Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : agosto 2013

Memória – Em 2007, Cabral disse que Rocinha é fábrica de marginais
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Mário Magalhães

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Boa notícia do fim de semana: o jornal “O Globo” colocou na internet toda a sua coleção digitalizada. Para ler o antigo vespertino fundado por Irineu Marinho, não precisarei mais ir à Biblioteca Nacional, cujo salão de leitura se transformou em sauna, com a pane no ar-condicionado.

“O Globo” se junta a publicações como “Folha de S. Paulo”, “O Estado de S. Paulo”, “Veja” e os falecidos “Última Hora” e (impresso) “Jornal do Brasil”, cujas edições já estavam na rede. Sem contar as centenas de títulos da hemeroteca digital da Biblioteca Nacional, como a “Tribuna Popular”, lançada em 1945 no Rio.

Para testar o sistema do “Globo”, eu quis saber quando Sérgio Cabral havia pronunciado a declaração capaz de regozijar tarados da eugenia: ele propôs a legalização do direito ao aborto com o propósito de diminuir a “fábrica de produzir marginais” que seriam a Rocinha e outras favelas.

Foi em outubro de 2007.

O Amarildo mora (morava) na Rocinha e tem (tinha) seis filhos. Um delegado afirmou que o pedreiro miserável era traficante. Talvez, para o governador, isso confirme sua tese nazistoide.

Em tempo: cadê o Amarildo?


‘A menina quebrada’, de Eliane Brum: terça, na Travessa
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Mário Magalhães

 

 

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A guria é um escândalo de tão talentosa. Apura bem, escreve bem, talvez os mais íntimos conheçam algum defeito nela.

Trata dos temas mais delicados com imensa delicadeza, driblando as arapucas da pieguice.

Ela lança nesta terça-feira, aqui no Rio, seu livro “A menina quebrada e outras colunas de Eliane Brum”. Na Livraria da Travessa, em Ipanema, a partir das 19h.

A coletânea da repórter que inspira tantos colegas e comove legiões de leitores sai pela Arquipélago Editorial.

Quer saber mais sobre o livro? Leia aqui. E apareça amanhã na Travessa.


Reserva do Barça, Fàbregas seria disparado o melhor jogador do Campeonato Brasileiro
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Mário Magalhães

 

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Que Messi tenha se sobressaído no chocolate de 7 a 0 que o Barça aplicou no Levante não constitui novidade. Talvez só tenha surpreendido um pouco porque havia sentido dores musculares durante a semana. Ficou fora de um amistoso da Argentina. Voltou voando ontem.

Tirando quem não é deste planeta, quem me assombrou mais uma vez foi Francesc Fàbregas, craque a mesma safra de Messi e Piqué, a dos nascidos em 1987.

O cara só não fez gol, porque criou, deu passe para gol, participou de jogada de gol, mostrou-se onipresente. A partir da meia-esquerda, correu o campo todo, azucrinando o pobre time valenciano. Espetacular.

O mais incrível é Cesc ser reserva na equipe de Martino. Ele jogou no lugar de Iniesta. É mais banco do que Neymar, cujo lugar na extrema-esquerda do ataque parece reservado, assim que ele tonificar a saúde e avançar na adaptação. (Neymar tem ainda mais potencial do que Cesc.)

Dizem que o Manchester United ofereceu 45 milhões de euros por Fàbregas, que não teria se interessado. Quer vencer na Catalunha.

Esse reserva de clube seria o melhor jogador do medíocre Campeonato Brasileiro, com larga vantagem. Seedorf e Alex têm se mostrado esplêndidos, mas já sentem fadiga de material. Aos 26 anos, Fàbregas vive o auge.

Acho curioso quem rejeita o Campeonato Espanhol pela assimetria entre as equipes, provocando goleadas como a do domingo. Um jogo “equilibrado”, como Fluminense 1 a 0 contra o Náutico, de tão horrível, conseguiu o feito de me expulsar de frente da TV no sábado. O clássico sem gols entre Flamengo e São Paulo, outro confronto entre semelhantes e com muito “equilíbrio”, deu nos nervos, tamanha a indigência para passar e finalizar.

Disparado, o melhor do fim de semana, do que eu pude assistir, foi o Barça. Não teve para o Bayern de Munique ou o Borussia Dortmund. O Botafogo, com o futebol que tem me encantado, eu não vi.

Acho que o Neymar fez bem em ter permanecido no Brasil até há pouco tempo e mais bem ainda em ter ido embora depois da Copa das Confederações.


Peritos descobrem cinco ‘novas’ balas em cadáver de guerrilheiro morto na ditadura
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Mário Magalhães

Exumação dos restos de Arnaldo Cardoso Rocha, 2ª-feira em BH – Foto Comissão Nacional da Verdade

 

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Peritos da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP) descobriram nesta semana cinco balas no corpo do guerrilheiro Arnaldo Cardoso Rocha, morto em 1973 por agentes da ditadura.

De acordo com o laudo da necropsia emitido à época da morte, havia sido retirado apenas um projétil do cadáver do militante da Ação Libertadora Nacional (ALN), organização armada opositora do regime instaurado em 1964. Não haveria mais balas no corpo, informaram erradamente os médicos-legistas Isaac Abramovitc e Orlando Brandão.

Os restos de Arnaldo foram exumados na segunda-feira, em Belo Horizonte, como contou Carlos Eduardo Cherem. A iniciativa foi da Comissão Especial sobre Mortos e Desaparecidos Políticos.

No sábado, eu escrevera um pouco sobre a história do Arnaldo.

A exumação tenta ajudar a reconstituir as reais circunstâncias da morte do guerrilheiro, em São Paulo, por agentes do DOI (Destacamento de Operações de Informações) do II Exército.

A Comissão Nacional da Verdade acompanhou o trabalho em Minas e divulgou, por meio de sua assessoria de comunicação, a seguinte nota informando as descobertas:

Nota da Comissão Nacional da Verdade

“Foram exumados na manhã de ontem em Belo Horizonte os restos mortais do militante político Arnaldo Cardoso Rocha, morto pouco antes de completar 24 anos de idade,  em 15 de março de 1973, por uma equipe do Doi-Codi de São Paulo, um dos principais organismos do aparato de repressão.

Arnaldo foi morto com mais dois companheiros da ALN, Francisco Emanuel Penteado, de 20 anos, e Francisco Seiko Okama, de 26 anos. A versão oficial divulgada pela polícia na época é que eles resistiram à prisão ao serem abordados pela polícia na rua Caquito, na Penha, e que dois deles morreram no local. Entretanto, testemunhos colhidos nos anos 80 apontam que, pelo menos dois deles, Arnaldo e Seiko, feridos a bala, foram colocados num carro e levados para o Doi-Codi, onde foram ainda torturados e morreram.

A exumação foi realizada por peritos do Centro de Medicina Legal da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto (USP), coordenados pelo fisiologista Marco Aurélio Guimarães, com a participação de Alexandre Pavan, da Polícia Federal, por ordem da Comissão Especial Sobre Mortos e Desaparecidos Políticos a pedido da viúva de Arnaldo, Iara Xavier Pereira, mãe do filho do militante assassinado.

A diligência, a pedido de Iara, foi acompanhada pela Comissão Nacional da Verdade, que enviou o assessor André Vilaron, e pelo Ministério Público Federal, representado pelo procurador da República Sergio Suiama. Também compareceram a exumação integrantes do Comitê pela Verdade, Memória e Justiça de Minas Gerais e o deputado federal Nilmário Miranda.

O objetivo da exumação é obter mais detalhes que possam esclarecer as circunstâncias da morte de Arnaldo. O laudo necroscópico original, assinado pelos médicos Isaac Abramovitc e Orlando Brandão, atesta a versão da repressão e informa que o corpo de Arnaldo tem sete perfurações de bala. Um dos disparos transfixou a mão de Arnaldo, o que caracteriza um gesto de autodefesa muito comum quando os atiradores estão próximos da vítima, o que pode indicar execução.

Na época da morte não houve uma necrópsia independente. No dia seguinte da morte de Arnaldo, logo que soube da morte do filho pelo noticiário, João de Deus Rocha foi a São Paulo e exigiu a entrega do corpo. Este foi entregue em um caixão vincado, lacrado, apenas com uma abertura para ver o rosto (o que de fato se confirmou ontem, na exumação). Agentes do Exército acompanharam o caixão até Belo Horizonte, pois havia determinação expressa de que o caixão fosse enterrado sem  ser aberto.

Ontem, enfim, o caixão de Arnaldo foi aberto. O corpo do militante foi coberto por água, que tomava todo o sepulcro. Esta água escorreu por frestas entre os túmulos de Arnaldo e de sua irmã, sepultada acima dele. A grande quantidade de água beneficiou a preservação do corpo.

A equipe de antropologia forense recolheu ao menos cinco projéteis do corpo de Arnaldo ontem, o que desmonta parte do laudo de exame necroscópico, que fala apenas na existência de um projétil no corpo da vítima, e que este teria sido retirado. Na exumação, ontem, também se constatou que realmente não foi feita a autópsia do corpo, o que coloca em questão os laudos necroscópicos oficiais feitos à época.

A diligência foi concluída à tarde quando técnicos extraíram amostras de DNA do pai e da mãe de Arnaldo, João de Deus Rocha (antigo líder do PCB) e Annette Cardoso Rocha, ambos nonagenários, e de uma de suas irmãs, Maria Letícia Rocha Pimenta.

Os restos mortais de Arnaldo seguiram para os trabalhos de perícia e exames de laboratório, como o exame de DNA, trabalhos que serão coordenados pela equipe da antropologia forense da USP-Ribeirão, vinculada a projeto da Secretaria de Direitos Humanos (SDH), com apoio da Polícia Federal”.


Ao contrário do que diz Eduardo Paes, políticos explicam até batom na cueca
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Mário Magalhães

O prefeito do Rio, Eduardo Paes, em sabatina de agosto de 2012 – Foto Hélio Motta/UOL

 

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O prefeito Eduardo Paes afirma não ter orientado sua base na Câmara Municipal a barrar a CPI que investiga _ou deveria investigar_ falcatruas no sistema de ônibus.

Contra Paes: é cascata. Ele não queria a comissão e batalhou por isso. Como não deu para evitá-la, seus partidários colocaram nos postos-chave vereadores que haviam se oposto à instalação da CPI.

A favor de Paes, ou relativizando suas ações: o que o prefeito do Rio faz é rigorosamente igual ao modo como operam Dilma na Câmara e no Senado, Sérgio Cabral na Assembleia fluminense e Geraldo Alckmin na paulista. Usam a condição de maioria para evitar investigações legítimas. O Executivo sufoca o Legislativo.

O prefeito disse que eventuais irregularidades serão reveladas pela CPI: “Se tem batom na cueca, se tem picaretagem, isso vai ser aberto”.

Paes já tem idade para saber que os políticos têm explicação para tudo, como se viu no episódio do preço das passagens de transportes públicos, em que ele foi protagonista aqui na cidade. Choramingavam que não dava para segurar as tarifas, mas deu.

Em outras palavras, até batom na cueca dá para explicar em casa, como me ensinou de brincadeira o saudoso colega Oldemário Touguinhó, ícone do jornalismo esportivo e do velho “Jornal do Brasil”.

Bastava contar o seguinte, falava o Oldemário: vinha eu andando pela avenida Rio Branco, quando surgiu uma anã caminhando em minha direção, no exato instante em que o cinto arrebentou e minha calça caiu, eu tropecei, e a anã, com a boca untada de batom, chocou violentamente seus lábios contra minha cueca samba-canção.

Difícil de acreditarem em casa nessa lorota? Claro. Mas, como os políticos, o dono da cueca bandeirosa não está preocupado se vão se fiar em sua balela ou não. E sim em marcar posição: as coisas não são o que parecem, mesmo que o rei esteja nu ou com a cueca colorida de batom lilás.


Dono do futebol mais vistoso, líder Botafogo merece mais de 15 mil pessoas no Maracanã
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Mário Magalhães

Seedorf, cracaço, ontem contra o Inter – Foto Divulgação/Vítor Silva/ SSPress

 

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Diante de 15 mil presentes e 11 mil pagantes, o Botafogo empatou com o Inter em 3 a 3, numa partida empolgante.

É muito pouca gente para o futebol com que o time conduzido por Oswaldo, no banco, e Seedorf, no campo, tem contemplado o público neste Campeonato Brasileiro.

Se o futebol, como o homem, é suas circunstâncias, foi mesmo de enlouquecer os alvinegros mais um gol sofrido no último suspiro, desperdiçando dois pontos. Mas o Botafogo tornou-se líder, apesar do elenco limitado e dos atrasos salariais.

Ainda que o preço do ingresso seja salgado, uns R$ 40 em média ontem, o Maracanã reedita os números modestos que celebrizaram o Engenhão, na verve maldosa dos rivais, como Vaziozão.

A torcida do Fogão, de perfil classe média, e não proletário ou lúmpen, é numerosa e poderia ir mais aos estádios.

Antes que me avacalhem, não estou equiparando a equipe carioca à catalã. No entanto, o que existe de mais próximo, aqui nestas bandas, da estética do Barça é o Botafogo.

Mais que valorizar a posse de bola, o time se destaca pela movimentação dos jogadores, confundindo os adversários. Tal e qual a equipe do Messi. O Botafogo joga bonito e é competitivo, como evidencia a liderança.

A propósito, meses atrás botafoguenses cuspiam vitupérios contra o técnico: o Oswaldo quer fazer um Barcelona tendo o Rafael Marques no lugar do Messi, desabafavam.

Pois não é que a insistência do treinador tinha méritos? O Rafael Marques está a anos-luz do Messi, mas tem qualidades que só o Oswaldo identificava, e a história provou que com razão.

Dá gosto ver o Botafogo jogar. Pode vir a perder o campeonato, pois não conta com tantos talentos como outros clubes, além de outros problemas. Mas é o time que enche os olhos dos amantes do futebol.

Em tempo: o colorado merecia lugar melhor na tabela de classificação. Tem qualidade e sobretudo disposição para chegar lá em cima.


Com direção de Wagner Moura, ‘Marighella’ tem tudo para ser um filmaço
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Mário Magalhães

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Nenhum fantasma assombra _ou deveria assombrar_ tanto um jornalista como o lugar-comum. O diacho é que às vezes nenhuma ideia parece tão clara e verdadeira como a do clichê. Pois me rendo a um deles: ao ceder os direitos de adaptação do meu livro para o cinema, sinto-me como um pai que assiste a um filho ir embora de casa.

Recapitulando: no fim de 2012, depois de nove anos de trabalho insano, lancei pela Companhia das Letras a biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo”; o livro foi recebido com generosidade pela crítica, tanto a jornalística quanto a acadêmica; sobretudo, e mais importante, pelos leitores.

Ontem saiu o anúncio de que cedi os direitos da biografia para o Wagner Moura e a produtora O2 Filmes. Ator consagrado, intérprete do Capitão Nascimento, Wagner estreará como diretor de longa-metragem. A O2, responsável por obras como “Cidade de Deus” e “Ensaio sobre a cegueira”, escalou como produtores executivos do projeto seus sócios Fernando Meirelles, Andrea Barata Ribeiro e Bel Berlinck, que está morando por uns tempos aqui no Rio.

O repórter Rodrigo Fonseca entrevistou o Wagner. A O2 (lê-se “o”, como a letra, e não “zero”) informou oficialmente nesta nota.

O cupido da relação foi a atriz Maria Marighella, neta do meu biografado, que apresentou o livro ao seu amigo Wagner e fez o meio-campo entre ele e eu. O primeiro encontro de nós três, um almoço numa trattoria afrancesada do Jardim Botânico, rolou em janeiro, se a memória não me trai.

Antes e depois, ouvi outras propostas e sondagens de um pessoal bacana do cinema. Eu poderia me fazer de bocó ou poseur, dizendo que não esperava, mas mentiria. Em numerosas oportunidades, enquanto escrevia o livro, pensava que determinada cena renderia uma tremenda sequência em filme ou minissérie. Fosse uma cena de amor ou de tiroteio. E me divertia imaginando os atores que se encaixariam nos papéis.

O livro começa com os tiras da polícia política baleando Marighella no cinema, em maio de 1964. Com três orifícios sangrando, o cinquentão resistiu à prisão, lutando capoeira contra um magote de agentes do Dops. O Wagner contou ao Rodrigo Fonseca que pensa em abrir o filme com esse episódio.

Biografias têm eixo. A do Assis Chateaubriand, obra-prima do Fernando Morais, escrutina o gosto exacerbado pelo poder. Uma do Carlos Lacerda, que senhor personagem, trataria do ódio, do homem brilhante movido pelo fígado. A do revolucionário Carlos Marighella (1911-69) é uma história de ação. De filmes de ação, e não apenas deles, o Wagner e a O2 entendem.

A imagem do filho que parte para morar sozinho ilustra como eu sinto a próxima aventura do Marighella no cinema. O rebento sai da aba dos pais, pois cresceu e seguirá em frente sem estar mais tão perto. Não é triste, pelo contrário. O livro criou perninhas, anda por si só, vai gerar novas histórias do Marighella.

O filme que vem por aí é de ficção, ainda que baseado em fatos reais _já foram feitos pelo menos quatro documentários sobre Marighella. Quem quer saber exatamente o que ele fez, disse e (quando possível) pensou, pode ler no livro. No cinema, é legítimo condensar personagens reais em um só, criar personagens fictícios para amarrar núcleos da trama, fantasiar situações que ajudem a sintetizar trajetórias e ideias. É arte, ficção.

O Wagner e a O2 ficarão livres da maldição que abate tantos cineastas e produtores no Brasil e no exterior: a do autor de livro não ficcional que os aporrinha cobrando fidelidade letra por letra à narrativa literária. Ora, o livro é o livro. O filme de ficção é o filme de ficção. O autor responde pelo seu livro. O diretor e os produtores, pelo filme.

Como sabe quem leu a biografia, não escrevi uma hagiografia, propaganda do protagonista. Nem panfletei contra ele. Rejeitei veleidades de magistrado, querendo julgar Marighella. Como costumo reiterar, é legítimo amá-lo ou odiá-lo, mas é impossível ficar indiferente à sua existência frenética.

O que não falta é matéria-prima para um filme de tirar o fôlego. A vida real do Marighella é mais fantástica, para o bem e para o mal, do que qualquer mitologia marighellista ou antimarighellista já criada.

Cá entre nós, o personagem Marighella e seu biógrafo merecem comemorar: ter essa história fascinante contada por gente do talento do Wagner Moura e das feras da O2 é como ver o filho saindo de casa e dando sorte na vida.

O filme sobre Marighella é um baita desafio artístico. Tem tudo para ser um filmaço. E será.