Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : setembro 2014

Paulo Maluf, por Angeli
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Mário Magalhães

Brilhante, como de hábito, Angeli inspira hoje na “Folha” a seguinte reflexão: será que quem apertou _e ainda aperta_ as mãos do “artista” Paulo Maluf não ficou com as mãos sujas também?

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Na ONU, FHC propagandeou seu governo, mas não foi avacalhado como Dilma
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Mário Magalhães

O discurso da presidente Dilma Rousseff abrindo ontem a Assembleia Geral da ONU foi criticado com contundência por amplos segmentos do jornalismo nacional.

Ao propagandear feitos dos governos dela e do antecessor Luiz Inácio Lula da Silva, como a retirada de dezenas de milhões de pessoas da condição de miseráveis, a candidata à reeleição teria se aproveitado de um palco inadequado, em busca de vantagens eleitorais. Vender seu peixe constituiria oportunismo abjeto.

Empregando a tirada consagrada pelo Ancelmo Gois: é, pode ser.

Todas as opiniões _contra, a favor e muito pelo contrário_ são legítimas.

O que mais chama a atenção é o notável contraste entre os tratamentos concedidos a Dilma (PT) e, para ficar num exemplo, ao ex-presidente Fernando Henrique Cardoso (PSDB).

Sim, FHC também já vendeu peixe de seu governo na ONU. E ninguém _ou pouca gente_ chiou por causa disso.

Em 1998, numa sessão especial da Assembleia Geral, o presidente alardeou: o Brasil vai “dobrar seus esforços” na prevenção ao narcotráfico. Ele anunciou uma medida iminente da sua administração, a criação da Secretaria Nacional Antidrogas, como “mensagem clara aos que lucram com a ignomínia desse comércio: a de que não encontrarão no Brasil qualquer tolerância com suas atividades” (saiba mais clicando aqui).

Contra Dilma e FHC, existe a evidência de que contavam com benefícios políticos internos _ele também encararia eleição naquele ano.

A favor, o argumento também tem méritos: se a ONU deve se mobilizar contra a fome, por que Dilma deveria silenciar sobre os 36 milhões de brasileiros que escaparam da miséria desde 2003? E FHC, ao tratar do combate ao tráfico de drogas, por que precisaria omitir seus esforços?

O fundamental: o noticiário tem dois pesos e duas medidas.

Uma curiosidade: em 1995, Fernando Henrique afirmou numa declaração que a ONU deveria ser “mais ativa no que diz respeito ao combate à fome e à miséria” (leia aqui).

Será que o antigo presidente, homem de bem, não ficou contente, quase duas décadas mais tarde, com a atual presidente dando boas notícias sobre a diminuição da fome e da miséria no Brasil?

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Lançamento no Rio: ‘Minha vida sem banho’, novo livro de Bernardo Ajzenberg
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Mário Magalhães

blog - livro bera

 

Grande escritor, grande programa: na próxima segunda-feira, 29 de setembro, Bernardo Ajzenberg lança aqui no Rio seu novo romance, “Minha vida sem banho” (Rocco).

Autor de romances como “Variações Goldman” e “A gaiola de Faraday”, Ajzenberg é editor, jornalista, tradutor e sobretudo, como sabe quem já teve o prazer de ler livros dele, escritor.

O lançamento rola na Blooks, a partir das 19h.

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Elio Gaspari: ‘A cabeça dos candidatos, nos pés’
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Mário Magalhães

Por Elio Gaspari, hoje na “Folha”:

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A cabeça dos candidatos, nos pés

Ora, direis, olhar sapatos. Parece uma trivialidade, mas é uma aula de economia e de costumes. Dilma Rousseff calça a marca francesa Louis Vuitton, e Aécio Neves, a italiana Ferragamo. Essa característica dos dois candidatos foi percebida pela repórter Ana Cláudia Guimarães. Se fizessem isso nos Estados Unidos, estariam fritos. Há tempo, o candidato democrata George McGovern comeu o pão que Asmodeu amassou porque visitou uma fábrica de sapatos calçando mocassins italianos.

O governo da doutora sobretaxa os sapatos chineses baratinhos e, com isso, encarece os produtos comprados pelo andar de baixo. Tudo bem, pois o Brasil já foi um dos maiores fabricantes de calçados do mundo e perdeu a posição. É compreensível que o setor receba algum tipo de proteção. Contudo fica difícil entender que um emergente não possa comprar sapatos chineses por R$ 50 e a presidente da República faça campanha calçando Vuitton (R$ 1.200 para um modelo simples).

No último ano, a indústria calçadista brasileira perdeu pelo menos 20 mil postos de trabalho. Há 20 anos, empregava 500 mil pessoas e, agora, ocupa 300 mil. O mercado interno encolheu e, em agosto, as exportações brasileiras de calçados caíram 3% em relação a 2013.

Para ler a íntegra da coluna, basta clicar aqui.


6ª-feira e domingo: Rio terá dois atos pela descriminalização do aborto
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Mário Magalhães

As autoridades do Estado do Rio informaram horas atrás que um corpo encontrado carbonizado é mesmo de Jandira Magdalena dos Santos Cruz, 27. Ela estava desaparecida desde quando se dirigia a uma “clínica” clandestina carioca para fazer um aborto.

No fim de semana, Elizângela Barbosa, 32, havia morrido em Niterói, provavelmente de complicações decorrentes de uma interrupção de gravidez em outra “clínica” clandestina.

Jandira e Elizângela se juntam às estatísticas sinistras de mulheres que, sem recursos para abortar nos estabelecimentos seguros e caros a que recorrem as madames, morrem porque o sistema público de saúde não as acolhe. Interromper voluntariamente a gravidez é ilegal no Brasil.

Na prática, o aborto é amplamente praticado. Mas quem tem dinheiro e recebe atendimento médico qualificado não corre os riscos imensos das mulheres mais pobres.

Domingo, 28 de setembro, é o Dia Latino-Americano e Caribenho de Luta Pela Legalização do Aborto.

Também no Brasil haverá manifestações em muitas cidades pela descriminalização.

No Rio, duas: uma na sexta-feira e outra no domingo.

A da sexta (26 de setembro) será na Cinelândia, a partir das 17h. É organizada pela Frente Contra a Criminalização das Mulheres e Pela Legalização do Aborto. Seu mote é “Somos todas Jandira! Somos todas Elizângela! Legalizar o aborto pela vida das mulheres!”. Para saber mais sobre o protesto, basta clicar aqui.

O ato do domingo (28 de setembro) começa às 14h, na praia de Copacabana (posto 6). A convocação afirma que “o aborto é a quinta maior causa de morte materna no Brasil. A cada dois dias, uma brasileira (na maioria das vezes pobre e negra) morre por aborto inseguro. Por isso nesse dia vamos sair às ruas exigir o aborto legal, seguro e gratuito!”. Mais informações aqui.

Não custa registrar que a questão não é ser contra ou a favor do aborto em si. E sim defender ou recusar o direito ao aborto em condições dignas.

Esse direito é garantido com segurança às mulheres abonadas. As pobres, vetadas pela rede de saúde pública, sofrem e morrem.

O tamanho da nossa tragédia: Dilma, Marina e Aécio se pronunciam contra a legalização do aborto, em evidente covardia contra as mulheres mais pobres.

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‘A vida dos outros’: na Tarrafa Literária, uma conversa sobre biografias
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Mário Magalhães

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Com um show de Jorge Mautner, a sexta edição do festival Tarrafa Literária abre nesta quinta-feira à noite, em Santos.

Os encontros sobre livros, literatura e ideias começam na sexta à tarde e vão até o domingo.

Sempre no Teatro Guarany, entrada gratuita.

Com muitos autores de quem sou fã (para ver a programação, basta clicar aqui).

Ao lado dos colegas Lira Neto e Marcus Vinicius Batista, terei o prazer de conversar sobre “A vida dos outros”.

No sábado, 27 de setembro, a partir das 16h.

Até lá!

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Biografia de Evandro Teixeira, gigante do fotojornalismo, é lançada no Rio
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Mário Magalhães

blog - livro biografia evandro teixeira

 

Evandro Teixeira é um dos maiores repórteres fotográficos do Brasil em todos os tempos.

É um dos gigantes do fotojornalismo do mundo inteiro.

Documentou momentos decisivos da nossa história, desde os anos 1960.

Como os grandes craques, influenciou e segue influenciando craques das novas gerações.

É um contador de histórias quase tão bom quanto o autor de imagens imortais.

E ainda assim não há, eis um retrato de indigência cultural, uma só biografia do Evandro.

Melhor: não havia, pois a jornalista Silvana Costa Moreira lança nesta quarta-feira (24 de setembro), aqui no Rio, o livro “Evandro Teixeira: Um certo olhar” (editora 7Letras).

O lançamento da biografia será na Livraria da Travessa do Shopping Leblon, a partir das 19h.

Para mais informações sobre o livro, basta clicar aqui.

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Agora, Lindberg aposta em ‘voto útil’ contra Garotinho; Cabral segue sumido
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Mário Magalhães

No que parece ser a derradeira tentativa de superar a letargia da sua campanha ao governo do Rio, o candidato Lindberg Farias (PT) foi o único a apresentar mudança expressiva em sua propaganda nos últimos dias.

Além de trazer de volta à TV, em nova gravação, o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva pedindo voto, o senador petista passou a apostar no apelo do dito voto útil contra o candidato Anthony Garotinho (PR).

Pesquisa Datafolha da semana retrasada mostrou o seguinte retrato da disputa: Luiz Fernando Pezão (PMDB) e Garotinho com 25%; Marcelo Crivella (PRB), com 19%; e Lindberg, com 12%.

Em linha ascendente, Pezão deve fechar o primeiro turno na ponta. Caindo, Garotinho batalha para ir ao mata-mata decisivo.

Lindberg vinha com as baterias voltadas contra Pezão, querendo se consolidar como o principal nome opositor. Como isso não ocorreu, agora mira em Garotinho, sem deixar de criticar o atual governador.

O deputado federal tem a maior rejeição entre os concorrentes ao Palácio Guanabara. No horário eleitoral de Lindberg, nesta segunda-feira, começou a ser fustigado com vigor.

O ex-líder estudantil pretende difundir duas mensagens não explícitas: por um lado, teria mais chances de derrotar Pezão na segunda volta; por outro, os eleitores do peemedebista que não gostam de Garotinho poderiam, no primeiro turno, ceder o voto a Lindberg, com o propósito eliminar o ex-governador.

O problema é combinar com os russos. Garotinho reforça na reta final da campanha a lembrança dos programas sociais dos governos dele e da mulher, Rosinha. Só quem ignora a diferença entre passar fome e comer um almoço por R$ 1 num restaurante popular se espanta com o enorme respaldo de Garotinho entre os mais pobres.

Crivella, por seu lado, continua com a mesma batida de sempre: bom moço, critica moderadamente os adversários. Não parece ter maior ambição, dando a entender que participa do pleito a fim de se fortalecer para a eleição de 2016, para a Prefeitura do Rio, ou para a reeleição ao Senado, em 2018.

Enquanto antagonistas ainda se engalfinham para alcançar o segundo turno, Pezão nada de braçada. No seu longo programa na televisão, não fala mal de ninguém. Mostra obras, projetos realizados.

Mais importante, continua escondendo seu padrinho, o ex-governador Sérgio Cabral.

O sumiço de Cabral, outro político de ampla rejeição, na campanha do apadrinhado e sucessor é tão ostensivo que permite imaginar que pesquisas da campanha de Pezão indicam que o vínculo entre os dois pode provocar estragos no atual favorito.

Seja quem for o rival de Pezão no segundo turno, é previsível que venha a concentrar a campanha no mote “Pezão é Cabral”.

Se vai ser bem sucedido, são outros quinhentos.

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Inflação disparou! 6,5% ao ano? 84,3% ao mês, em 1990! Quem era o ministro?
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Mário Magalhães

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“Folha de S. Paulo”, 10 de abril de 1990

 

O esquecimento não é amigo somente da barbárie: cabra traiçoeiro, é parceiro do engano.

Desde o início do mês o jornalismo se comove com a inflação.

Galopante, descontrolada, abusada e insaciável, a bicha nojenta alcançou a estrondosa marca de 6,51% em agosto.

Não custa esclarecer: 6,51% nos últimos 12 meses. Isto é, taxa acumulada anual.

Para mim, abusada _e abjeta_ é a desigualdade no Brasil.

Mas não é disso que quero falar.

E sim do que se poderia chamar de falta de perspectiva histórica. Ou de amnésia seletiva.

Em março de 1990, a inflação oficial alcançou os 84,32%, como registrou a notícia acima, publicada pela “Folha” na época.

O jornal informava também outro índice, o IGP da FGV: meros 81,3% em 30 dias.

Atenção: inflação mês, e não ano!

A falta de memória não atinge apenas os números da inflação, desastre que as novas gerações desconhecem, embora conheçam bem o obsceno abismo social brasileiro.

Hoje, pontifica sobre a economia o consultor Mailson da Nóbrega.

As coisas vão muito mal, Mailson tem alardeado, com pompa de sábio.

Mal, um horror, com a inflação ultrapassando um pouquinho o tal teto da meta-fetiche 6,50%.

O que pouca gente sabe ou lembra, assistindo ao crítico impiedoso deitar regra sobre isso e aquilo, é o nome do artífice da hiperinflação de março de 1990.

Noutras palavras, quem era o ministro da Fazenda do governo José Sarney, presidente que então se despedia do Planalto.

Pois era ele mesmo: o economista Mailson da Nóbrega.

Mailson tem menos autoridade que o Lazaroni, técnico do Brasil na Copa de 90, ou o Maradona, da Argentina em 2010, para ensinar como se monta uma seleção de responsa.

Mas não está nem aí. Vai ver que a especialidade dele hoje é controle da inflação.

Para fechar estas pílulas pró-memória, leio no “Almanaque Folha” que a inflação anual em 1989 bateu em 1.782,90%.

Foi Mailson que fez.

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