Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : maio 2015

Com advogado e tapetão do Brasil, talvez o Boca ganhasse os pontos do River
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Mário Magalhães

Leonel Vangioni, do River, depois de atingido pelo aparente gás de pimenta – Foto Juan Mabromata/AFP

 

A vergonha na Bombonera ainda tem muitos aspectos obscuros.

As imagens mostram um torcedor do Boca Juniors aprontando, com a mão a atravessar o plástico do túnel, no regresso dos jogadores do River Plate para o segundo tempo.

Isso deixa claro que o clube da casa não ofereceu segurança aos visitantes.

O clássico acabou pela metade.

Mas não se sabe ao certo quem atacou atletas do River com a substância apontada como gás de pimenta.

Um vídeo divulgado pelo “Olé” (assista aqui) dá margem à suspeita de que a estupidez tenha sido obra da polícia.

Reitero que o Boca, ao não garantir a integridade física dos rivais, deve ser punido com a perda dos pontos e a consequente eliminação da Libertadores. Basta aplicar o que o regulamento prevê.

Alguns toques sobre o vexame:

1) já apareceu alguém culpando a madame Kirchner? Pois não disseram que a presidente havia mandado matar o promotor?;

2) depois dos estragos vistos na pele, nos olhos e na respiração de jogadores do River, a polícia aqui no Brasil ainda terá a desfaçatez de afirmar que gás de pimenta não causa dor e desespero? Num alérgico e cardiopata, pode matar;

3) se o Boca contratar certos advogados brasileiros, desses que obram o milagre de time rebaixado jogar a primeira divisão, talvez até consiga, na Conmebol, vencer a partida no tapetão e castigar o River pelas agressões que o River sofreu.

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O jornalismo no Facebook será censurado?
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Mário Magalhães

Cena do filme “Dona Flor e seus dois maridos”

 

Desde ontem grandes companhias de jornalismo e comunicação estão veiculando suas produções diretamente no Facebook.

Entre as que já deram a largada e estão na iminência de dar destacam-se BBC, NBC, “The New York Times”, “The Guardian”, “Der Spiegel”, BuzzFeed.

Há pouco material, e a iniciativa ainda é uma experiência.

Até agora, os grupos de mídia divulgavam com chamadas curtas seu conteúdo na rede social. Ao se deparar com elas, o internauta era obrigado a clicar no link, para acessar o site original da publicação. Assim funciona também no Brasil.

No novo estatuto, a informação integral estará no Facebook, dispensando outro acesso.

Do ponto de vista do negócio, a novidade oferece vantagens e desvantagens para os produtores de notícias.

A vantagem mais evidente é o potencial incremento da audiência do conteúdo.

A desvantagem mais insinuante é a diminuição do tráfego no site produtor.

Jornalismo é uma operação cara. Com menos público, portanto menos publicidade e, em certos casos, assinantes, é possível ou provável que a receita caia.

Com menos dinheiro, fica mais difícil enviar repórteres para contar acontecimentos distantes. Ou cobrir, com profissionais mais qualificados, da segurança pública à falta d’água. Contratar os designers mais talentosos.

Não tenho informações suficientes para saber se há mais chances de ganhar ou perder.

Quem lucra, certamente, é o Facebook, vitaminando sua audiência e compartilhando parcela do faturamento publicitário.

O que parece obscuro é a condição do contrato em teste: o acordo impõe aos parceiros as regras jornalísticas e comportamentais do Facebook?

Se isso ocorre ou vier a ocorrer, é ou será daninho para o jornalismo e a democracia.

Como se sabe, a rede do empresário Mark Zuckerberg impõe limites à livre manifestação e, em consequência, ao jornalismo.

Outro dia, censurou uma foto de índia com seios à mostra postada pelo Ministério da Cultura. Ameaçado de processo, o Facebook recuou.

Até reprodução de quadro artístico já foi vetada pelo Facebook, em nome dos bons costumes, embora sem usar tais palavras e muitas vezes sem justificar o confisco informativo.

A pluralidade dos meios de comunicação faz bem à cidadania.

Se todo mundo, de portais a emissoras de TV, de blogs a jornais e revistas, tiver que obedecer a um manual de redação do Facebook, haverá enorme perda democrática.

A diversidade de ideias e conceitos será sufocada pela voracidade do pensamento que se pretende único.

O Brasil conhece a tragédia da concentração excessiva da comunicação, mal inexistente ou menos grave nas grandes democracias, dos Estados Unidos à Europa.

Observe-se a imagem lá no alto.

É de uma sequência do filme “Dona Flor e seus dois maridos”. Obra-prima dos anos 1970, mostra Sônia Braga, a Dona Flor, e José Wilker, o marido-amante Vadinho, mandando ver.

Trata-se de arte. Copiei-a do site do festival de cinema de Cannes, o de maior prestígio do planeta.

Este blog mantém uma página no Facebook. Lá são veiculadas chamadas com título e link, acompanhados de fotografia.

O critério jornalístico é prerrogativa do blogueiro. Considero Flor e Vadinho namorando uma sequência esteticamente mais interessante e de maior valor histórico do que a protagonista dando aulas de culinária.

Hoje, o Facebook pode apagar a foto.

Incrivelmente, violando a legislação brasileira que garante a livre difusão de arte, pensamento e ideias. E não autoriza a censura.

O “New York Times” aceitará se submeter ao Facebook? Se um editor considerar, por motivos estritamente jornalísticos, que uma reportagem sobre o filme “O império dos sentidos” deva mostrar um personagem despido, não poderá efetivar essa decisão?

No Brasil, a imprensa documentou _foto do grande Marcelo Carnaval_ uma moça sem calcinha na Sapucaí, ao lado do presidente da República. Certo ou errado, cada publicação obedeceu aos seus valores.

As práticas jornalísticas mudarão obrigatoriamente, devido à joint-venture com o Facebook?

Por enquanto, há mais perguntas do que respostas.

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Corinthians, Inter, Tévez, Ganso, patinhos feios e boazudas do colégio
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Mário Magalhães

O Valdívia fake está jogando muito mais que o de fábrica – Foto Alexandre Lops/Internacional

 

Alguns pitacos depois de assistir a Real Madrid 1 x 1 Juventus, Cruzeiro 1 a 0 no São Paulo e triunfo nos pênaltis, Inter 3 x 1 Galo, dar algumas bisolhadas em Corinthians 0 x 1 Guaraní e da frustração de ter perdido as 22 cobranças de penais que valeram a sobrevivência do Coritiba e a eliminação do Fortaleza. Tudo isso na quarta-feira, pela Champions, Libertadores e Copa do Brasil.

Atropelado pela brava equipe paraguaia, o Corinthians lembrou aquelas garotas da escola e da faculdade que eram muito bonitas, boazudas de arrancar suspiros e devoções, donas de consciência sei-que-sou-boa. Vale também para garotos e qualquer ser que faça crescer o olho.

O tempo não foi camarada com muitas daquelas gurias, que sem o viço da mocidade perderam o encanto. Idem com o time do Tite, que era de fechar o trânsito no começo do ano, até degringolar e ser eliminado com requintes de humilhação.

Já o Internacional do princípio da temporada, a despeito do elenco de responsa, não chamava muito a atenção. Irregular, parecia pouco competitivo e confiável. Mudou como os patinhos feios do colégio que desabrocham com os verões e a maturidade. Sabe aquela amiga da irmã cujo nome a gente nem queria saber e que mais tarde virou musa? Eis o Inter, que melhorou demais. Ontem à noite, ofereceu os dois golaços do dia. Um do Valdívia fake, outro do D’Alessandro.

Na Champions, mesmo sem brilhar, Carlos Tévez mais uma vez comoveu pela disposição de luta. Estará na final, com a Juventus, contra o Barça.

Ao São Paulo, em Minas, faltou ambição ofensiva, apetite. E Ganso, o craque de coração polar, novamente não deu impressão de honrar a paixão da torcida.

Tévez vai na bola como um famélico no prato de comida.

Ganso aparenta ser anoréxico.

Tévez é sangue latino.

Ganso, sangue de barata.

Inter e Cruzeiro são os brasileiros que seguem na Libertadores.

O Inter hoje tem pinta de favorito, mas é bom se cuidar. Caso contrário, vai acabar como o Corinthians e algumas boazudas de antigamente.

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Devoção por Guardiola é questão ideológica
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Mário Magalhães

Guardiola declarou que méritos são de jogadores. Bayern x Barça se enfrentam na Alemanha, na terça

Para Pep, futebol é prazer, tormento e epifania – Foto Reuters/Michaela Rehle

 

Ideologia da bola, bem entendido.

A que une no futebol Johan Cruijff, o mestre, e seu discípulo e ex-jogador Pep Guardiola.

E não a que separa na política o catalão de berço Guardiola, favorável à independência de sua terra, e o catalão de coração Cruijff, contrário.

O encanto de Guardiola como técnico consiste mais na profissão de fé no jogo ofensivo do que na capacidade notável de identificar potenciais e oportunidades _foi ele quem descobriu a posição, no meio do ataque, ciscando para cá e para lá, em que Lionel Messi mais rendeu.

Estando por cima ou por baixo, Pep eterniza uma cantilena sincera, a de que monta suas equipes para buscarem o gol.

Com equilíbrio, azeitando táticas para defender e fustigar, mas com o plano estratégico de gerar chances que resultem em mudança de placar.

O Barcelona que ele idealizou, um dos times mais espetaculares de todas as épocas, só tinha um volante-volante, Busquets.

O treinador-ideólogo chegou a escalar dez jogadores de linha sem que nenhum deles fosse originalmente zagueiro ou lateral.

Ele já disse que sua ambição é que o público se deleite ao assistir a seus times como tem prazer ao ver uma ópera.

Atormenta-se tanto que parece ter uma década mais que os seus 44 anos.

Sua obsessão é obstáculo à permanência longeva nos clubes, pois os elencos se desgastam com a pressão: virtuosa nos primeiros anos, ela tensiona demais os ambientes a partir de certo tempo. Foi assim no Barça, parece ser no Bayern.

A despeito das faíscas, os atletas o respeitam.

Primeiro, porque com Guardiola os desempenhos tangenciam o paroxismo.

Segundo, porque o ex-meia proclama o caráter sagrado do vestiário dos atletas _ele nem passa pela área reservada aos boleiros.

Terceiro, porque é fiel, e não traíra. Um dos motivos que o levaram a se despedir do seu clube querido foi a convicção de que, para um novo ciclo de triunfos, seria aconselhável afastar veteranos a quem ele era muito grato _Puyol e Xavi, sobretudo. Recusou-se a fazer o que era necessário.

Não é íntimo de jogador, mas celebra a condição deles de autênticos protagonistas (há treineiros mequetrefes que fantasiam serem os donos de vitórias conquistadas por quem calça chuteira).

O que não o impede de vibrar com descobertas e epifanias, como a posição de Messi, ou a execução perfeita, consequência de treinamento insano, da saída de bola com passe do goleiro, e não chutão _Valdés tinha a opção ao menos de dois zagueiros bem abertos, do volante e de um meia, para escolher a saída mais segura.

Josep Guardiola não entra para especular no erro do adversário. Tenta não conceder-lhe a bola. Não por fetiche, mas por considerar que enquanto ela está sob o domínio dos seus eles podem chegar ao gol oponente. Ao menos, impedem golpes dos adversários.

Pep não inventou nada disso, mas aperfeiçoou o que pioneiros tinham ensaiado com sucessos e insucessos.

Quando o Barça humilhou o Santos no Mundial, não pela goleada, mas pela postura, Guardiola disse que moldara o time no estilo que seu pai descrevia como o dos brasileiros de outrora.

Pois a fixação na posse de bola vem tanto do holandês Cruijff quanto dos brasileiros Telê Santana, Cláudio Coutinho e Carlos Alberto Parreira.

Condutor do Flamengo do Zico no ápice, Coutinho pregava que um escrete de futebol deve manter a pelota consigo como faz um quinteto de basquete.

Como testemunhei um sem-número de vezes, Telê, encolerizado, interrompia os treinos do São Paulo quando alguém errava um passe fácil.

No dia em que Guardiola lançou dez não-defensores em campo, lembrei-me do antigo vaticínio de Zagallo, que sabe muito de futebol: no futuro, o sistema dominante será o 1-10.

O Bayern de Munique pode vencer nesta terça-feira ou levar outro chocolate do Barcelona (torço pelos blaugranas).

Não mudará minha devoção por Guardiola.

Ela é ideológica.

Pelo mesmo motivo, um retranqueiro dependente de contra-ataques pode ganhar dez Champions ou Copas do Mundo, mas não terá minha reverência.

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Imagens (6): fruto da indiferença cabe na mala
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Mário Magalhães

“Eu me chamo Abou”, disse o menino de 8 anos ao ser descoberto – Foto EFE

 

“Je m’appelle Abou”, disse o menino de oito anos ao ser descoberto na semana passada, escondido numa mala de rodinhas.

Uma jovem marroquina de 19 anos tentava entrar com ele na Espanha.

O garoto da Costa do Marfim falou em francês, “Meu nome é Abou”, quando o scanner da segurança o revelou e abriram a mala.

Foi atendido pela Cruz Vermelha e está sob os cuidados de entidades espanholas.

Seu pai, que o esperava, acabou detido, bem como a marroquina.

No dia seguinte, a Justiça determinou a prisão do pai, que vive legalmente numa ilha da Espanha.

A mala com Abou conta mais sobre desigualdade _e indiferença com a desgraça na África_ que um livro do Piketty.

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Imagens (5): no Rio, exposição de Ana Carolina Fernandes abre na 4ª-feira
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Mário Magalhães

blog - exposição ana carolina fernandes

 

Orgulho do fotojornalismo brasileiro, Ana Carolina Fernandes abre ao público nova exposição na quarta-feira.

A mostra “Ana Carolina Fernandes Repórter”, com curadoria de Milton Guran, fica em cartaz no Rio até o dia 26 de julho.

No Centro Cultural Correios (rua Visconde de Itaboraí, 20), de terças a domingos, das 12h às 19h.

A exposição faz parte da programação do FotoRio 2015, o Encontro Internacional de Fotografia do Rio de Janeiro.

Para conhecer algumas fotos de Ana Carolina que estarão no centro cultural, sugiro uma visita ao blog da Mônica Zarattini.

Para ver ou rever imagens do ensaio que Ana fez numa comunidade de travestis da Lapa, basta clicar aqui.

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Imagens (4): ‘não tem ninguém mais ferido que eu’, diz Beto Richa; olhe bem
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Mário Magalhães

Eis um exemplo do que a PM do Paraná fez na 4ª – Foto Brunno Covello/reprodução “Gazeta do Povo''

Ferido pela PM na repressão aos professores – Foto Brunno Covello/reprodução “Gazeta do Povo”

O cinegrafista Luiz Carlos de Jesus da Band foi atacado por um cachorro da Polícia Militar

Pitbull da PM morde o cinegrafista Luiz Carlos de Jesus – Foto reprodução/Band

 

“Posso te assegurar: não tem ninguém mais ferido que eu.”

Foi o que o governador do Paraná, Beto Richa, disse em entrevista à repórter Estelita Hass Carazzai.

O líder tucano falava sobre a pancadaria da Polícia Militar do Paraná contra professores em greve.

Em gesto de insensatez, Richa tentou dividir a culpa pela violência com a organização sindical dos professores.

Isto é, seriam culpados por terem apanhado.

Sobre feridas, mostro acima duas imagens.

Uma exibe as marcas deixadas por balas de borracha que alvejaram um manifestante.

Na outra, um cão pitbull da PM paranaense morde o cinegrafista Luiz Carlos de Jesus, da Band, que cobria o ato dos professores.

Cadê os ferimentos do governador?

Se Beto Richa está “ferido na alma”, imagina quem foi agredido covardemente.

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Imagens (3): o tempo passou na janela, e só o Vanderlei Luxemburgo não viu
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Mário Magalhães

Luxa: comentários infelizes - Foto Daniel Marenco/Folhapress

Luxa: comentários infelizes – Foto Daniel Marenco/Folhapress

 

No sábado, em entrevista ao repórter Bernardo Itri, Vanderlei Luxemburgo disse que os técnicos europeus estão aquém dos brasileiros: “Somos muito mais avançados que eles”.

Deve ser por isso que há fila de clubes da Europa para contratar treinadores no Brasil.

No domingo, depois da derrota de 2 a 1 para o combinado titulares-reservas do São Paulo, Luxa afirmou: “Fizemos um primeiro tempo muito bom”.

Pois eu vi uma das primeiras etapas mais insossas dos últimos tempos, por parte das duas equipes.

Como titular no meio-campo do Flamengo, Vanderlei escalou o veterano Almir, que disputara o Campeonato Estadual pelo Bangu.

Não deu certo.

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Imagens (1): no panelaço, Chiquinho Scarpa bateu em lata de caviar russo
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Mário Magalhães

 

Na semana passada, muita gente bateu panela durante a exibição do programa televisivo do PT.

Chiquinho Scarpa, autointitulado conde, quis dar o seu recado e aderiu ao protesto.

Como gente fina é outra coisa, bateu numa latinha de caviar russo e postou a foto no Facebook.

Escreveu: “Ser politicamente correto o tempo todo é coisa de gente chata!!! Então aqui vai …. Meu Panelaço vai para quem perdeu o bom humor!”.

Com Chiquinho mobilizado, agora vai.

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