Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : setembro 2014

Réus em processo por tortura chamam Tuma Jr. como testemunha de defesa
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Mário Magalhães

No começo da tarde de hoje (30.set), em São Paulo, antigos torturadores transformados em réus esperam contar com uma relevante testemunha de defesa, o delegado de polícia aposentado Romeu Tuma Jr., arrolada em processo por sequestro de um desaparecido político.

O delegado é filho do célebre policial Romeu Tuma, já falecido, que comandou o Dops paulista durante a ditadura instaurada em 1964.

O processo judicial em curso trata do sequestro do marinheiro Edgar Aquino Duarte. Preso e assassinado por agentes da repressão política no princípio dos anos 1970, até hoje seu corpo não foi devolvido à família.

Os réus são Carlos Alberto Brilhante Ustra, coronel do Exército, e os policiais Carlinhos Metralha e Alcides Singillo.

As informações são da jornalista Thaís Barreto (aqui).

Abaixo, reproduzo a notícia publicada por ela.

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Romeu Tuma Jr. será testemunha de defesa dos réus torturadores

Justiça Federal vai ouvir novamente testemunhas dos réus apontados como principais responsáveis pelo desaparecimento de Edgar Aquino Duarte

Por Thaís Barreto

Romeu Tuma Jr está entre as testemunhas defesa dos réus torturadores Carlos Alberto Brilhante Ustra; Alcides Singillo e Carlos Alberto Augusto (Carlinhos Metralha). Ele será ouvido na sessão que acontecerá nesta terça-feira 30/9, a partir das 14h, na 9ª Vara da Justiça Federal. A oitiva acontecerá dando continuidade à Ação Penal n.º 0011580-69.2012.403.6181, instruída pelo Ministério Público Federal, onde os réus foram apontados como autores do sequestro qualificado do marinheiro pernambucano Edgar de Aquino Duarte, que está desaparecido desde junho de 1973. A audiência será presidida pela juíza federal Adriana Delboni Taricco que vai ouvir também José Sanches Severo, outro convidado pela defesa.

Durante a segunda sessão, que ocorreu nos dias 27 de março, 1º e 2 de abril, o réu Carlos Alberto Augusto apontou como testemunha o advogado de presos políticos José Carlos Dias. Não se sabe o motivo da indicação, mas o fato é que José Carlos Dias disse diante da juíza federal Adriana Delboni Taricco que nem sequer conhecia Carlinhos Metralha e testemunhou em juízo que Ustra era comandante do DOI-Codi de São Paulo no período marcado por ampla violência, sequestro, torturas e mortes e que um cliente seu, a quem tentou visitar no DOPS-SP, foi torturado por Alcides Singilo. “Singilo me impediu de entrar na sala”, contou José Carlos.

No caso do réu Ustra, as testemunhas poderão ser ouvidas através de videoconferência pois não residem na capital paulista. O réu Alcides Singillo não compareceu nas últimas oitivas e sua defesa alegou para a juíza que ele estava internado na UTI. Por essa razão, pediram que as testemunhas arroladas fossem ouvidas novamente.

Edgar Aquino Duarte teve sua carreira de marinheiro interrompida em 1964 por participar da revolta dos marinheiros, ocorrida no calor do golpe. Ele foi expulso da corporação, teve que se exilar – primeiro no México e, depois, em Cuba. Voltou ao Brasil em 1968, adotou outro nome e a função de corretor na Bolsa de Valores de São Paulo. Ao reencontrar Anselmo dos Santos (cabo Anselmo), conhecido agente infiltrado, voltou a ser perseguido. Entre 1971 e 1973, foi sequestrado e permaneceu sob o domínio dos órgãos de segurança. Edgar passou pelo DOI-Codi e foi visto pela última no Dops-SP em junho de 1973. As informações das testemunhas de acusação foram colhidas nos dias 9 e 10 de dezembro de 2013.


O 1º desaparecido da ditadura: há 45 anos, matavam Virgílio Gomes da Silva
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Mário Magalhães

blog - virgilio de bicicleta

Virgílio Gomes da Silva (1933-1969), um brasileiro – Foto arquivo de família

 

Nesta segunda-feira, 29 de setembro de 2014, faz 45 anos que agentes da Operação Bandeirante prenderam e torturaram até a morte o operário Virgílio Gomes da Silva.

Comandante militar da organização guerrilheira Ação Libertadora Nacional, Virgílio foi preso de manhã e padeceu até algum momento entre  a noite daquela segunda-feira e a madrugada do dia seguinte, 30 de setembro de 1969.

Seu corpo jamais foi devolvido à família. Conhecido pelo nome de guerra “Jonas”, Virgílio tornou-se o primeiro “desaparecido político” da ditadura parida em 1964. Há mais de 130 deles, e muitos filhos, irmãos, mães, pais e amigos ainda sonham em se despedir dos seus mortos com um enterro digno.

Virgílio tinha 36 anos ao ser assassinado. Assim eu introduzi o seu perfil, no capítulo “O boxeur da ALN criava passarinhos”, da biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras):

“No Nordeste de 1930, de cada mil bebês nascidos, 193 não chegavam a um ano. As paisagens dos rincões mais miseráveis se ensombreciam com os cortejos para sepultar os ‘anjinhos’, corpos sem vida acomodados em pequenos caixões de madeira ou papelão _ali a mortalidade infantil batia nas centenas por milhar. Virgílio Gomes da Silva veio ao mundo em 1933, num desses sítios desgraçados, no agreste do Rio Grande do Norte. Quis o destino que driblasse a estatística fúnebre e se somasse à dos sobreviventes: das dez crianças a que sua mãe deu à luz, ele foi uma das quatro que cresceram. Não muito, na verdade: já adulto, declarou 1,62 metro de estatura ao requerer um documento. Estava no lucro, na família em que a menina Creuza, sua irmã, desmaiava de fome. Camponês retirante, em 1951 se despediu da terra infértil para tentar a sorte em São Paulo. Não lamentou sua fortuna: deu duro como camelô, contínuo e metalúrgico. Corria do bairro proletário de São Miguel Paulista, onde vivia, à praça da Sé, para queimar calorias e permanecer na categoria peso galo”.

Na biografia “Marighella”, Virgílio é o único personagem, além do protagonista, que tem direito a dois títulos de capítulos. Conto como o trucidaram em “A queda do GTA e os gritos de Jonas“.

Uma testemunha revelaria que os beleguins berravam, enquanto torturavam Virgílio:

“A guerra acabou, filho da puta!”.

O guerrilheiro, que menos de um mês antes liderara o sequestro do embaixador dos Estados Unidos, Charles Burke Elbrick, gritava de volta:

“Estão matando um brasileiro!”.

O que fizeram com um cidadão sob custódia do Estado, conforme narrei no livro:

“Daí em diante, do martírio de Jonas restaram vestígios no laudo do exame necroscópico que a ditadura ocultou. Hematomas, escoriações e equimoses escureceram rosto, braços, mãos, joelhos, tórax, abdome, o corpo inteiro. As depressões nos pulsos, típicas de dependurados no pau de arara, mediram um centímetro. O ‘hematoma intenso’ na ‘polpa escrotal’ era compatível com eletrochoques no órgão. Com bicos de calçados, tora de madeira ou pedaço de ferro, fraturaram-lhe três costelas. Na parte superior do crânio, produziram um ‘hematoma intenso e extenso’. Em toda a superfície do encéfalo, um ‘hematoma irregularmente distribuído’. Fraturaram e afundaram o osso frontal do crânio. A autópsia concluiu que Virgílio ‘veio a falecer em consequência de traumatismo cranioencefálico (fratura do crânio)’, provocado por ‘instrumento contundente’. Uma fotografia mostrou o lado esquerdo da cabeça mais afundado que o direito”.

Seu cadáver foi examinado no Instituto Médico-Legal de São Paulo e sumiu em seguida. As autoridades da ditadura para sempre negaram que tivessem assassinado o brasileiro ou soubessem do seu paradeiro.

O laudo da necropsia descrevendo como ele foi morto e as fotografias mostrando-o deformado foram arquivados pela polícia política com a anotação “não podem ser informados”. Trinta e cinco anos mais tarde, descobri esse tesouro histórico no velho acervo do Dops, hoje sob guarda do Arquivo Público do Estado de São Paulo.

Poderia ter mantido o “furo” histórico comigo, até o lançamento da biografia de Carlos Marighella, mas não conseguiria me olhar no espelho. Imediatamente, entreguei tudo à família, para que tivesse mais chances de encontrar os restos mortais do guerrilheiro. Até hoje o empenho comovente não obteve sucesso, embora ninguém jogue a toalha.

Muitos dos assassinos de Virgílio Gomes da Silva foram identificados e estão vivos, beneficiados pela impunidade que incentiva as futuras gerações a repetir a covardia.

Horas depois de matar Virgílio, a ditadura prendeu sua viúva, Ilda, e três dos filhos do casal. Tudo se passou assim:

“Também questionaram Ilda sobre Marighella. Ela portava documentação falsa. Virgílio instruíra o primogênito Vlademir, de oito anos, a se apresentar como Dorival. Virgilinho, de seis, virou Vicente. A caçula Isabel tinha quatro meses. A camionete que os transportava capotou na estrada para São Paulo, ninguém se machucou, e a mãe abraçou os filhos. Na Oban, um murro quebrou os dentes frontais de Ilda, que provou do cardápio de pau de arara e barbárie. Os sádicos inquiriam sobre o paradeiro do marido morto. Para desespero da mãe, prometeram surrar as crianças, até o bebê, e doá-las”.

“Primeiro a avistar o comboio militar em São Sebastião, o pequeno Vlademir se deu conta: ‘Estou em cana’. A Oban não encaminhou os meninos aos parentes, mas à sede do Dops, onde passaram dois dias trancados. Ao sair, não foram devolvidos aos avós, com quem ficara Gregório, o irmão de um ano e nove meses que também esperava pelo embarque para Cuba. Mandaram-nos para o Juizado de Menores. Lá tratavam Vlademir pelo nome, e ele reagia:

‘O meu nome é Dorival!'”

“Instada a solucionar o problema, uma tia abordou-o, e Vlademir não traiu o pai. Disse que nunca a vira mais gorda ou mais magra, e a mulher abriu o berreiro, julgando-o vítima de lavagem cerebral. Uma das maldades impostas a Ilda na Oban era anunciar Isabel, cuja amamentação fora interrompida, e em seguida dizer que a enganaram e que o bebê morreria de fome. O berçário do Juizado era iluminado por lâmpadas roxas. De madrugada, Vlademir e Virgilinho se esgueiravam até a cozinha, abasteciam a mamadeira com leite da geladeira e alimentavam a irmãzinha. Com medo de que fossem dados a famílias diferentes, os meninos passaram a dormir no chão ao lado de Isabel. Um se amarrava ao outro, e cada um prendia uma parte da roupa no berço. Se sentissem qualquer movimento, acordariam para lutar e impedir a separação.”

“Quando lhe permitiram rever o bebê na cadeia, dali a meses, a mãe se emocionou tanto que fraturou pé e tornozelo. Tempos depois, os Silva se mudaram para Cuba, onde os quatro filhos de operários se formariam na faculdade. Virgílio cultivava o hábito de assobiar ao voltar para casa. A ilusão do assovio persistiu por uma década nos tímpanos de Virgilinho. Já homem-feito, ele foi pai de um menino, que orgulhosamente batizou como Jonas.”

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Candidatos a deputado federal são mais brancos, ricos e escolarizados
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Mário Magalhães

Os candidatos a deputado federal são mais brancos, têm maior escolaridade e possuem maior patrimônio do que a média dos brasileiros.

É o que demonstra estudo inédito do Laeser a ser publicado nesta semana no boletim mensal “Tempo em Curso”. O Laeser é o Laboratório de Análises Econômicas, Históricas, Sociais e Estatísticas das Relações Raciais.

A desigualdade se expressa de vários modos na comparação entre o perfil dos mais de 6.000 postulantes à Câmara e o conjunto da população.

Os candidatos de cor ou raça branca são 59,1%, muito acima dos 46% de brancos declarados na Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios de 2013.

Embora as mulheres sejam maioria do eleitorado _52%, conforme o Tribunal Superior Eleitoral_, os homens representam 70,1% dos concorrentes a deputado federal. O abismo poderia ser maior, se a legislação não reservasse 30% das vagas da eleição proporcional às mulheres.

A escolaridade da elite que pretende permanecer ou chegar à Câmara também está muito além da dos brasileiros: 61,5% têm nível superior (67,6% entre os brancos), enquanto o índice fica em torno de 15% na população economicamente ativa.

“Essas informações sugerem que, de fato, o acesso ao poder político no Brasil é mais provável aos com escolaridade superior, brancos e do sexo masculino”, disse ao blog o economista Marcelo Paixão, coordenador do Laeser e professor do Instituto de Economia da UFRJ.

O patrimônio médio registrado pelos candidatos é de R$ 668 mil. “Mesmo que este tipo de informação encontre alguma dificuldade para ser comparado a alguma outra fonte disponível, não há motivos para duvidar que tal montante é razoavelmente superior à média das famílias brasileiras”.

O predomínio de candidatos brancos não é uniforme entre os partidos, constatou a pesquisa coordenada por Paixão.

Eis a média de brancos, entre as siglas mais expressivas:

PMDB: 77%

PTB: 74,5%

PSD: 73,9%

PP: 72,6%

PSDB: 72,0%

PSB: 61,5%

PT: 61,5%

PDT: 51,9%

PSOL: 41,6%

Ou seja, só o PSOL não tem uma chapa mais branca do que a média nacional.

O patrimônio dos candidatos, muito provavelmente maior que o dos cidadãos, também tem assimetrias entre os próprios concorrentes.

O dos candidatos brancos é em média 360% superior ao dos “pretos” (esta é a denominação oficial).

E mais da metade das candidatas do sexo feminino declarou patrimônio igual a zero.

“Os candidatos com maior poder de alavancagem de recursos financeiros possuem potencialmente maiores chances de uma boa performance eleitoral”, afirma Marcelo Paixão. “Ou seja, há razoáveis motivos para suposição de que o perfil masculino, branco e de escolaridade superior à média da população como um todo seguirá formando o perfil primordial da futura casa legislativa no Brasil”.

Não é novidade, como explica o economista: “As diferentes probabilidades de eleição dos candidatos dos diferentes grupos de cor ou raça (e aqui jamais deixando-se de atentar para a discriminação agravada por gênero) também não podem ser dissociadas do próprio modelo brasileiro de relações raciais. Conforme já abordado em diferentes estudos consagrados sobre as dinâmicas da sociedade brasileira, tal padrão atua igualmente por critérios de preterição dos pretos e dos pardos às posições sociais mais prestigiadas, mais bem remuneradas ou de maior acesso aos mecanismos decisórios. Há razoáveis motivos para se incluir as discriminações não econômicas, ainda infelizmente fortes na sociedade brasileira, como um dos fatores que inibem uma maior presença de afrodescendentes e de mulheres (especialmente as deste último grupo) no parlamento brasileiro”.

Alguém aí falou em democracia com “d” maiúsculo?

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Marina deu nome à filha em homenagem a Lula
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Mário Magalhães

Mais dos que as querelas políticas, a relação de Marina e Luiz Inácio Lula, ela Silva, e ele da Silva, me comove nessa campanha eleitoral.

Imagino que não seja fácil nem para um nem para o outro.

Cada um batalha pelo seu _ela por si mesma, ele por Dilma. Mas não há como apagar o que viveram juntos.

Há semanas, desde uma mudança de mais de 80 caixas, eu reorganizo livros e arquivos.

Em meio à bagunça que vai sendo derrotada com persistência, dei com velhas reportagens sobre Marina.

Uma delas saiu no falecido “Jornal do Brasil”, edição de 30 de outubro de 1990.

Intitula-se “Deputada mais votada do Acre teve vida dura nos seringais”.

Ricardo Kotscho, um dos maiores repórteres brasileiros, assina o perfil.

Recém-eleita para a Assembleia Legislativa do seu Estado, a então petista Marina contou a Kotscho que sua filha Moara nascera em meio à campanha presidencial do ano anterior, quando Fernando Collor venceu Lula.

A mãe contou por que batizou a filha com um nome tão bonito: “Dei esse nome, que em tupi-guarani significa liberdade, em homenagem ao Lula. Viajei de teco-teco até o oitavo mês de gravidez para fazer a campanha dele”.

Tempo, tempo, tempo…

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Livro retrata desemprego, formalidade e renda do trabalho desde os anos 90
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Mário Magalhães

 

Campanha eleitoral é temporada de plantação vasta de chutes e colheita abundante de pitacos sem lastro nos fatos.

A Fundação Getulio Vargas e o seu Instituto Brasileiro de Economia acabam de dar uma generosa contribuição para que se compreenda como evoluiu o mundo do trabalho no país desde os anos 1990.

Sem chutes e pitacos, e sim escrutinando números e dados verificáveis.

Com organização de Regis Bonelli e Fernando Veloso, acaba de chegar às livrarias “Panorama do mercado de trabalho no Brasil” (Editora FGV).

Nove ensaios permitem que até leigos como eu entendam como se comportaram as taxas de emprego, desemprego, informalidade, rendimento e produtividade no trabalho nas duas últimas décadas.

E por que isso ocorreu e qual é a tendência daqui por diante.

O retrato é tão impressionante que espanta não ser mais explorado na propaganda eleitoral, pois há quem se saia bem e quem se saia mal.

Para saber mais sobre o lançamento, basta clicar aqui.

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Candidato de Dilma no RJ amarga míseros 2% na disputa pelo Senado
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Mário Magalhães

No Rio de Janeiro, a disputa pelo Senado é um prato cheio para investigações acadêmicas de fôlego. Matéria-prima é que não falta à disposição de cientistas políticos.

De acordo com a pesquisa mais recente, a do Ibope divulgada na terça-feira (o Datafolha sai nesta sexta pouco depois das 19h), no Estado do Rio a candidata à reeleição lidera a intenção de voto a presidente. Dilma Rousseff (PT) tem 34%, empatada tecnicamente com Marina Silva (PSB), 32%, e muito à frente de Aécio Neves (PSDB), 13%.

Ou seja, Dilma exibe pujança, embora com desempenho aquém da sua média nacional.

Os quatro candidatos favoritos na corrida ao Palácio Guanabara estão com Dilma Isso mesmo: os quatro!

São eles Luiz Fernando Pezão (PMDB), com 29%; Anthony Garotinho (PR), 26%; Marcelo Crivella (PRB), 17%; e Lindberg Farias (PT), 8%.

Com essa bola toda de Dilma, o único candidato apoiado por ela ao Senado não ultrapassa os 2% no Ibope: o ex-ministro Carlos Lupi (PDT).

Há uma imensa massa de eleitores que sabe ser Lupi a indicação da presidente, pois isso é martelado a toda hora na TV.

Repetindo: de cada cem cidadãos em condições de votar, 34 manifestam a preferência por Dilma, e somente dois pelo candidato alardeado pela petista.

A pesquisa para o Senado mostra Romário (PSB) com 44%; Cesar Maia (DEM), com 21%; e Liliam Sá (Pros), Eduardo Serra (PCB) e Lupi igualados com 2% (a margem de erro é de dois pontos).

Embora apoie Marina ao Planalto, Romário disparou por conta do prestígio próprio e da campanha bem feita.

Cesar Maia é maior do que o seu aliado Aécio e menor do que o novo parceiro Pezão. O tucano e o sucessor de Sérgio Cabral pedem voto para Cesar na TV.

Liliam Sá colhe 2% com o mote “a senadora do Garotinho”.

Eduardo Serra provavelmente atingiu essa marca em virtude de confusão com o nome de José Serra.

E Lupi, chefão do PDT, pronunciando o nome de Leonel Brizola sem parar e sobretudo com a chancela de Dilma na TV, não conseguiu decolar.

O cenário convida a um estudo sobre a baderna partidária. Se política se faz em torno de ideias _ou deveria ser feita_, como os correligionários Dilma e Lindberg estão com candidatos rivais ao Senado?

No horário eleitoral de Lindberg, ele transmite imagens suas ao lado de Romário.

No de Lupi, entram os anúncios com o discurso entusiasmado de Dilma, que antes de passar para o PT era filiada ao PDT, apelando pela escolha do candidato pedetista.

Outro aspecto interessante para investigação é o limite de um político para transferir votos.

A capacidade de transferência vai interferir diretamente no segundo turno.

Os sufrágios de Aécio Neves, se ele não passar da primeira volta, devem ir majoritariamente para Marina.

A questão é saber em que proporção, e isso pode decidir o pleito.

Há dúvidas sobre se eventual manifestação de Aécio a favor de Marina aumentaria a votação da ex-senadora ou seria indiferente aos olhos dos eleitores.

No caso de Lupi, desconfio que mesmo se ele fosse apadrinhado por Dilma, Marina e Aécio, juntos, não iria muito longe.

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‘O fim’, por Verissimo
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Mário Magalhães

Luis Fernando Verissimo, torcedor colorado – Foto Zanone Fraissat/Folhapress

 

Por Luis Fernando Verissimo, nesta quinta-feira:

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O fim

(…)

Quero aproveitar a oportunidade para dizer que foi um privilégio pertencer à Humanidade enquanto ela durou. E sei que falo pelas bilhões e bilhões de pessoas que frequentaram este planeta desde que éramos pré-hominídeos, que não sabiam nem fazer fogo nem sexo de frente quando digo que foi bom. Fizemos muita bobagem, é verdade – guerras, filhos demais, carros com rabos de peixe, Brasília – mas também fizemos coisas admiráveis. Dois exemplos: a Catedral de Chartres e a Patricia Pillar. E nos divertimos, é ou não é? Parabéns à Terra, que nos acolheu sem fazer perguntas, nos deu a água e o oxigênio que precisávamos para viver e ainda nos proporcionou grandes crepúsculos, sem falar no cheiro de capim molhado e no pudim de laranja. Obrigado, velha. Que venha o Apocalipse. Viva o Internacional.

Para ler a íntegra da crônica do Verissimo, basta clicar aqui.