Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : abril 2014

Nossa crise existencial (um pitaco sobre jornalismo e jornalistas)
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Mário Magalhães

blog - jornalistas & cia

 

Na semana do Dia do Jornalista, 7 de abril, “Jornalistas & Cia”, a mais influente newsletter do jornalismo brasileiro, veiculou 31 páginas de uma edição especial intitulada “Sobre dúvidas e certezas”.

Isso mesmo: dúvidas e certezas do conturbado momento do jornalismo e dos jornalistas. A edição pode ser lida gratuitamente clicando aqui.

Entre os 53 colegas que opinaram, escrevi um pitaco de 477 palavras, reproduzido na íntegra abaixo.

* * *

Nossa crise existencial

Por Mário Magalhães*

Cinquenta anos atrás, em 7 de abril de 1964, os jornais estampavam duas tragédias. A primeira, o noticiário sobre o golpe de Estado que acabara de depor o presidente constitucional João Goulart. A segunda, a bênção do jornalismo à ditadura que desabrochava.

Naquele mesmo dia, eu nasci no Rio (a fórceps, como a ditadura). Tremendo pé-frio, vá lá. Meio século mais tarde, quando me torno cinquentão, o Brasil é muito melhor do que nas sombrias jornadas da primeira semana de abril de 1964.

Já o jornalismo, não sei. O que sei é que o jornalismo e os jornalistas jamais viveram _vivemos_ tamanha crise como hoje. É a espécie mais devastadora de crise, a crise de identidade, existencial.

A crise nos corrói ao pôr em xeque nossa razão de viver. Isso acontece porque se costuma ignorar que o jornalismo constitui serviço público _mesmo se exercido por companhias privadas_ cuja essência é colher, processar e difundir informações.

Eis a nossa função social: informar. Enquanto a sociedade a reconhecer como necessária, sobreviveremos.

Outra impressão decorrente de astigmatismo e miopia é supor que o inédito volume de informações em circulação seria terra a cobrir nossa sepultura.

Ocorre o contrário: nunca o jornalismo foi tão indispensável, para organizar, hierarquizar, contextualizar e dar sentido à caótica overdose informativa. Diante do futuro, temos mais pinta de bebê do que de defunto.

Em meio à enxurrada de informações, desgraçadamente a propaganda se confunde com jornalismo e o contamina e descaracteriza. No mundo inteiro, a opinião sufoca a informação.

O futuro do jornalismo, que já não detém o monopólio do debate público, concentra-se na reportagem, seu gênero mais valioso. Desde que a reportagem, em tempos de vale-tudo, conserve os valores consagrados do jornalismo de qualidade, a começar pelos escrúpulos.

Preservar os padrões de decência, mas em novo cenário. Como agonizam a estrutura jornalística e o modelo de negócios estabelecidos no século XX, a vida do jornalista também muda, como descobrimos colegas de todas as gerações.

Antes, a perspectiva mais comum era nos juntarmos a corporações nas quais exerceríamos nosso ofício. Cada vez mais, para o bem e para o mal, o jornalista é sozinho um “conglomerado” de ideias e empreitadas, produzindo jornalismo em diversos gêneros e plataformas, para numerosos patrões ou sendo seu próprio patrão.

Uma aposta para o futuro: a despeito da multiplicação de operações jornalísticas profissionais num sem-número de mídias, a palavra vicejará como a pepita mais cobiçada do garimpo.

No blog, na TV, na rádio, no livro digital e de papel, nos dispositivos móveis, nos jornais e revistas impressos e na internet, quem dominar os mistérios da palavra e do idioma terá seu lugar.

Pois o jornalismo, serviço público também destinado a fiscalizar o poder, é instrumento para escavar e narrar a história. Podem anotar: enquanto as histórias contadas pelos jornalistas tiverem relevância pública e encantarem o público, nosso obituário continuará na gaveta.

* Blogueiro do UOL, ex-ombudsman da “Folha de S. Paulo” e autor da biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras).

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Sai Médici, entra Marighella: às 14h, cerimônia celebra novo nome de escola
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Mário Magalhães

 

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Gira a roda da história.

Logo mais, às 14h desta sexta-feira, uma solenidade convocada pela secretaria estadual da Educação da Bahia marca a mudança de nome do antigo Colégio Estadual Presidente Emílio Garrastazu Médici para Colégio Estadual do Stiep Carlos Marighella (Stiep é o bairro soteropolitano onde o estabelecimento se localiza).

A troca de nome, do ditador para o guerrilheiro que combateu a ditadura, foi decidida em eleição pela comunidade escolar. O rebatismo já tinha sido publicado no “Diário Oficial” do Estado.

Para saber mais sobre a mudança definida por estudantes, professores, funcionários e pais de alunos: Deu no ‘Diário Oficial’ da Bahia: colégio Médici vira colégio Marighella.

Para ler a opinião do blogueiro sobre o assunto: Colégio Presidente Médici decide trocar nome para Colégio Carlos Marighella’.


Comissão do Senado aprova mudança na Lei de Anistia; leia projeto e parecer
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Mário Magalhães

O coronel Paulo Malhães presta depoimento na Comissao da Verdade, no Arquivo Nacional, nesta terça-feira (25)

O coronel Paulo Malhães, matador impune – Foto Daniel Marenco/Folhapress

 

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Uma comissão do Senado aprovou nesta quarta-feira projeto de lei do senador Randolfe Rodrigues (PSOL/AP) derrubando interpretação da Lei de Anistia que assegura a impunidade de violadores dos direitos humanos no período mais repressivo da ditadura.

A lei de 1979 se refere a “crimes conexos”, formulação que, de acordo com os partidários da não punição, preservaria de julgamento e condenação os agentes públicos que torturaram, mataram e desapareceram com corpos _tudo à margem da lei, inclusive da legislação em vigor nos tempos da ditadura inaugurada em 1964.

Embora se descortine longo caminho na tramitação do projeto, a decisão da Comissão de Direitos Humanos do Senado constitui contundente revés à impunidade.

A maioria dos brasileiros, constatou o Datafolha, defende a punição dos velhos torturadores e matadores.

Para ler matéria da repórter Gabriela Guerreiro, basta clicar aqui.

A íntegra do projeto de lei apresentando pelo senador Randolfe Rodrigues, aqui.

E o parecer favorável do senador João Capiberibe (PSB/AP), aqui.


Na 6ª premiação do livro, ‘Marighella’ recebe Prêmio Brasília de Literatura
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Mário Magalhães

Editado pela Companhia das Letras, o livro está na quinta reimpressão

 

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Muito feliz, compartilho aqui no blog uma ótima notícia: “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo” recebeu o 2º Prêmio Brasília de Literatura como melhor biografia.

É a sexta vez que o livro, editado pela Companhia das Letras, é premiado. Antes, vieram o Prêmio Jabuti, o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), o Prêmio Casa de las Américas, o Prêmio Direitos Humanos e o Prêmio Botequim Cultural.

A entrega do Prêmio Brasília de Literatura ocorrerá na quinta-feira que vem. Para ler a lista dos premiados, basta clicar aqui.

No próximo sábado, 12 de abril, terei o prazer de, enfim, lançar a biografia em Brasília: a partir das 20h, na Bienal Brasil do Livro e da Leitura. Antes da sessão de autógrafos, farei a palestra “Marighella: a batalha das biografias e o direito à memória”.

“Marighella” está na quinta reimpressão. Será adaptado para o cinema, numa coprodução de Wagner Moura com a produtora O2. O filme marcará a estreia de Wagner como diretor de longa-metragem. Deve ser rodado em 2015 e lançado em 2016.


Flamengo colhe o que plantou e, merecidamente, fracassa na Libertadores
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Mário Magalhães

aaaaaa - andre santos

O decadente André Santos foi o retrato do Flamengo – AFP Photo / Vanderlei Almeida

 

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Depois da vitória contra o Emelec, eu achei que dava para o Flamengo sobreviver na Libertadores.

A condição, evidentemente, era repetir o desempenho competitivo demonstrado na vitória em Guayaquil.

Ontem, contudo, a ciclotimia se manifestou no aspecto mais desastroso, com atuação bisonha, o revés em casa, diante do León, e a eliminação na Libertadores 2014 ainda na fase de grupos.

Um time que, em três partidas no Maracanã, contra equipes mexicana, equatoriana e boliviana, só ganha uma vez não merece sobreviver na competição.

O Flamengo não apenas perdeu por 3 a 2. Levou um banho de bola, humilhado diante de sua torcida.

Assistiu ao toque do adversário mexicano, que permaneceu 55% do tempo com a bola nos pés (fonte: Footstats, em “O Globo”).

O León acertou mais finalizações a gol, 9 a 6, e muito mais perigosas, fazendo do goleiro Felipe no melhor rubro-negro.

Desta feita, ao contrário do ocorrido em partidas anteriores, o Flamengo recebeu mãozinha do árbitro, o argentino Diego Abal. Era para ele ter dado o segundo amarelo para André Santos no começo do segundo tempo e, no fim, o vermelho para Negueba. Amarelou e não deu.

O Flamengo ainda chegou à última rodada batalhando pela classificação porque o nível dos oponentes era baixo. Não baixíssimo, como no Campeonato Estadual, no qual o time da Gávea e do Ninho do Urubu disputa a finalíssima contra o Vasco no domingo.

Mesmo sem encarar bicho-papão, o clube fracassou porque mais uma vez não se comportou à altura da Libertadores.

A diretoria pensou pequeno, implementando um engano: para equilibrar as finanças, estrangulou o orçamento do futebol. Acabou perdendo muito dinheiro, ao desperdiçar a chance de faturar com a Libertadores.

Sem Elias, que partiu, e Luiz Antônio, que foi à Justiça contra o clube, antes de regressar, o Flamengo decaiu muito. Já não era nenhuma maravilha. Conquistara a Copa do Brasil, embalado pela torcida, mas quase caíra no Campeonato Brasileiro.

Cáceres voltou a jogar bem, mas se machucou.

Amaral, a solução com que Jayme de Almeida remediara a defesa, revelou-se um destrambelhado ao ser expulso no comecinho da estreia da Libertadores.

Elano, decadente, logo se contundiu. Ontem, que papelão, entrou, trotou por uns minutos e saiu. Por que escalá-lo?

No clínica geriátrica em que o Flamengo se transformou, o mais lamentável é a insistência de Jayme com André Santos, que já foi um bom jogador. Lento e cansado, ele falhou nos dois primeiros gols do León (no segundo, Samir também bobeou). Ao marcar o seu, arrancou a bandeira de escanteio, levando cartão amarelo que o intimidou na marcação por quase toda a partida. Um irresponsável, que está se lixando para o Flamengo. Por que Jayme o manteve tanto tempo se o lateral se arrastava? Por que ele está sempre cansado, um estafado atávico?

Pior do que a fragilidade do ataque foi a incapacidade do técnico de montar uma defesa combativa. O Flamengo assistiu ao León jogar. Com buracos atrás, foi Alecsandro que, sem precisar, fez a falta que resultou no cruzamento para o primeiro gol do León.

Jayme também errou ao tirar Paulinho, para a entrada de Nixon. Paulinho estava melhor do que Gabriel.

E Negueba rende quando se aposta em contra-ataques, e não quando se pretende encurralar o adversário.

Porém, reconheço, com o elenco medíocre é difícil Jayme obrar milagres. Sua maior infelicidade ontem foi ter (des)organizado um time que deixou o León jogar.

Se a diretoria continuar mirando só a xepa do futebol e enchendo o time de anciões, novas derrotas virão.

Pena, porque a torcida que encheu ontem o Maracanã não merecia o vexame.

P.S.: sobre a eliminação do Botafogo não escreverei, porque minha impressão é que o time não entrou em campo ontem (3 a 0 para o San Lorenzo, em Buenos Aires). Como o Flamengo, um papelão!


A sacada de Jep: ‘Não posso mais perder tempo fazendo coisas que não quero’
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Mário Magalhães

Jep Gambardella (Toni Servillo), personagem de “A grande beleza”, filme de Paolo Sorrentino

 

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A certa altura de “A grande beleza”, merecido Oscar 2014 de melhor filme estrangeiro (pastiche de Fellini uma ova!), o jornalista Jep Gambardella cai fora do que não lhe apetece e explica por quê:

“A mais consistente descoberta que eu fiz poucos dias depois de completar 65 anos foi que já não posso mais perder tempo fazendo coisas que não quero”.

Boa e inspiradora sacada.

Mas é incrível que o personagem vivido por Toni Servillo, um tipo mundano, autor de um livro só e entrevistador de prestígio, tenha demorado quase a vida inteira para descobrir o que descobriu.

Deveria ter começado muito antes a não perder tempo com o que não quer.

P.S., a propósito de tempo: na quinta-feira, 10 de abril, o blog voltará a ser atualizado. Até lá!


O que mais dói, ao escalar a seleção de todos os tempos, são as ausências
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Mário Magalhães

Com seis jogadores, geração do bi de 1958-62 domina a seleção ideal

Seleção da Folha: Gylmar; Carlos Alberto Torres, Aldair, Mauro Ramos e Nilton Santos; Falcão, Didi, Pelé, Garrincha, Romário e Ronaldo. Técnico: Telê Santana

blog - selecao mm vale

A minha seleção

 

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“Que absurdo!, cadê o Zico?”, bronqueou o meu caçula ao procurar e não encontrar o Galinho na seleção brasileira de todos os tempos, escalada por 70 eleitores consultados pela “Folha de S. Paulo”.

Como se vê, o moleque de sete anos sabe muito de futebol.

Inacreditável: tiraram da equipe o camisa 10 da Gávea. E ainda chamam o escrete escolhido de “o time dos sonhos”.

Azar da seleção brasileira de todos os tempos. Aqui em casa, o Zico perfila na seleção mundial.

Na da enquete da “Folha”, amargou o banco. Só se estivesse com dois joelhos estourados…

Eu não deveria reclamar tanto. Dos meus 11, emplaquei seis, mais o Telê. Faltaram o Barbosa, o Leandro, o Domingos da Guia, o Zizinho e… o Zico!

Colegas queridos e velhos amigos barraram o Zico, mas, para falar a verdade, o que mais me chateou não foi a ausência do meu ídolo.

E sim o drama de não votar em craques que reúnem atributos de sobra para vestir a amarelinha da eternidade.

Barrei o Ronaldo, maior artilheiro de todas as Copas, porque era ele ou o Romário, e este é genial.

Também não deu para o Rivaldo, melhor jogador, aos meus olhos, do time do penta.

Ronaldinho Gaúcho, que só colheu um solitário voto, merecia muito mais. Ele paga pelo presente.

Também doeu não votar no Carlos Alberto Torres, mas o Leandro talvez tenha sido o lateral-direito mais talentoso da história interplanetária.

Uma seleção , a minha, sem o Fenômeno, o Ronaldinho, o Rivaldo e o capita! O culpado sou eu, isso é o que mais dói. Babaca o cara que definiu 11 para cada lado.

Para encaixar a equipe, montei-a no sistema 3-4-3.

Considerei também jogadores que eu não vi em campo, com base em depoimentos, porque senão seria covardia. Não haveria seleção brasileira de todos os tempos, mas do tempo biológico dos eleitores.

O caderno especial publicado pela “Folha” em 30 de março teve como gancho os cem anos do primeiro jogo da seleção, em julho de 1914 (saiba mais clicando aqui).

Quando dei com ele, confesso, a primeira coisa que fiz foi procurar o Zico. Acabaram com o meu dia.


Com Eduardo Galeano e Lúcio de Castro, debate ‘Futebol e Ditaduras na AL’
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Mário Magalhães

O uruguaio Eduardo Galeano é o escritor internacional homenageado na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura

O escritor uruguaio Eduardo Galeano – Foto divulgação

O jornalista Lúcio de Castro – Foto reprodução ESPN Brasil

 

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“Futebol e Ditaduras na América Latina” é o tema do debate que reunirá o uruguaio Eduardo Galeano e os brasileiros Lúcio de Castro, Rodrigo Merheb e eu em Brasília, na II Bienal Brasil do Livro e da Leitura.

No meio dessas três feras, é claro que vou muito mais para ouvir.

Será no dia 13 de abril, a partir das 16h, no Auditório Nelson Rodrigues.

O grande Galeano é o escritor homenageado nesta edição da Bienal.

Lúcio, que no ano passado nos brindou com uma tremenda série sobre futebol e ditaduras do Cone Sul, vem de emplacar na ESPN Brasil furos retumbantes que derrubaram o chefão da cartolagem do vôlei.

Rodrigo é autor de “O som da revolução – Uma história cultural do rock, 1965-1969” (Civilização Brasileira).

Como disse, eu vou mais para ouvir.


Brasília: biografia ‘Marighella’ será lançada com palestra na Bienal
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Mário Magalhães

 

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Enfim, a biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras) será lançada em Brasília.

Terei a honra de participar da II Bienal Brasil do Livro e da Leitura, dia 12 abril, sábado.

A partir das 20h, no Auditório Jorge Amado, por coincidência amigo do protagonista do meu livro, farei a palestra “Marighella: a batalha das biografias e o direito à memória”.

Em seguida, haverá sessão de autógrafos.

Até lá!


Árbitros garfam Flamengo, Botafogo e PSG; prejuízo do alvinegro foi maior
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Mário Magalhães

blog - flamengo alecsandro

Alecsandro comemora seu gol de pênalti contra o Emelec – AFP Photo / Rodrigo Buendia

 

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Em Paris, PSG 3 x 1 Chelsea, o apitador era o sérvio Milorad Mazic.

No Maracanã, Botafogo 0 x 1 Unión Española, o uruguaio Daniel Fedorczuk.

Em Guayaquil, Emelec 1 x 2 Flamengo, o chileno Julio Bascuñán.

Os três árbitros erraram ontem em jogadas de pênalti ou de suposto pênalti.

O equívoco menos grave, portanto com opiniões mais divididas, pareceu-me o penal marcado no estádio Parc des Princes. Mazic apontou falta de Thiago Silva em Oscar, dentro da área. Por mais arriscado que tenha sido o carrinho do zagueiro do PSG, é visível que o meia do Chelsea não foi derrubado por ele. Iria despencar e aproveitou para permitir o choque embaixo. Mais uma vez, o técnico Mourinho ganha mãozinha do juiz.

A garfada  mais acintosa foi a de Fedorczuk contra o Botafogo. O lateral-esquerdo Júlio César tocou a bola para escanteio e só depois houve um leve choque com Jaime. Um escândalo que decidiu a partida.

(Devo entender pouco de regras de futebol e interpretação de lances, porque o comentarista de arbitragem Carlos Simon afirmou que houve pênalti.)

O Flamengo foi prejudicado quando, corretamente, Bascuñán assinalou pênalti contra o Emelec. Se o zagueiro Nasuti não tivesse cortado com a mão, Alecsandro cabecearia, pois seu marcador vinha atrás dele, e não disputando a bola lado a lado. Situação clara de gol. Em vez de ser expulso, Nasuti lamentavelmente foi advertido apenas com o cartão amarelo, no comecinho do jogo.

(De fato, sei nada ou pouco. O comentarista de arbitragem Renato Marsiglia julgou que não era caso de vermelho.)

Flamengo e PSG deram a volta por cima e venceram. Mas o time parisiense poderia ter uma vantagem mais larga para o jogo da volta, pelas quartas-de-final da Champions. E o Flamengo, se tivesse enfiado mais gols contra um time com dez, poderia empatar na derradeira partida da fase de grupos da Libertadores, quando terá obrigação de bater o León.

No caso do Botafogo, o erro sangrou muito mais. Agora, a equipe decidirá na Argentina, contra o San Lorenzo. Pode se classificar, mas é o desafio que se descortina mais complicado.

Três pitacos sobre os jogos, falando só de futebol.

No confronto europeu, impressionou a forma do belga Hazard (Chelsea), 23, e do italiano Verratti (PSG), 21. O brasileiro Willian (Chelsea), também esteve muito bem, principalmente no primeiro tempo. Lavezzi, que fez um gol bonito, e Pastore, que marcou um golaço, os dois do PSG, são reservas na seleção argentina. Reservas! Se nossos vizinhos tivessem do meio para trás a qualidade que têm do meio para frente, seriam os melhores do mundo.

No Maracanã, o Botafogo demonstrou que a dependência de jogar em função de um centroavante enfiado se acentuou. Sem Ferreyra, suspenso, as chances diminuíram. No ano passado, o time tocava a bola, valorizando-a. Agora, cruza na área. Com Henrique mal, deu em nada. (Não custa enfatizar que o placar foi definido por invenção do árbitro.)

Depois da atuação de ontem, comandando o time em campo, Alecsandro merece ser titular na decisão contra o Léon. Wallace fez um partidaço. Jayme errou ao trocar no segundo tempo Muralha por Recife, que errou passes demais, inclusive no lance do pênalti bem marcado contra o Flamengo. Welinton, cedo ou tarde, vai cometer uma estupidez, quase sempre é assim: ontem, fez o pênalti dispensável que resultou no gol do Emelec. Jayme acertou em colocar Negueba para puxar os contra-ataques. Foi dele o passe para Paulinho no gol da vitória. Se a ficha cair, e o Negueba se der conta de que não é craque, ele pode vir a se tornar um bom atacante.

Em tempo: e os obituários precipitados do Flamengo, publicados na semana passada?