Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : julho 2014

‘Nunca Nade Sozinho’: de volta ao Rio, agora no Teatro Glaucio Gill
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Mário Magalhães

blog - nunca nade sozinho glaucio gil

 

Tive a sorte de assistir, pouco antes da Copa, à montagem de “Nunca Nade Sozinho”.

A peça escrita pelo canadense Daniel MacIvor, dirigida por Nadja Turenkko e encenada por ela, Ciro Sales e Kadu Veiga está de volta ao Rio, agora no Teatro Glaucio Gill. Estreia nesta quinta-feira, às 21h.

O texto é uma provocação a neurônios acomodados. A encenação e as interpretações são ainda melhores.

Reproduzo abaixo o release:

* * *

Escrito pelo consagrado dramaturgo canadense Daniel MacIvor e dirigido pela atriz e diretora Nadja Turenkko, o espetáculo “Nunca Nade Sozinho” tem nova temporada no Rio de Janeiro, estreando em 17 de julho no Teatro Gláucio Gill. A montagem é apresentada em formato de um jogo – uma competição em que dois homens, mediados por uma juíza, testam suas habilidades em treze rounds de provocações, declarações e cumplicidade.

“Nunca Nade Sozinho” utiliza a mímica corporal dramática para narrar o embate de dois amigos de infância que se tornaram empresários bem-sucedidos e não estão acostumados a perder. A competição fica ainda mais difícil após recordarem de um incidente que marcou suas vidas no passado. O espetáculo mescla o real com o imaginário,  brinca com o tempo e o espaço e é construído em cima de diálogos fragmentados  do discurso contemporâneo.

A diretora e atriz do espetáculo, Nadja Turenkko, criou uma nova concepção para a proposição cênica sugerida pelo autor, levou a encenação a um lugar metafórico, um naufrágio psicológico, onde os três personagens a todo o momento se relacionam no tempo de suas memórias e do presente. “Utilizamos a mímica corporal dramática para contar uma história de compaixão e competição. A montagem vai despertar a curiosidade da classe artística e de todo o público para uma nova forma de encenação”, afirma Nadja.

O autor do espetáculo, Daniel MacIvor, ganhou admiradores no Brasil a partir da montagem do seu texto ‘In on It’, em 2010, no Rio de Janeiro. A obra foi sucesso de público e crítica no país e recebeu premiações em diversos festivais.

A peça recebeu o convite dos diretores artísticos do Teatro Glaucio Gill, Luciana Fávero e Gustavo Paso, por se enquadrar dentro do novo conceito de ocupação, que tem por objetivo a formação de plateia e oferecer ao público espetáculos de qualidade da cena teatral carioca.

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Um ano da morte de Amarildo na Rocinha: Estado ainda deve corpo à família
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Mário Magalhães

Manifestação em Copacabana, em 2013 – Foto Tânia Rêgo/Agência Brasil

 

Hoje faz um ano que policiais militares do Rio de Janeiro detiveram, torturaram, mataram e esconderam o corpo do cidadão Amarildo _conforme alentada investigação da Polícia Civil e minuciosa denúncia do Ministério Público.

Da noite de 14 de julho de 2013, quando PMs carregaram o pedreiro para instalações na Rocinha da dita Unidade de Polícia Pacificadora, até 14 de julho de 2014, o Estado do RJ não pagou uma das mais evidentes dívidas que tem com a família de Amarildo: a devolução do corpo, para que o antigo morador da favela possa ser enterrado com dignidade.

Amarildo Dias de Souza continua a ser um “desaparecido”.

Vinte e nove PMs devem ir a julgamento, e muitos estão presos.

Nenhuma iniciativa do Estado favorável aos parentes de Amarildo, por decisão própria ou determinação da Justiça, anula a obrigação legal e moral de entrega do cadáver de quem foi morto por agentes públicos.

É direito de sua família enterrá-lo.

E é dever do Estado, cujos funcionários mataram e sumiram com Amarildo, assegurar esse direito.

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São Telê abençoa os campeões
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Mário Magalhães

No épico do Maracanã, na finalíssima da 20ª Copa do Mundo, tanto a Alemanha como a Argentina fizeram por merecer o título.

Quanta bravura, quanto futebol, quanta paixão!

Os alemães triunfaram, mas a minha gratidão será eterna aos jogadores e técnicos dos dois times.

Meu craque da Copa se chama Javier Mascherano, um gigante comovente. Ao contrário do magnífico Kroos, não teve os grandes Schweinsteiger e Khedira (contundido, este ficou fora hoje) como companheiros. E sim, mais limitados, Biglia e Perez.

Messi fez um Mundial muito bom, foi eleito oficialmente o melhor da competição, mas padeceu de esgotamento na reta final. Ele já tinha seu lugar no Olimpo dos deuses da bola. Confirmou-o.

A Alemanha cultivou a posse da Brazuca, chancelando a tendência premiada em 2010, com a Espanha campeã.

Nesta tarde-noite, em 60% do tempo teve a pelota consigo. Trocou 675 passes, contra 396 da valente Argentina, que também colecionou chances valiosas, com Higuaín, Messi e Palacio. Houve empate em finalizações, 10 a 10.

Até que meu xará Mario Götze decidiu aos 8 min do segundo tempo da prorrogação, numa falha de Demichelis, que foi cobrir a lateral-direita da sua equipe e deixou o jovem alemão sozinho para anotar um golaço.

A alma da seleção alemã é o meio-campo, que ordena e controla o toque de bola.

Era esse o futebol preconizado pelo imortal Telê Santana, o padroeiro do jogo bonito e competitivo, que não teve a sorte de conquistar uma Copa.

Quando um time joga assim, preparado por Joachim Löw e influenciado pela chegada de Pep Guardiola à Bundesliga, ecoa o futebol de reverência à bola que Telê nos legou.

O treinador Alejandro Sabella, indiretamente, proporcionou nova humilhação a Felipão, que havia levado 7 a 1 da Alemanha.

Título merecido, repito, que jamais será esquecido.

Mas a Alemáquina implacável, das goleadas sobre Portugal e Brasil, não apareceu hoje, diante do oponente guerreiro.

O troféu fica com um time de eficácia coletiva maravilhosa. Tetracampeões!

Danke, Alemanha! Gracias, Argentina!

Mas nos esperem, que o Brasil, cedo ou tarde, dará a volta por cima.

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Triste adeus: eu acreditei
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Mário Magalhães

A seleção brasileira, pentacampeã mundial de futebol, despediu-se melancolicamente da 20ª Copa, ao perder há pouco para a Holanda por 3 a 0. Ficou em quarto lugar na competição que sediou pela segunda vez. Em sete partidas, só ganhou três.

Algum sentimento hostil em relação aos jogadores e à comissão técnica, ainda que boa parte tenha ido mal? Da minha parte, zero.

Só tristeza, temperada pela desilusão de quem, como eu, confiou no hexa possível em 2014, a despeito das limitações evidenciadas desde a estreia.

O maior erro foi a incompreensão tática de Felipão sobre o vigor do meio-campo alemão. O treinador brasileiro escalou mal, treinou mal e orientou mal na semifinal. Fomos dominados e levamos antológicos 7 a 1 do time do técnico Joachim Löw.

A cretinice da cartolagem nacional não é novidade e precisa ser combatida. Porém, o revés na Copa é responsabilidade sobretudo de Felipão e seus segundos.

Hoje, deixando claro que entendeu seu tropeço histórico, Felipão entrou com cinco meias _três defensivos (Luiz Gustavo, Paulinho e Ramires) e dois ofensivos (Oscar e Willian). Só um atacante nato começou, Jô, substituindo Fred.

Mas o técnico havia treinado a formação por poucos minutos. Não deu certo, pois futebol é trabalho, diria o Muricy.

Na abertura do Mundial, 3 a 1 sobre a Croácia, escrevi: “Não acho que ganhar roubado seja mais gostoso”. O juiz japonês Nishimura foi determinante para a nossa vitória.

No empate de 0 a 0 com o México, meu pitaco “Vacina contra o oba-oba” advertiu: “A seleção precisa evoluir muito para disputar o título com mais chances”.

Nos 4 a 1 contra Camarões, titulei: “Neymar não é tudo, mas é (quase) 100%”.

Ao celebrar o triunfo épico de Júlio César nas oitavas contra o Chile, observei: “Jogo tecnicamente mais ou menos, uma seleção sem brilho”.

Depois dos 2 a 1 na Colômbia, nas quartas, avaliei: “Foi a melhor atuação do time na Copa, especialmente na etapa inicial, quando dominou quase sem sustos”.

Acrescentei: “Uma exibição de campeão, mas é preciso enfatizar o que isso significa. Se a equipe de Felipão mantiver o padrão, é forte candidata ao título. O problema é que a Alemanha, ao anular a França no 1 a 0 mais cedo, também teve, repetindo de propósito as palavras, exibição de campeão”.

Quando escrevi, ainda ignorava a fratura de Neymar que o tiraria da Copa.

Pois Neymar não atuou na semi e na disputa do terceiro lugar. Como ele era quase 100%, na equipe com cabeça e membros, mas desprovida do tronco do meio-de-campo, ficou muito mais difícil.

O time não manteve o padrão.

Na Copa de 94, no empate com a Suécia, o futebol da seleção havia sido inferior ao exibido em 2014 contra a Colômbia. Mas há 20 anos fomos campeões porque evoluímos durante o torneio, o que não ocorreu agora.

Se o Brasil tivesse melhorado, se Neymar não tivesse sofrido a fratura, se Felipão não tivesse montado o time com uma ousadia suicida, se volantes e meias criassem… É muito “se”.

Minha ilusão foi supor que o fator casa pudesse compensar os defeitos expostos em campo. E que a equipe reeditasse o desempenho competitivo da Copa das Confederações.

Enganei-me. Mas não bajulei treinador, não aderi à cascata de que o “emocional”, e não tática e técnica, era determinante, e não subscrevi a balela do dito apagão _a superioridade dos alemães sobre o Brasil foi permanente, e não a exceção de um curto período.

Esta foi, está sendo, uma das melhores Copas de todos os tempos, em futebol e organização.

Mas o vexame do Brasil na semifinal, sua ausência do Maracanã, a esperança frustrada, tudo isso dá uma tristeza danada.

Falar dos gols de Van Persie, Blind e Wijnaldum hoje? Dos erros de arbitragem, ajudando e prejudicando os dois lados? Sobre Van Gaal indo para o Manchester United e Felipão _chega, né?_ desprezado pelos grandes clubes do planeta?

Desculpe, mas a paciência acabou.

Tire o seu sorriso do caminho, quem ainda o tiver, que eu quero passar com a minha dor.

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Anais do futebol argentino: O dia em que o Che pegou um pênalti
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Mário Magalhães

O argentino Ernesto Che Guevara, em foto de Alberto Korda

 

Na manhã deste sábado, Copacabana se transformou no bairro das placas pretas, tantos são os automóveis vindos da Argentina que estão aqui no Rio.

Argentina e Alemanha se confrontam domingo no Maracanã, na grande final desta grande Copa do Mundo.

Argentinos gostam mesmo de futebol. Lembrei-me de uma passagem boleira da vida do Che Guevara. Para reconstituí-la, nos 30 anos da morte do guerrilheiro, em 1997, fui à fronteira do Brasil com a Colômbia.

Anos mais tarde, contei a viagem, na croniqueta reproduzida abaixo:

* * *

O dia em que o Che pegou um pênalti

No fim de uma tarde dominical de junho de 1952, o goleiro e técnico de futebol Ernesto Guevara de la Serna perfilou-se para a execução do hino da Colômbia. Abaixou-se para limpar o sangue em um joelho. Ferira-se nos voos acrobáticos com que obrara o milagre de levar o Independiente Sporting à decisão do torneio daquele dia.

Um coronel destemperou-se com o que considerou desrespeito do argentino de 24 anos de idade. Ralhou e mandou que levantasse. Guevara preparou-se para reagir. Lembrou que tinha uma passagem aérea a receber, além de alguns trocados. Deixou para lá.

Chegara havia menos de uma semana àquele fim de mundo de nome Leticia, cidadezinha xifópaga da brasileira Tabatinga. Com Alberto Granado, alcançara-a de balsa, depois de se perder no rio Solimões. Meio ano antes, por aqui com o curso de medicina, Guevara topara a proposta do amigo mais velho: partir para uma aventura latino-americana a bordo de uma motocicleta de 500 cilindradas. Ao bater em Leticia, já não tinham moto alguma. Na verdade, não tinham nada.

Sem dinheiro, ofereceram seus préstimos de médicos, ou quase isso. Queriam passagens de avião, gratuitas, para Bogotá. Em dois dias, ouviram a oferta: casa, comida, roupa lavada, bilhetes com desconto e um dinheirinho para treinar o time no qual ninguém levava fé. Caiu do céu. O Uruguai era campeão mundial. O Brasil, vice. Mas os craques, poucos duvidavam, nasciam na Argentina.

Ernesto e Alberto dividiram o comando. Num treino domingo de manhã, o primeiro apitou, e o segundo dirigiu a equipe. Levaram 2 a 0, e não teve jeito. Teriam que jogar. Havia um problema, a saúde de Guevara. Na umidade amazônica, a asma voltara a incomodar. Na linha, não daria. Menos mal que Granado era um estilista do meio-campo. Tão elegante que os colombianos apelidaram-no Pedernerita, referência ao genial futebolista argentino Adolfo Pedernera.

Cinco equipes jogaram na “cancha popular”, rodeada pela selva. Na primeira partida do Independiente, Granado deixou o seu. Venceram. Na segunda, Guevara fechou o gol. Jogava adiantado, lembraria seu amigo numa longa conversa que tivemos por telefone. Na época, goleiros ainda se mantinham embaixo do travessão. Com o 0 a 0, passaram à final porque tiveram mais escanteios a favor.

Na decisão, outro empate. Nos pênaltis, Guevara pegou um, mas o time perdeu. O goleiro escreveu à sua mãe: “Defendi um penal que vai ficar na história de Leticia”.

Lembrei o episódio por causa do filme “Diários de Motocicleta”, de Walter Salles. Conta a viagem dos amigos argentinos. Não sei se o pênalti chegou à tela. Assim que estrear, vou correndo assistir. Em 1997, nos 30 anos da morte do revolucionário que em Cuba virou “El Che”, viajei a Leticia para contar como fora o campeonato relâmpago. Na hora de titular, mandei de bate-pronto: “Che: bom de bala, bom de bola”.

(Mário Magalhães, “Folha de S. Paulo”, 30 de abril de 2004)

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Por força deste destino um tango argentino me vai bem melhor que… Wagner
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Mário Magalhães

Versos de “A palo seco”, clássico de Belchior:

“Tenho 25 anos

de sonho e de sangue

e de América do Sul.

Por força deste destino

um tango argentino

me vai bem melhor que um blues”.

No lugar do blues, poderia ser uma ária de Wagner.

Nada contra o blues dos Estados Unidos ou as óperas do alemão Richard Wagner.

Domingo, a favorita é a fabulosa seleção da Alemanha, digna da admiração, da simpatia e da preferência de tantos brasileiros, inclusive aqui em casa.

Mas a minha torcida, por conta deste destino, e com duas vezes 25 anos, é pela Argentina de Messi e Mascherano.

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Operação contra máfia dos ingressos merecia se chamar ‘Chute no Traseiro’
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Mário Magalhães

Assino embaixo da sugestão que o @Nabuco me mandou pelo Twitter: “A Polícia Civil podia ter nomeado essa operação como ‘Chute no Traseiro'”.

Ele se referia, é claro, à Operação Jules Rimet, iniciativa da Polícia Civil do Rio de Janeiro contra a máfia de venda ilegal de ingressos da Copa.

Entre os suspeitos investigados está o inglês Raymond Whelan, contra quem há ordem judicial de prisão _imagens mostram que ontem ele escapou dos policiais por uma porta lateral do Copacabana Palace, hotel onde está hospedado.

Em alegadas tratativas criminosas com cambistas, o foragido Whelan agiu como alto executivo da Match, única empresa autorizada pela Fifa a vender ingressos para setores VIP nos estádios do Mundial.

Noutras palavras, empresa vinculada à Fifa.

Por décadas, Jules Rimet (1873-1956) foi presidente da entidade manda-chuva do futebol. Deu nome à taça conquistada pelo Brasil, depois roubada e derretida.

Por que empregar seu nome?

Muito melhor seria mesmo “Operação Chute no Traseiro”.

Para quem desembarcou hoje na Terra, não custa lembrar: em março de 2012, o secretário-geral da Fifa, Jérôme Valcke, criticando agressivamente a organização da Copa, disse que o Brasil merecia um “chute no traseiro”.

Pois o inglês Whelan é associado à Fifa, e não ao Brasil.

O Mundial é um sucesso.

Quem faz mesmo jus a um pontapé na bunda?

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Tese de ‘apagão’ é cascata que preserva Felipão
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Mário Magalhães

Respeito _respeito mesmo, de verdade_ a tese de que um “apagão” foi determinante na derrota de 7 a 1 para a Alemanha, mas divirjo.

O segundo e o quinto gols ocorreram em seis minutos, quatro gols de enfiada, eis o fato que gera a interpretação de que teria havido apagão.

Para mim, essa ideia não se sustenta diante da evidência de que a superioridade alemã na semifinal não se restringiu ao diminuto tempo em que os visitantes anotaram a maioria dos seus gols.

A Alemanha não fez mais porque não quis.

Delírio?

Aos 29 min da primeira etapa, quando já estava 5 a 0, visivelmente o time de Joachim Löw desacelerou. Tinha três propósitos:

1) poupar-se para a final do domingo (contra a Argentina, o que eles ainda não sabiam);

2) não prejudicar a simpatia conquistada entre a torcida brasileira, desde que jogadores cantaram o hino do Bahia, confraternizaram com índios e divulgaram torcer para a equipe de Neymar;

3) respeitar uma ética não escrita que freia impulsos de grandes jogadores humilharem outros do mesmo, senão qualidade, status.

Os alemães, a rigor, pararam de buscar o gol com determinação muito antes do intervalo.

Para o segundo tempo, não voltaram com o magnífico zagueiro Hummels, preservado para a decisão.

No começo da segunda etapa, o Brasil teve várias oportunidades determinadas pela paralisia alemã, proposital. Os três meias mais defensivos, mas também hábeis ao atacar _Schweinsteiger, Khedira e Kroos_, só queriam tocar a bola, deixando o tempo passar, evitando vergonha ainda maior aos anfitriões.

Isso ficou claro para quem viu o jogo pela TV, como eu _ao meu lado, uma torcedora nocauteada diagnosticou os alemães “encabulados” em campo.

Müller evitou discutir com David Luiz, que se irritou numa jogada.

Somente Schürrle, que entrou e marcou dois, deu de ombros à  política mais pragmática do que reverencial de impedir que o Brasil virasse um novo Taiti, aquele timeco que levou 10 a 0 da Espanha na Copa das Confederações.

Enumero os fatos para sustentar a impressão de que não houve apenas um curto período em que o Brasil não jogou nada.

Apagões, na maioria das vezes, são intervalos breves sem energia elétrica em regiões onde costuma haver fornecimento contínuo de luz.

Se o “apagão” ocorreu, na verdade, em toda a partida no Mineirão, não foi apagão.

O desempenho desmoralizante da seleção foi o padrão, e não um soluço de “pane geral”, expressão empregada por Felipão um dia depois do vexame.

Repito: se o dito apagão foi permanente, inexistiu apagão.

O Brasil jogou todo o tempo muito mal. Quando pareceu melhorar, não foi por méritos próprios, e sim por deferência dos constrangidos alemães, que mesmo sem jogar à vera nos superaram por 2 a 1 (depois dos cinco gols).

Falar em apagão alivia a barra para Felipão e Parreira, os condutores do desastre histórico.

P.S.: que Copa maravilhosa, triunfo do futebol!

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