Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : janeiro 2015

Diretor morto do ‘Charlie Hebdo’, Charb publicou cartuns em livro no Brasil
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Mário Magalhães

Assassinado em Paris, no atentado contra o “Charlie Hebdo”, Stéphane Charbonnier teve em 2013 cerca de 60 cartuns publicados em livro no Brasil.

Os desenhos de Charb (1967-2015), como é conhecido o cartunista e diretor do jornal semanal satírico francês, acompanham o livro “Marx, manual de instruções”, de Daniel Bensaïd.

Bensaïd (1946-2010) foi um filósofo marxista francês, professor da Universidade de Paris VIII e dirigente trotsquista. Em 1968, ganhou projeção como um dos principais líderes estudantis da rebelião que parou seu país.

“Marx, manual de instruções” foi traduzido no Brasil pela Boitempo. Para saber mais, basta clicar aqui e visitar o site da editora.

As ilustrações abaixo, de Charb, foram feitas especialmente para o livro de Bensaïd.

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blog - charb 1

 

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blog - charb 5


Isto é o Metrô do Rio: iluminação em pane, estação Cinelândia na penumbra
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Mário Magalhães

blog - metrô cinelândia na penumbra

 

Pode ser ótimo para namorar.

Mas é um perigo, sobretudo para pessoas que têm visão muito prejudicada no escuro.

Às 10h24 desta quinta-feira, quando fiz a foto, a estação Cinelândia do metrô estava assim, na penumbra.

Abordei um guarda, que informou ter havido problema com boa parte da iluminação, mas que haveria solução em breve.

O Metrô do Rio é uma concessão do Estado, que parece mais interessado na relação com a empresa concessionária do que no serviço (ruim) prestado aos cidadãos-passageiros.

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Georges Wolinski (1934-2015), o homem que amava as mulheres
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Mário Magalhães

Por Georges Wolinski, cartunista covardemente assassinado com seus companheiros do “Charlie Hebdo”:

(Registro: eu tinha pensado ontem no título acima. Como ele não é nada original, há pouco vi que é o mesmo do obituário publicado hoje de manhã no site do “Le Parisien”.)

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blog - wolinski vida aos 60

“A vida começa aos 60 anos”


Atentado na França anuncia e favorece ofensiva racista na Europa
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Mário Magalhães

Adolf Hitler, o pai de todos os racistas

Adolf Hitler, o pai de todos os racistas

 

Até as 14h45 (horário de Brasília) desta quarta-feira, ainda não havia informações oficiais sobre a autoria do atentado que provocou a morte de ao menos dez jornalistas do semanário “Charlie Hebdo” e de dois policiais no centro de Paris.

Na hipótese de _repito: na hipótese_ de se confirmarem indícios de que os assassinos sejam terroristas muçulmanos, estará aberta a maior ofensiva racista na Europa em muitas décadas.

O morticínio cruel e covarde ajudaria os que hoje, beneficiados pelo caldo de cultura da crise econômica, querem expulsar imigrantes da Europa.

Todo o movimento neonazista e ultradireitista a que se assistiu nos últimos anos em países como Alemanha, Ucrânia e França será fichinha perto do que vem aí.

Nos anos 1930, os bodes expiatórios foram os judeus.

Agora, chegou a vez da comunidade islâmica.

Que triste começo de 2015.

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Vivam os cartunistas! (3): ‘O amor mais forte que o ódio’
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Mário Magalhães

Esta foi a primeira página de uma edição do “Charlie Hebdo” do comecinho de novembro de 2011.

Nesta quarta-feira, 7 de janeiro de 2015, quatro cartunistas do jornal foram assassinados covardemente no centro de Paris, com mais oito pessoas.

O desenho mostra Maomé (ou outro muçulmano) e um cartunista do “Charlie Hebdo” se beijando, sob a manchete “O amor mais forte que o ódio”.

(P.S.: no original, eu escrevi errado, 2014 em vez de 2015. Ato falho: talvez fosse o desejo de que o ano passado não tivesse acabado…)

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blog - charlie hebdo


Vivam os cartunistas! (2): Vou de táxi, por Aroeira
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Mário Magalhães

Por Aroeira, em “O Dia” de hoje, quando quatro cartunistas do jornal “Charlie Hebdo” e outras oito pessoas foram covardemente assassinados em Paris (como mostrado noutra charge, as perninhas do ônibus nasceram porque a passagem é, conforme as autoridades, “barata”):

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blog - aroeira paes vai de táxi

 


Metrô do Rio: escangalhado na estação. Podia ser pior: trem da Supervia
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Mário Magalhães

blog - metrô parado

Às 9h50 desta quarta-feira, trem parado na estação Botafogo

blog - metrô sem indicação

Qual é a linha desta “composição”? Impossível ler

 

O inconveniente não fez nem cosquinha, comparado ao choque entre trens que na segunda-feira deixou centenas de feridos na Baixada Fluminense.

Muito menos ao noticiário do dia, encabeçado pelos criminosos que mataram em Paris ao menos dez jornalistas e dois policiais.

Mas que é de irritar, é: hoje de manhã, até pouco depois das dez horas, o metrô carioca ficou mais de 15 minutos parado na estação Botafogo, sentido Centro da cidade.

Muita gente indo para o trabalho, e nada de transporte. Os guardas disseram que havia “problema na composição”.

Não é incomum esse tipo de pane no Metrô do Rio, como o blog já contou.

Quase todos os vagões estacionados em Botafogo tinham defeito no letreiro luminoso lateral que informa qual é a linha, se a 1 ou a 2.

Vagões parecidos, dos mais antigos em funcionamento e com manutenção deficiente, operaram na sexta-feira com o ar condicionado irreconhecível _idosas se abanavam com leques para amenizar o sofrimento com o calor da sauna sobre trilhos.

Como a Supervia, o Metrô do Rio é concessão do Estado.

E oferece um serviço ruim, sem que as autoridades reajam além das reclamações protocolares, para passageiro maltratado ver.

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Cultura nazistoide no comando do Bope e do Batalhão de Choque. Surpresa?
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Mário Magalhães

blog - caveiras bope marco antonio cavalcanti

“Mata!”, prescreveu um comandante do Bope – Foto Marco Antônio Cavalcanti/UOL

 

Na noite de 20 de junho de 2013, encurralando manifestantes estimados em 300 mil, a Polícia Militar do Rio de Janeiro bateu e reprimiu como poucas vezes em sua história respingada de sangue e truculência. Na esmagadora maioria dos casos, atacou cidadãos que exerciam pacificamente o direito constitucional de protestar contra o aumento das passagens de ônibus e abraçar  causas tão múltiplas quanto os fragmentos de um caleidoscópio.

O Batalhão de Choque destacou-se na covardia. Seu comandante era o tenente-coronel Fábio Almeida de Souza.

No princípio de 2014, esse oficial havia se tornado o número 1 do Bope, o Batalhão de Operações Especiais.

Costumava trocar mensagens, via Whatsapp, com PMs de sua confiança.  Tratavam também de combate a manifestantes.

Um major sugeriu o emprego de um bastão denominado Tonfa, para “imobilização”.

“Mata! Assim imobiliza para sempre”, emendou o tenente-coronel Fábio.

O capitão Helinton voltou a falar em Tonfa, e Fábio retrucou:

“Tonfa é o c…! 7.62 [calibre de munição de fuzil] Mata eles tudo… Para com isso, Adriano. No Bope tem um cara f… que quase ninguém sabe. Tiro em todo mundo. Faz que nem o Senhor Rufino. Baleou 10. Pratica estrangulamento e tiro em multidões”.

Em contextos semelhantes, quando um comentarista identifica o ovo da serpente, ecoam as vozes tolerantes com a barbárie: é exagero delirante falar em nazismo, apelação desprovida de lastro nos fatos…

O tenente-coronel Fábio e um camarada esclarecem quem exagera.

Fábio: “Porrada, paulada, tonfada, fuzilzada, mãozada. Abril de 2015. O Chanceler assume o poder. O Partido”.

Um certo Gilberto: “Coronel Fábio pela instauração do Reich”.

“Isso”, confirma o então comandante do Bope.

Noutra conversa, Fábio “desenhou”, para quem não entendeu o seu modelo já evidente: “Padrão Alemanha de 1930”.

Sua turma prosseguiu:

Capitão Sanches: “A favor da inquisição, vamos caçar bruxas e fantasmas [na PM]. Pela raça pura e sem defeitos. Viva o Choque”.

Um homem não identificado: “Então, que seja feita a vontade da maioria”.

Capitão Gilberto: “Não é a vontade da maioria. É o certo. É a vontade do Führer”.

O tenente-coronel Fábio vaticinou: “Em abril de 2015 assumirei o controle da PMERJ. Está nas escrituras”.

E vangloriou-se da covardia contra um manifestante black bloc: “Na última manifestação q fui dei de AM640 [lançador de munição dita não letal] inferno azul nas costas de um black bobo no máximo 30 metros!!! Que orgulho!!!”.

Documento histórico

Talvez as escrituras fizessem sentido, mas no meio de caminho havia um repórter, Leslie Leitão, que descobriu os diálogos e os publicou na “Veja” (leia aqui a reportagem “Oficiais da PM do Rio incitaram pancadaria contra black blocs”). Os trechos reproduzidos pelo blog foram  veiculados pela revista.

Eles constam de inquérito que corre na corregedoria-geral da PM. A investigação não apura o caráter nazistoide dos pronunciamentos, mas um atentado a bala contra a portaria do condomínio onde morava o coronel Márcio Rocha, sucessor de Fábio de Souza no Batalhão de Choque. Fábio e seus chapas tinham Márcio Rocha como adversário na corporação.

Fábio passou do Choque para o Bope ainda em 2013. Em março de 2014, deixou a alegada “tropa de elite” para assumir a chefia da escolta do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame. Em novembro de 2014, com a indicação de um novo comandante da PM com passado de “caveira” do Bope, foi reconduzido à cabeça do Batalhão de Choque. Em dezembro, como presente de Natal, promoveram-no a coronel, o posto máximo da carreira. Fiava-se nas escrituras, até que um repórter determinado contou quem é Fábio de Souza, que nesta segunda-feira foi exonerado do Choque. Se não fosse Leslie Leitão, até onde chegaria o pregador-predador do “padrão Alemanha”?

Beltrame disse que ignorava as mensagens. Mas será que um ex-agente e delegado da Polícia Federal não considerou estranho um comandante do Bope ser afastado da função prestigiosa e transferido para a segurança do secretário?

Se não o avisaram das barbaridades, quando o coronel Fábio regressou ao Batalhão Choque, Beltrame foi boicotado de modo constrangedor ou a inteligência da Segurança do Rio é uma caricatura de serviço de informações. O que ocorreu?

As mensagens configuram um documento histórico. Está claro que agentes do Estado não apenas incitaram como agiram com violência inaceitável contra manifestantes. Mesmo manifestantes violentos têm o direito constitucional de serem tratados nos termos da lei, e não com projéteis disparados pelas costas. Os grandes baderneiros e arruaceiros de 2013 foram alguns policiais, evidenciam os diálogos.

De certo modo,  inexiste surpresa na cultura antidemocrática expressa nas conversas. O Bope é o batalhão que forja um oficial, o major Edson, que depois vira manda-chuva da UPP da Rocinha, onde matam o pedreiro Amarildo. Edson está em cana.

O Bope é aquele demonstrado no ótimo filme “Tropa de Elite”. Está tudo ali: a tortura, os “inimigos” sempre pobres. A obra do cineasta José Padilha revela o Bope como o Bope é. Quem se entusiasmou  com um demente como o personagem capitão Nascimento, vivido magistralmente por Wagner Moura, considera legítimos métodos ofensivos à civilização.

Alguém foi punido depois da incursão do Bope na Maré em meados de 2013, quando cadáveres ficaram esparramados pelas ruas?

O Bope é a “tropa de elite” cujo comandante, ontem ou anteontem, alardeava o 3º Reich.

A despeito de celerados dessa natureza, o problema da PM não é pessoal _em suas fileiras não faltam praças e oficiais dotados de generosidade e espírito público. E, sim, institucional. A Polícia Militar formou-se reprimindo quem confronta o poder. Tratando pobres, sobretudo negros, como inimigos a abater. Tomando moradores de favelas, até segunda ordem, como bandido ou simpatizante de bandido. Supõe que está acima da lei, como no episódio do Amarildo na Rocinha.

A desmilitarização da polícia não é apenas uma bandeira simpática. É uma necessidade da cidadania e também da própria segurança pública.

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