Blog do Mario Magalhaes

Eventual revés de Dilma seria sobretudo derrota de Lula

Mário Magalhães

A ausência do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva dos programas televisivos de Dilma Rousseff no segundo turno é tão escandalosa que ontem à tarde resolvi checar se eu não havia me enganado.

Pela primeira vez, entrei no site oficial da candidata petista, que organiza as emissões por número. Vale o programa noturno _os da tarde são pot-pourri de outros. Assisti do 1 ao 4, ou de 9 a 12 de outubro. Passeei por obras no Rio, em São Paulo e em Pernambuco, revi a homenagem ao Dia da Criança, flechas em Aécio Neves, dardos em Armínio Fraga e o estilingue mirando no ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.

Só não vi o Lula. Não vi porque ele foi citado, mas não apareceu no horário eleitoral de Dilma.

Em seguida, recorri a reportagem do UOL para saber se o maior líder do PT dera as caras na segunda-feira, dia 13, à tarde.

Não deu.

À noite, no quinto dia e décimo programa da campanha do mata-mata, ele surgiu mais rápido que Usain Bolt, num repeteco de gravação sem viço do primeiro turno, sugerindo que um segundo mandato da correligionária seria melhor do que o inaugural.

Hoje a ''Folha'' conta que a última vez que Lula e Dilma foram vistos juntos foi em 3 de outubro. O sumiço do velho metalúrgico causa desconforto entre companheiros.

Concedendo um desconto para as intrigas próprias da política, talvez Dilma e Lula não tenham se dado conta de que seus destinos estão entrelaçados.

Se a postulante à reeleição imagina que em 2014 pode conquistar um triunfo só seu está enganada. Ela se beneficia da imensa popularidade do antecessor.

Idem o contrário. Seria impossível para Lula se desvencilhar de um fracasso de sua antiga ministra. Derrota de Dilma seria sobretudo derrota do seu padrinho.

Lula tinha no PT outras opções, mas apostou na ministra durona, sem traquejo político (embora com trajetória respeitável que a autorizava a concorrer ao Planalto) e com evidentes limitações para expor ideias (a comparação com oradores e debatedores como Tarso Genro é covardia).

Ou seja: para alguns, Lula construiu uma candidata; para outros, inventou-a.

No fundo, dá no mesmo: contra tudo e todos, impôs o nome de sua predileção em 2010.

Dilma ocupa a Presidência por vontade popular, mas não seria indicada pelo PT se não fosse Lula.

Para o bem e para o mal, a administração Dilma foi e é influenciada por Lula.

Logo, o desfecho da campanha em curso terá o mesmo balanço para os dois: ou ganham juntos ou perdem juntos.

Enquanto isso, em torno de Aécio Neves, e com FHC retirado do armário (o copirraite da expressão é do Josias de Souza), o PSDB enfim se unificou e foi à luta.

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