.

O Rio, onde será disputada a final de domingo, lidera o ranking de protestos, com 47. É seguido por São Paulo, palco da abertura e da semifinal de logo mais, com 28. E por Belo Horizonte, onde a Alemanha humilhou ontem o Brasil, com 11.

Os números constam de um levantamento produzido pela Textual Digital e ao qual o blog teve acesso exclusivo. A pesquisa é relativa a 32 dias: de 5 de junho, uma semana antes do início da Copa, ao domingo passado, 6 de julho.

Os atos públicos foram convocados nas redes sociais com palavras de ordem contra o Mundial ou decisões de governos relativas à competição, como o emprego de verbas públicas em estádios e a permissão de ingerência excessiva da Fifa no país.

Novas manifestações devem ocorrer até o domingo.

Cidades e protestos agendados de 5 de junho a 6 de julho de 2014:

Rio de Janeiro: 47

São Paulo: 28

Belo Horizonte: 11

Fortaleza e Porto Alegre: 10

Brasília: 9

Salvador e Recife: 7

Curitiba e Natal: 5

Cuiabá: 3

Manaus: 2

Total: 144

Fonte: Textual Digital.

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Alemáquina é o triunfo do futebol
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Mário Magalhães

Para quem gosta de futebol, gosta de verdade, esta tarde-noite, como diziam os locutores de outrora, celebrou um triunfo do futebol que já nasce legendário.

Antes de o cronômetro marcar 29 minutos do primeiro tempo no Mineirão, a Alemanha já goleava o Brasil por 5 a 0.

Alemanha, não: Alemáquina!

A Alemáquina dos 4 a 0 sobre Portugal na estreia voltou turbinada.

Só não virou em cinco e acabou em dez porque os alemães se encabularam pela humilhação aos anfitriões.

E porque Júlio César _você enobrece o futebol!_ nos salvou de vergonha maior.

Fecharam o massacre em 7 a 1, gol de honra de Oscar no finalzinho.

Apostei que os brasileiros poderiam ser os mocinhos. Para o futebol, os mocinhos foram os europeus.

Nosso futebolzinho foi de vilão.

Na Copa, os fracos não têm vez.

Eu sabia que a camisa rubro-negra alemã não é o manto sagrado do Flamengo, mas já havia esquecido como essas cores podem constranger os fracos.

Enfim, um bicho-papão na Copa. Os quatro semifinalistas não haviam brilhado nas quartas-de-final. Um deles deixou para deslumbrar na véspera da decisão.

O futebol ganhou hoje com uma equipe entrosada, seis titulares do Bayern. Cultivaram a bola, como insiste Pep Guardiola.

Não a bola pela bola, mas com objetividade. É o que Guardiola prega, embora às vezes não funcione.

Tem gente que ainda não tinha se dado conta da influência do treinador catalão em Neuer. O goleiro sofria com a bola nos pés. Agora, é mestre.

Dá-lhe, Guardiola!

Parabéns Joachim Löw, o técnico germânico que deu aula magna de futebol.

Felipão poderia ter mudado antes, mas pareceu Muricy, atônito, diante do Barcelona ensinando o Santos a jogar.

Guardiola, depois dos 4 a 0 do Barça sobre os santistas, afirmou que seu pai lhe contara que antigamente o Brasil jogava daquele jeito, tocando a bola e chegando.

Em ordem, os gols de Müller, Klose, Kroos duas vezes, Khedira e Schürrle em duas oportunidades estabeleceram o maior vexame brasileiro em Copas e um novo artilheiro maior dos Mundiais: Klose, com 16 gols.

Felipão e Parreira apostaram no time em que eu também confiava, o da Copa das Confederações.

Houve queda técnica de alguns jogadores.

E oponentes do ano passado evoluíram, e nós não.

Além das seleções que só vieram em 2014, como a Alemanha.

A hora, na melhor tradição nacional, é da caça às bruxas.

A serenidade é mais recomendável.

Não deu certo a substituição de Neymar por Bernard, pois o já frágil meio-campo ficou ainda mais caído.

O segundo tempo, quando Fernandinho e Hulk saíram para a entrada de Ramires e Paulinho pouco significa, pois os visitantes já haviam desacelerado, poupando-se para o domingo. E ainda enfiaram mais dois _e levaram um.

Além da incapacidade de Felipão montar o time com punch para encarar a marcação solidária, os ataques rapidíssimos e o toque envolvente da Alemanha, exemplo de futebol-total, alguns jogadores foram muito mal.

O lado esquerdo de Marcelo foi o caminho mais fértil para a chegada ao gol do Brasil.

Dante mostrou como o capitão Thiago Silva, suspenso, é importante.

Fred, Marcelo e Maicon fizeram feio com cai-cai, forjando pênaltis em encenações em que a arbitragem não caiu.

Fred, em quem eu acreditava para o Mundial, foi uma desmoralização que se manteve titular.

A história mostra que estavam certos os observadores muito críticos a Felipão (entre os quais eu não me incluía).

A covardia é a rápida mudança de manjados bajuladores da comissão técnica que agora viram os mais impiedosos carrascos.

Em 62, houve um Garrincha depois que Pelé se machucou.

Agora, ninguém preencheu a enorme ausência de Neymar.

Chorar por esse time?

Estão de brincadeira.

Lágrimas eternas pela seleção de Telê Santana que nos encantou em 82.

Parabéns, alemães!

Com a Alemáquina, vocês orgulham o futebol!

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A hora dos mocinhos
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Mário Magalhães

Daqui a pouco começa o Duelo de titãs, Brasil versus Alemanha.

No futuro, não será evocado como Era uma vez no Oeste, mas como era uma vez no Mineirão.

É Matar ou morrer. Se até as quartas-de-final Neymar emulava o xerife Will Kane, capaz de encarar sozinho o facínora Frank Miller, sua gangue e As armas do diabo, agora o camisa 10 será um torcedor como nós. A Bravura indômita é patrimônio coletivo da seleção.

Sem o craque maior, Neymar, e o capitão, Thiago Silva, anuncia-se a hora da Resistência heroica. Em reverência ao gênio contundido, e para superar sua dependência, uma Legião invencível.

Django não perdoa, mata. Mas Django, enfim, poderá ser chamado de Fred?

Meu nome é ninguém? Não: meu nome é Brasil.

Por isso o time não pode se retrancar, pusilânime. A Copa é território Onde os fracos não têm vez.

Com qualquer escalação, recomenda-se fustigar “os alemão”. Em vez de esperar o inimigo nas trincheiras, disparar Flechas de fogo, ou bolas venenosas, contra os europeus tricampeões.

Até agora, a emoção não foi obstáculo, e sim tempero do triunfo. Homem não chora? Qual nada: Os brutos também amam.

Paixão dos fortes, e não dos miseráveis desprovidos de sangue e lágrimas.

Nosso drama é que o futebol que nos levou até O tesouro de Sierra Madre, isto é, a Copa das Confederações, parece tão distante como o mundo No tempo das diligências.

É preciso acossar o gol de Neuer assim como se perseguiu a meta de Casillas. Quem só aguarda o inimigo, para contra-atacar, acaba escoiceado pelo medo. A morte anda a cavalo.

Onde começa o inferno? Na covardia.

A semifinal não será correnteza de Rio Vermelho, ou vermelho e negro da camisa alemã (não confundir, em blasfêmia, com o rubro-negro do manto sagrado). O Rio Bravo é canarinho.

E o time de Felipão nada tem d’O rio das almas perdidas. Pelo contrário: com suas almas generosas, não caiu na ladainha ressentida e raivosa contra um colombiano que entrou duro em Neymar e merecia ter sido punido em campo pela truculência. O perdão pode ser maior que a vingança.

Chega de Rastros de ódio, Meu ódio será tua herança ou A lei do ódio.

Descortina-se uma Marcha de heróis.

Até porque, se em 1962 O céu mandou alguém, e seu apelido era Garrincha, quem sabe não manda um novo salvador. Com sobrenome mais para Silva do que para Schweinsteiger.

O Brasil pentacampeão não pode se subestimar, até porque no tempo normal a Alemanha não conseguiu ganhar de Gana e Argélia. Os imperdoáveis, diante do gol, haveremos de ser nós.

O homem dos olhos frios, ao pé da letra, e não da história contada pelo filme, não pode ser um dos brasileiros, cabras de coração ardente.

Não é Por um punhado de dólares, mas pela honra de encarnar um país e desfraldar sua bandeira.

Sete homens e um destino? Só no velho faroeste. Agora são 23 valentes, incluindo Neymar, e o destino de 200 milhões em ação.

No Duelo ao sol no Mineirão da partida iniciada à uma da tarde, Trinity é o meu nome, ou Júlio César, foi anistiado como herói por um povo. Fechou o gol nas oitavas-de-final, contra o Chile.

Que a perseverança do goleiro-coragem, que jamais se entregou, inspire a seleção na semi.

Butch Cassidy & Sundance Kid: cabeça de Butch para pensar contra os filósofos alemães, e pontaria de Sundance para vencer o grande Neuer.

Da terra nascem os homens, é verdade.

E nos gramados se consagram os bravos.

É dia de os jogadores brasileiros serem, como tantas vezes foram, os mocinhos das nossas vidas.

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Agora faz sentido: Na espera por ingressos, a Fifa me deu diploma de otário
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Mário Magalhães

Como se sabe, a polícia desvendou um esquema mafioso na venda de ingressos para a Copa do Mundo (leia reportagem de Bruno Vaz e Vinicius Konchinski).

As peças se encaixam, e o quebra-cabeça faz sentido.

Com contei aqui no blog, “Na ‘sala de espera virtual’ por ingresso, a Fifa me deu diploma de otário”.

Como sempre, não faltaram os bajuladores dos poderosos, dizendo que o problema era eu, e não a Fifa.

Reproduzo abaixo o post de 4 de junho, expondo uma das consequências da apropriação ilegal de bilhetes por criminosos.

* **

Na ‘sala de espera virtual’ por ingresso, a Fifa me deu diploma de otário

Fui, crédulo incurável que sou, um dos candidatos a comprar ingressos da Copa na venda que a Fifa anunciou para a partir da meia-noite, horário de Brasília.

Levaria quem chegasse mais cedo, avisou a entidade. Mas desde a zero hora desta quarta-feira, bem entendido.

Às 23h50 comecei a tentar o acesso, mas um alerta informava que era preciso aguardar o horário marcado.

Pois o site permitiu que eu entrasse pontualmente às 23h58, dois minutos antes do combinado. Com outras pessoas aconteceu a mesma coisa, o horário antecipado, conforme testemunhos veiculados nas redes sociais.

Mas a tela não me ofereceu entrada para nenhum jogo, nem mesmo Costa do Marfim versus Japão. Apenas exibiu a imagem acima, a dois minutos do novo dia.

E assim ficou, sem me encaminhar para o balcão. Nessa tal “sala de espera virtual”.

Enquanto esperava, vi que no Twitter o pessoal se irritava e produzia piadas, engraçadas ou não.

Reclamaram que nessa fila não havia oferta de cerveja e amendoim. Um torcedor queria os salgadinhos com “preço camarada”, mas aí já seria pedir demais ao presidente Blatter e seus bons companheiros.

Depois de um sem-número de comparações da fila da Fifa com a fila do SUS, alguém teve o bom senso de ameaçar punição de meia hora de atraso na “sala de espera” se repetisse o gracejo.

Virada a meia-noite, os tuiteiros de todo o mundo já haviam levado a Fifa aos trending topics.

Um garoto esperto contou que estava com oito janelas abertas no computador. Com apenas uma, senti-me um trouxa.

Mas não a ponto de cair na velha pegadinha dos gaiatos que sugeriam teclar control + w para passar à frente da fila. Este atalho, como se sabe, elimina a guia em que estamos navegando.

Um cidadão lembrou que as leis relativas a limite de tempo nas filas de espera poderiam punir a Fifa. Porém, a sala “virtual” não é fila de banco, e a Fifa não se submete às leis brasileiras.

Enquanto esperava, fantasiava a Fifa infiltrada pela galera do “não vai ter Copa”. Mas também me lembrei das denúncias do jornalista Andrew Jennings sobre esquema mafioso na venda de bilhetes do Mundial.

Já na madrugada, constatei que a bronca era planetária, como mostravam postagens em vários idiomas.

Passou da uma hora, e eu persisti, pois as crianças querem porque querem ir a algum jogo _queriam, queriam…

A menos de dez graus, um frio de lascar aqui nas bandas do Sul, não abandonei a peleia.

Mas era preciso acordar cedo para trabalhar, e à 1h13, 75 minutos depois de me logar no site da Fifa, entreguei os pontos.

Antes de eu digitar o control + w, o reloginho do notebook marcava 1h14.

Este é o verdadeiro padrão Fifa.

A entidade me deu mais um diploma de otário. Será que mandam o certificado pelos Correios, ou também preciso ficar na sala de espera virtual?

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Máfia dos ingressos: Se tivesse ‘padrão Fifa’, o Brasil seria muito pior
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Mário Magalhães

Foi descoberto um esquema criminoso de venda ilegal de bilhetes para o Mundial.

“Polícia prende diretor da Match por máfia de ingressos da Copa do Mundo”, informam os colegas Bruno Vaz e Vinicius Konchinski.

Alguém aí ainda defende “padrão Fifa” para o Brasil?

Sim, eu sei que para muitos é ironia.

Mas a ironia é lastreada na ideia falsa de que as ações, métodos e obras da Fifa são de alto nível.

Tomo a liberdade de republicar um post veiculado no blog no dia 27 de maio.

Estava tudo na cara, e a história, desgraçadamente, só fez confirmar.

* * *

Se tivesse ‘padrão Fifa’, o Brasil seria muito pior

A palavra de ordem se disseminou com intenção generosa: o Brasil padrão Fifa seria melhor.

No Google, aparecem 460 mil registros quando se digita “padrão Fifa” entre aspas.

Os serviços públicos, a começar por educação e saúde, teriam mais qualidade, se mimetizassem o alto nível da dona do futebol _é a ladainha que ouvimos desde junho de 2013.

Com o perdão dos que adotaram a divisa, eu acho que o padrão Fifa é uma balela ou significa o avesso do lugar-comum que se fixou no imaginário nacional.

O país seria muitíssimo pior caso se espelhasse nos valores, métodos e obra de Sepp Blatter e seus bons companheiros.

Na saúde, o padrão Fifa seria o contrário de cuidar da vida dos brasileiros, o que se faz (ou deveria ser feito) com bons hospitais e pronto-socorros, profissionais qualificados e bem remunerados, prevenção acurada, saneamento para todos, alimentação decente e outras providências.

Seria o contrário porque a Fifa secundariza a saúde dos jogadores de futebol e prioriza o caixa.

Na Copa de 94, a entidade, ainda conduzida por João Havelange, impôs jogos ao meio-dia no escaldante verão californiano.

Já na gestão de Joseph Blatter, entregou de modo suspeito o Mundial de 2022 ao Catar, onde o calor torturante ataca na época do ano que a tradição reserva ao torneio.

Isso é se preocupar com a saúde?

A educação inspirada no padrão Fifa não seria dos sonhos, e sim o oposto.

Ao abordar o racismo, em vez de ensinar a repulsa, os professores pregariam tolerância com a segregação.

Por todo o planeta, acumulam-se episódios de preconceito. Em vez de punir as agremiações que acolhem torcedores racistas, a Fifa somente obriga seleções a entrarem em campo com faixas cujos dizeres, embora justos, estão longe de proporcionar o efeito de castigos exemplares.

E as lições de democracia?

O que há de se aprender com a política elitista de preços escorchantes dos ingressos?

Mesmo dentro das ditas arenas, camarotes chiquérrimos documentam e celebram a desigualdade obscena.

Uma federação que interdita a alternância de governo e eterniza seus capi sugere democracia? Por mais de 20 anos, Havelange não largou o osso. Seu sucessor mantém idêntico apetite.

De acordo com o padrão Fifa, ditaduras não são ruins e ditadores são todos boa gente, desde que se prestem aos propósitos dos poderosos chefões encastelados na Suíça. Já havia sido assim na Copa de 78, na Argentina do genocida Videla, e continua hoje, quando os tiranos mais sinistros são bem-vindos na entidade.

O que a Fifa diria sobre controle rigoroso de negócios em geral e operações financeiras em particular?

Dificilmente apresentaria como case o esquema que resultou na escolha do Catar.

Muito menos o que permite que amigos da cartolagem lucrem com ingressos da Copa, fazendo decolar a preços ainda mais exorbitantes pacotes que já são para poucos.

É essa a gestão que queremos como padrão?

O padrão Fifa subverte o ensinamento franciscano do “é dando que se recebe”, a considerar tantas denúncias de propinas.

O que o padrão Fifa propõe para quem é flagrado em impedimento, senão a impunidade? Que punição houve para Havelange e Ricardo Teixeira?

É essa a Justiça ideal, o padrão Fifa de combate à corrupção?

Em que o Brasil prosperaria se imitasse o comportamento do secretário-geral Jérôme Valcke?

Ele é o mesmo executivo que embolsou, na condição de lobista, dinheiro da candidatura brasileira ao Mundial e mais tarde, na pele de cartola, sugeriu um pontapé no nosso traseiro.

Do seu papel no lobby só se soube graças a furo do repórter Sérgio Rangel.

Almejamos a transparência padrão Fifa, que escondia o frila do francês?

Em matéria de inovação e evolução, será que o caminho é o da Fifa, que resistiu até ao controle eletrônico para saber se a bola entrou no gol?

De todas as expressões do farisaísmo do padrão Fifa, duas se destacam.

A primeira, quando a entidade fala em legado disso e daquilo para o Brasil. Ela está interessada em multiplicar sua fortuna. E só.

E quando alardeia sua devoção pelo futebol. A Fifa mercantilizou a níveis jamais vistos a mais genuína paixão dos brasileiros. Apropriou-se até de nomes consagrados, como “Copa do Mundo”.

Por sorte, pelo menos isso não conseguiram nos roubar, a paixão que constitui a essência do futebol.

A despeito de todas as mazelas que vigoram no país que figura entre os campeões da desigualdade, o Brasil no padrão Fifa seria ainda mais egoísta, hipócrita, inescrupuloso, obscuro e desigual.

Padrão Fifa é exigir do outro o que não se faz _faça o que eu digo, e não o que eu faço.

A Fifa já nos fez muito mal. Fará mais ainda se o seu famigerado padrão se tornar o nosso modelo.

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Messi e companheiros apoiam avós na busca por netos roubados pela ditadura
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Mário Magalhães

 

Messi, Mascherano e Lavezzi, três jogadores, e Alejandro Sabella, o treinador da seleção argentina, manifestaram apoio à luta das avós que buscam até hoje os netos roubados pela ditadura que vigorou naquele país de 1976 a 1983.

No período de treinamento para a Copa, antes de embarcar para o Brasil, eles gravaram o vídeo acima, que começou a ser divulgado na internet em junho.

Para assistir, clique na imagem no alto ou aqui.

Na mensagem com 25 segundos de duração, Mascherano disse, dirigindo-se a pessoas que possam ter dúvidas sobre sua origem: “Aproxima-te das avós”.

Messi complementou: “Faz dez Mundiais que estamos te procurando”.

As Avós da Praça de Maio são uma organização formada por mães de militantes que foram assassinados e, na maioria dos casos, desaparecidos na ditadura.

Antes de matar as militantes grávidas sob sua custódia, agentes do Estado esperavam que elas dessem à luz.

Em vez de entregar os bebês às famílias das presas, cometiam uma perversidade: davam as crianças para integrantes do aparato repressivo e outros apoiadores do regime, mudando as identidades dos recém-nascidos e escondendo dos meninos e meninas os nomes dos seus pais e mães.

Os torturadores e assassinos se apropriavam dos filhos dos torturados e assassinados.

A ditadura genocida deixou cerca de 30 mil mortos e desaparecidos, conforme projeção de entidades de defesa dos direitos humanos.

De 1978 a 2014, mais de uma centena de casos de bebês roubados foram esclarecidos.

Do total, 97 jovens ou adultos _antigos “niños” sequestrados_ foram localizados com vida.

Quatro crianças foram descobertas mortas em companhia dos pais.

Onze mulheres, grávidas, foram executadas antes de terem seus filhos.

No mínimo, 190 argentinos nascidos no cativeiro ainda não foram encontrados.

Por isso ainda batalham as heroicas velhinhas da praça de Maio, cuja campanha em curso se chama “Resolve a tua identidade agora”.

É com essas comoventes avós que Messi e seus bravos companheiros estão.

Quem disse que o futebol é o ópio do povo?

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A maior brochada da Copa
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Mário Magalhães

Se futebol é prazer, esta Copa tão prazerosa acaba de viver o seu anticlímax.

A maior brochada ocorreu com a vitória da Holanda sobre a Costa Rica, nos pênaltis, pela última partida das quartas-de-final.

Deu tânatos, e não eros.

Não que os holandeses não tenham merecido, com suas três bolas na trave e tantas outras paradas pelo esplêndido goleiro Navas.

Mas Davi merecia mais uma, contra Golias.

Os costa-riquenhos, azarões do grupo da morte, haviam jantado uruguaios, italianos e ingleses.

Nas oitavas, com um jogador a menos, sobreviveram até as penalidades, quando sobrepujaram os gregos.

Hoje tiveram um pênalti não assinalado na primeira etapa  da prorrogação.

Depois do intervalo do tempo extra, mais no finzinho, Ureña perdeu cara a cara com o holandês Cilessen.

O êxtase esteve perto, mas o treinador Louis van Gaal substituiu o goleiro para a série de penais.

Krul acertou o canto cinco vezes e defendeu duas cobranças.

A comissão técnica da Holanda fez a lição de casa: sabia onde havia mais possibilidades de os centro-americanos chutarem.

Dos quatro semifinalistas, a seleção holandesa teve o desempenho menos competitivo nas oitavas.

O que isso significa daqui em diante? Nada.

Foi de arrepiar, a Costa Rica seria uma das maiores surpresas nas semifinais em todas as Copas.

Com a bola rolando, e o 0 a 0 na Fonte Nova, a equipe manteve-se invicta na competição.

Foi quase.

Mas ficou no quase.

Futebol é prazer.

Logo, logo o anticlímax se transformará novamente em gozo.

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Argentina 1 x 0 Bélgica: Messi vira escada do protagonista Higuaín
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Mário Magalhães

Vinte quatro anos depois da sua última vez nas semifinais da Copa, a Argentina está no derradeiro mata-mata antes da decisão.

A vitória de 1 a 0 sobre a Bélgica teve uma novidade, depois dos quatro triunfos em quatro partidas: Messi não foi o jogador argentino que mais brilhou, mas, enfim, Higuaín.

O gênio Messi se comportou como o grande ator que, generoso, cede o proscênio para monólogos de um coadjuvante, ainda que seja um coadjuvante de talento, como Higuaín.

Messi foi escada do centroavante que teve sua jornada de protagonista.

Higuaín não havia feito gol no Mundial, e hoje marcou, aos 8 min do primeiro tempo.

Na origem da jogada estiveram Messi e Di María, o meia deslumbrante que saiu contundido aos 32 min da etapa inicial.

Messi buscou o jogo, passou, desarmou, infiltrou-se, sofreu falta, cobrou-a, foi perseguido de perto por até três ou quatro belgas _aos 48 min do segundo tempo, perdeu cara a cara com Courtois, que defendeu.

A tarde no Mané Garrincha, contudo, foi de Gonzalo Higuaín. Além do gol, ele acertou o travessão e infernizou a defesa comandada pelo zagueiro Kompany.

A seleção argentina mudou já de saída, com Basanta substituindo o suspenso Rojo na lateral-esquerda.

Na zaga, o inseguro Fernandez deu lugar ao veterano Demichelis _para minha surpresa, este foi bem.

Como segundo volante, Gago ficou no banco, e Biglia se tornou titular.

Com pouco mais de meia hora, Perez  foi a opção para o contundido Di María.

Higuaín despediu-se aclamado aos 36 min do segundo tempo, e Gago fechou ainda mais o time.

Se ontem a Alemanha e o Brasil deram a impressão de que França e Colômbia são times fracos, hoje foi a vez de a Bélgica não se mostrar tão forte como em outros jogos, apesar da chance no finzinho.

A impressão é falsa. Na verdade, o mérito foi dos argentinos, que se impuseram, como alemães e brasileiros.

A Holanda _ou a Costa Rica_ terá pela frente um adversário poderoso na semifinal.

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