Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : outubro 2014

Na sabatina, perguntei 4 vezes a Pezão: ‘Cadê o Amarildo?’ Veja a resposta
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Mário Magalhães

 

Nesta quarta-feira, tive a oportunidade de pela primeira vez perguntar frente a frente ao governador do Rio e candidato à reeleição Luiz Fernando Pezão (PMDB): “Cadê o Amarildo?”.

Foi na sabatina UOL-SBT. Participei com os colegas Isabele Benito, Kennedy Alencar e Humberto Nascimento.

Hoje, sexta-feira, a sabatina será com o candidato Marcelo Crivella (PRB), a partir das 18h45.

A íntegra da sabatina com Pezão pode ser assistida clicando na imagem do alto ou aqui.

No vídeo, a conversa sobre o Amarildo está mais no começo, a partir de 3 minutos e 6 segundos.

Abaixo, transcrevo o diálogo.

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*

MM: Governador, o esquecimento é amigo da barbárie. Ontem à noite fez um ano e três meses que o operário da construção civil Amarildo de Souza foi detido por policiais da UPP da Rocinha e desapareceu para sempre. No último debate do primeiro turno, um adversário seu indagou pelo paradeiro do Amarildo. Primeiro, o senhor riu. Depois, tergiversou. Há interesse público nessa questão, o que define a legitimidade jornalística da pergunta: governador Pezão, por favor, o senhor poderia responder, objetivamente, cadê o Amarildo?

Pezão: Mário, eu ri da maneira que ele perguntou. Todo o auditório que estava ali, todos os candidatos que estavam ali riram porque ele perguntou de uma forma…

MM: Eu, em casa, não vi graça, governador.

Pezão:  O quê?

MM: Eu não vi graça…

Pezão: O jeito que ele perguntou. Agora, é muito triste e cruel ter sumido esse operário. Quem cortou na própria carne fomos nós. E quem descobriu que o Amarildo tinha sido conduzido pelos policiais foram as nossas câmeras de monitoramento lá dentro da Rocinha. Um território que quando nós chegamos aqui, de 101 mil pessoas, onde as pessoas moravam ali em São Conrado, atravessavam uma avenida e caíam num mundo ilegal. Então nós descobrimos. As investigações foram nossas.

MM: O corpo do Amarildo nunca foi entregue à família.

Pezão: Mas tem uma investigação, tem policiais presos, pelo monitoramento que nós fizemos dentro dessa comunidade. Não se entrava dentro da Rocinha. Não tinha uma delegacia dentro da Rocinha Hoje você vai lá tem uma delegacia lá dentro, que permite que a gente vá lá e cumpra mandado de prisão. Tem 800 homens dentro da Rocinha. Então nós estamos investindo na segurança. Eu não quero aqui acobertar nenhum erro de nenhuma parte dos policiais. Foi chocante para o nosso governo e para a nossa polícia, para a área de segurança. A gente sofreu com o desaparecimento desse operário. E o que eu estou me propondo cada vez mais é investir na formação desse policial, melhorar cada vez mais a formação desse policial, fazer o que a gente está fazendo. Antigamente, aqui no Estado, quem ia dar instruções para um PM que ia se formar, que passou no concurso… era uma penitência, uma pessoa que tinha cometido um erro ia dar aula, era instrutor. Hoje nós temos um banco de talentos onde os professores recebem uma hora-aula melhor do que um professor da UFRJ…

MM: E eu pergunto novamente, governador: cadê o Amarildo?

Pezão: Nós investigamos, a Secretaria de Segurança investigou, os policiais estão presos, está tendo um inquérito, está seguindo o rito que manda todo o processo. Agora…

MM: Cadê o corpo para a família poder enterrar?

Pezão: Mário, sumiam não era um Amarildo nesse Estado, não. Eram diversos Amarildos por dia.

MM: O senhor tem falado isso, governador, mas pergunta é: cadê o Amarildo?

Pezão: Mário, nós estamos num regime democrático, a polícia está investigando, o inquérito está correndo…

MM: Eu nunca mais ouvi falar de investigação para encontrar o corpo do Amarildo.

Pezão: Está na Justiça, vai para a Justiça…

MM: A Justiça não investiga, governador.

Pezão: Vai ter o julgamento desses PMs, eles vão ser lá, vai ter o inquérito, seguir o processo.

MM: Isso o julgamento. Mas a investigação para encontrar o corpo e entregar para a família, para a família ter o direito de enterrar, se despedir do Amarildo.

Pezão: A Delegacia de Homicídios nossa, Mário, saiu de 4,5% de elucidação de crimes nesse Estado para 27,5%. Não é o ideal, mas o aumento é significativo. E nós estamos investindo. É um processo. Nós contratamos 1.500 policiais civis, 150 delegados, e vamos continuar a investir em segurança pública. Agora, é bom ressaltar que todas essas comunidades que nós ocupamos, onde hoje têm mais de 450 mil pessoas libertas, sumiam diversos Amarildos por dia.


Hoje, na Travessa de Ipanema: Heloisa Seixas lança ‘O oitavo selo’
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Mário Magalhães

 

Enfim, chega às livrarias um dos livros mais esperados dos últimos anos: Heloisa Seixas lança nesta quinta-feira no Rio “O oitavo selo” (Cosac Naify).

A partir das 19h30, na Travessa de Ipanema.

O protagonista do “quase romance” é Ruy Castro, marido da autora.

A consagradora crítica de Marcelo O. Dantas sobre “O oitavo selo”, publicada na “Folha”, pode ser lida clicando aqui.

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Baixaria de tucanos contra Chico em 2014 é igual à de petistas em 2012
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Mário Magalhães

Alguns militantes e simpatizantes do PSDB estão descendo o sarrafo em Chico Buarque devido ao apoio dele à reeleição de Dilma Rousseff, sacramentado agora em vídeo.

É mais do que descer o sarrafo: uma tremenda baixaria.

Para quem tem memória fraca ou não acompanhou: dois anos atrás, alguns militantes e simpatizantes do PT também avacalharam Chico, no mesmo tom.

Tudo porque em 2012 o artista apoiou Marcelo Freixo, do PSOL, à Prefeitura do Rio.

Como o PT estava _e ainda está_ fechado com Eduardo Paes, do PMDB, sobreveio a baixaria contra o filho de Memélia e Sérgio.

A matéria-prima de hoje e de ontem é idêntica: a intolerância com ideias e escolhas alheias.

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Eventual revés de Dilma seria sobretudo derrota de Lula
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Mário Magalhães

A ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dos programas televisivos de Dilma Rousseff no segundo turno é tão escandalosa que ontem à tarde resolvi checar se eu não havia me enganado.

Pela primeira vez, entrei no site oficial da candidata petista, que organiza as emissões por número. Vale o programa noturno _os da tarde são pot-pourri de outros. Assisti do 1 ao 4, ou de 9 a 12 de outubro. Passeei por obras no Rio, em São Paulo e em Pernambuco, revi a homenagem ao Dia da Criança, flechas em Aécio Neves, dardos em Armínio Fraga e o estilingue mirando no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Só não vi o Lula. Não vi porque ele foi citado, mas não apareceu no horário eleitoral de Dilma.

Em seguida, recorri a reportagem do UOL para saber se o maior líder do PT dera as caras na segunda-feira, dia 13, à tarde.

Não deu.

À noite, no quinto dia e décimo programa da campanha do mata-mata, ele surgiu mais rápido que Usain Bolt, num repeteco de gravação sem viço do primeiro turno, sugerindo que um segundo mandato da correligionária seria melhor do que o inaugural.

Hoje a “Folha” conta que a última vez que Lula e Dilma foram vistos juntos foi em 3 de outubro. O sumiço do velho metalúrgico causa desconforto entre companheiros.

Concedendo um desconto para as intrigas próprias da política, talvez Dilma e Lula não tenham se dado conta de que seus destinos estão entrelaçados.

Se a postulante à reeleição imagina que em 2014 pode conquistar um triunfo só seu está enganada. Ela se beneficia da imensa popularidade do antecessor.

Idem o contrário. Seria impossível para Lula se desvencilhar de um fracasso de sua antiga ministra. Derrota de Dilma seria sobretudo derrota do seu padrinho.

Lula tinha no PT outras opções, mas apostou na ministra durona, sem traquejo político (embora com trajetória respeitável que a autorizava a concorrer ao Planalto) e com evidentes limitações para expor ideias (a comparação com oradores e debatedores como Tarso Genro é covardia).

Ou seja: para alguns, Lula construiu uma candidata; para outros, inventou-a.

No fundo, dá no mesmo: contra tudo e todos, impôs o nome de sua predileção em 2010.

Dilma ocupa a Presidência por vontade popular, mas não seria indicada pelo PT se não fosse Lula.

Para o bem e para o mal, a administração Dilma foi e é influenciada por Lula.

Logo, o desfecho da campanha em curso terá o mesmo balanço para os dois: ou ganham juntos ou perdem juntos.

Enquanto isso, em torno de Aécio Neves, e com FHC retirado do armário (o copirraite da expressão é do Josias de Souza), o PSDB enfim se unificou e foi à luta.

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