Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : setembro 2013

Carga pesada: a história anda de caminhão
Comentários Comente

Mário Magalhães

 

( O blog agora está no Facebook e no Twitter )

Em Diamantina

A vida desse caminhão-museu é andar por esse país, guardando _e contando_ a recordação das lutas sociais pela terra. É uma dessas ideias inspiradas que desatam a curiosidade: por que ninguém a teve antes?

Como um transformer, o caminhão Iveco Tector virou uma exposição itinerante empenhada em reconstituir a batalha por um lugar para viver e trabalhar desde que a frota do Cabral fundeou em mares baianos. Dos índios aos contemporâneos do Chico Mendes, cujo assassinato está na bica de completar um quarto de século.

Ao percorrer as estradas, desfilando seu amarelo-cheguei, funciona compacto, mão fechada. Ao se instalar nas cidades, os dedos se abrem, e cidadãos que jamais tiveram a oportunidade de pisar num museu se deparam com um complexo high-tech.

Do lado esquerdo, painéis evocam figuras vinculadas às contendas agrárias, do Visconde do Uruguai e Euclides da Cunha a Leonel Brizola e Elizabeth Teixeira. Subindo a escada, encontra-se uma biblioteca de meio milhar de volumes, boa parte de livros de arte, povoada de mesas e cadeiras. Telas de computadores, à disposição de quem quiser, exibem as trajetórias de personagens e recapitulam épicos nacionais.

Do lado direito, imagens gigantes tratam de temas como arraial de Canudos e latifúndio. Os visitantes, que nada pagam pelo passeio no museu sobre rodas, tiram fotos com roupas típicas de cangaceiro, tropeiro e Chica da Silva _poucos querem se vestir de escravo.

Duas salas de vídeo passam filmes de curta metragem feitos para o projeto. O que reconta o massacre de Canudos, com rigor histórico e ritmo de tirar o fôlego, tem locução de Maria Bethânia. A saga indígena de 500 anos, de Letícia Sabatella. Outros artistas emprestam suas vozes, como Chico Buarque, Vera Holtz, Wagner Moura, Gilberto Gil, Regina Casé, Dira Paes e José Wilker. Todos trabalharam de graça.

Atrás do caminhão, montaram um karaokê. Há também um teatro. Os guias são estudantes da Universidade Federal de Minas Gerais, instituição que teve de graduandos a doutorandos produzindo os textos que narram o passado.

O caminhão-museu foi batizado como Sentimentos da Terra. A curadoria é da historiadora Heloisa Starling e do artista visual Gringo Cardia. Idealizadora do projeto, Heloisa disse que ouviu uma recomendação do ex-presidente Lula: “Tem que fazer sucesso em Ipanema e na Raposa Serra do Sol”.

O Caminhão-Museu Sentimentos da Terra é uma parceria da UFMG com o Ministério do Desenvolvimento Agrário. Ficou pronto em março e já fez nove turnês. Saiu por R$ 1,8 milhão, custo bem menor do que o de quase todos os museus em construção no Brasil.

No sábado, eu o conheci em Diamantina, cidade mineira que abriga o Festival de História. No mesmo grupo estava o historiador Kenneth Maxwell. Hoje o inglês dedicou sua coluna na “Folha de S. Paulo” ao caminhão. Com o título “Boas notícias”, ela pode ser lida clicando aqui.


Morre Diva Burnier, militante contra a ditadura e colega de Dilma na prisão
Comentários Comente

Mário Magalhães

( O blog agora está no Facebook e no Twitter )

Morreu em São Paulo a economista Diva Burnier, veterana de combates à ditadura (1964-85), ex-militante da Ação Libertadora Nacional (ALN) e companheira de prisão da hoje presidente Dilma Rousseff.

No começo do ano, Diva sofrera duas fraturas de crânio. Meses depois, um acidente doméstico provocou fratura na bacia. Ela faleceu na tarde da quarta-feira, aos 67 anos.

Presa política na virada da década de 1960 para a de 70, Diva integrou o coletivo da Torre das Donzelas, como foi batizado o espaço do Presídio Tiradentes que abrigava mulheres. Uma de suas colegas de cárcere foi a então guerrilheira Dilma Rousseff, que se aplicava em grupos de estudos, como contou uma reportagem da “Isto É”. “Ela é muito engenhosa na macroeconomia”, recordou Diva Burnier em 2010.

Também no ano da eleição presidencial passada, a “Época” reconstituiu o que era a Torre das Donzelas: “As presas contam que, logo que chegavam à Torre, eram rigorosamente revistadas, obrigadas a ficar de cócoras e apalpadas pelas carcereiras. Ao passar pelas celas das presas comuns, conhecidas como ‘corrós’ – o termo popular usado para descrever as ‘correcionais’, presas por crimes como ‘vadiagem’ ou ‘prostituição’ –, ouviam os gritos: ‘Carne fresca, carne fresca!’. ‘Fiquei aterrorizada quando cheguei ao Tiradentes’, diz Diva. ‘Era muita gente gritando.’ Para a maioria, porém, era um alívio chegar à Torre, porque o ‘mundão’, como chamavam a vida lá fora, começava a se conectar com o ‘mundinho’, a vida na prisão. Familiares e amigos poderiam localizá-las, ao contrário do que acontecia no Dops e na Oban. As presas podiam receber cartas – vistoriadas pela carceragem – e visitas, com alimentos, livros, discos, vitrolas, rádios de pilha ou televisões”.

Muitos anos depois, quando foi estudar na Unicamp, a futura presidente morou em uma casa de Diva Burnier.

Ontem à noite a jornalista Rose Nogueira, grande amiga de Diva, lembrou em mensagem aos amigos: “Diva foi muito valente no Doi-Codi e no quartel do Ibirapuera. Ficou depois em prisão preventiva no Presídio Tiradentes e respondeu a processo na Auditoria Militar. Na ALN, era ligada a Virgílio Gomes da Silva, o nosso Jonas, de quem foi também amiga”.

Virgílio foi assassinado na tortura em setembro de 1969, quando se tornou o primeiro “desaparecido político” na ditadura.

Diva teve três filhos.

Ela está sendo velada na Funeral Home (rua São Carlos do Pinhal, 376, Bela Vista, São Paulo).

O velório irá até as 15h. O corpo será cremado, como era vontade de Diva Burnier.


Registro da Rede é direito democrático de milhões de eleitores de Marina
Comentários Comente

Mário Magalhães

Marina Silva em 2010, quando concorreu ao Planalto – Foto Flavio Florido/UOL

 

( O blog agora está no Facebook e no Twitter )

Depois de serem aceitos nesta terça-feira os registros de um partido com nome de supositório, o Pros, e o de um que afana história alheia, o Solidariedade, constituiria estupro antidemocrático eventual veto à legalização da Rede Sustentabilidade, a agremiação de Marina Silva.

Já existem 32 legendas no país. Excluindo o PT de Dilma Rousseff, nenhuma apresenta aspirante às eleições presidenciais de 2014 com suporte popular igual ao da antiga senadora Marina Silva. No levantamento Datafolha mais recente, em agosto, ela colheu 26% da intenção de voto.

Barrar a Rede de Marina equivaleria a impedir a livre expressão eleitoral de um em cada quatro cidadãos aptos a votar.

O Solidariedade foi reconhecido a despeito de incontáveis denúncias de picaretagem na coleta de assinaturas.

A Rede, como divulgado, ainda carece do apoio de 52 mil eleitores para alcançar os 492 mil exigidos. Mas os cartórios recusaram 95 mil firmas pró-sigla de Marina sem justificar a atitude. E o partido em gestação questiona a negativa em aceitar outras 35 mil.

O aparato burocrático age contra um agrupamento em condições de lançar uma candidatura vigorosa ao Planalto. Se o Tribunal Superior Eleitoral vergar-se à operação tartaruga, apadrinhará a manobra que visa proibir milhões de brasileiros de escolher seu candidato preferido.

Há outros aspectos a considerar. Um partido tão pouco ágil na sua organização saberia comandar o Brasil? Nenhuma dessas dúvidas, contudo, elimina o fato central: é direito de Marina registrar sua Rede e por ela concorrer  ao Planalto. Assinaturas suficientes foram encaminhadas aos cartórios, nos conformes da lei.

Caso contrário, o insólito se consagrará: o deputado Paulinho com o seu Solidariedade em campo, e Marina e a Rede barradas do jogo.


Em meio à enchente do chororô, Janio de Freitas nada de braçada
Comentários Comente

Mário Magalhães

( O blog agora está no Facebook e no Twitter )

No chororô desencadeado pela negativa de algumas petrolíferas estrangeiras em investir no pré-sal, ouviu-se o eco de quem, no passado remoto, era contra a exploração do petróleo pelo Estado.

Antes, não queriam a Petrobras, favorecendo a Standard Oil e suas parceiras. Agora, lamuriam-se porque certos gringos se foram.

Páginas e telas transbordaram de tantas lágrimas, mas Janio de Freitas não se afogou, como mostrou sua coluna na “Folha”:

Janio de Freitas, “Folha de S. Paulo”, 22/09/2013


O homem que inventou o pré-sal
Comentários Comente

Mário Magalhães

 

( O blog agora está no Facebook e no Twitter )

Uma das numerosas curiosidades do depoimento de Guilherme Estrella a Denise Luna trata de sua primeira saída da Petrobras: “No Cenpes elegemos um colega para uma vaga importante, mas a diretoria vetou porque ele era presidente da Associação dos Engenheiros da Petrobras. Eu pedi demissão, não aceitei. Isso era 1995, a ditadura já tinha acabado”.

Noutra passagem, ele relembra o regresso, em 2003: “Quando cheguei lá, não encontrei uma empresa de petróleo, mas uma instituição financeira que investia no setor de petróleo. Tinham acabado com os cursos fora, com as viagens para seminários. Estavam concentrados apenas na bacia de Campos, fazendo caixa, sem investir”.

Minha memória castigada talvez me traia, mas não me lembro de o jornalismo brasileiro se comover à época com as mazelas desse patrimônio nacional que é a Petrobras.

Que fale o “descobridor” do pré-sal:

*

Oito anos depois de aposentado, Guilherme Estrella foi chamado de volta ao trabalho. Dois anos depois da posse do presidente Lula, levava ao presidente os mapas dos gigantescos reservatórios do pré-sal brasileiro, concentrado na bacia de Santos. Virou o “pai do pré-sal” para Lula. Cotado para presidir a PPSA, que vai administrar os contratos de partilha do pré-sal, ele diz não querer nem pensar na possibilidade.

*

Nasci durante a Segunda Guerra, justamente a responsável por fazer da geologia a ciência de maior crescimento na época. Os submarinos alemães se escondiam em formações geológicas em frente aos EUA, daí a necessidade de conhecer essa ciência.

Sou de uma família classe média da Ilha do Governador, zona norte do Rio. Vivia de frente para a baía de Guanabara, que não era o esgoto que é hoje. Morávamos na Lagoa, na zona sul, mas meu pai reclamava do barulho da obra do bonde e nos mudamos.

Fui o geólogo descobridor de um dos maiores poços da bacia do Recôncavo, Miranga, no interior da Bahia, que produz até hoje. A Petrobras produzia 100 mil barris por dia. Em 1966 fiz um levantamento de Alagoas até Vitória e encontrei formações favoráveis a muito petróleo.

Tinha uma frase famosa, do geólogo americano Walter Link, de que o petróleo no Brasil era no mar, e não em terra. Com os primeiros dados, foi dada a autorização para contratar sonda e perfurar no mar.

Eu vivia no interior da Bahia e nem via os movimentos políticos, não participava de nada, mas sabia que os governos militares sempre privilegiaram a Petrobras. A empresa nunca foi uma empresa do governo, mas de governo, seja qual for.

Na época do Geisel [presidente Ernesto Geisel, 1974-1979] fizemos a primeira perfuração no mar do Espírito Santo, no campo de Guaricema. Os testes indicaram óleo, mas subcomercial. Conta-se que Geisel não aceitou e disse que ia produzir de qualquer maneira, e acabou sendo a primeira descoberta relevante do Brasil.

(Para ler o depoimento na íntegra, basta clicar aqui.)


Tapas ou petiscos, por Duarte Calvão
Comentários Comente

Mário Magalhães

Rota de Tapas, evento em curso em Lisboa – Reprodução do blog Mesa Marcada

 

( O blog agora está no Facebook e no Twitter )

Franceses, espanhóis e portugueses cultivam uma autoestima que, para o bem e o mal, reconhece ruídos na adoção de expressões estrangeiras.

Na profusão de “bares de tapas” que se proliferam aqui no Rio, eu jamais me importei com o nome. Sei que os bascos chamam suas tapas de pintxos, já me empanturrei com elas, mas os conterrâneos do Xabi Alonso não haveriam mesmo de dar mole aos castelhanos.

Só ao ler o velho amigo Duarte Calvão é que me dei conta de que “tapas” pode incomodar. O escriba português aponta o “espanholismo”.

Crítico gastronômico, Duarte escreve no saboroso blog Mesa Marcada, que mantém com colegas de Lisboa. O gajo passou a adolescência e o início da vida adulta no Rio. Estudamos na Escola de Comunicação da UFRJ. Reencontramo-nos em 1990, os dois radicados em Portugal, ele de volta à sua terra.

A opção entre o português “petisco” e o espanhol “tapas” só tangencia a crônica do Duarte sobre cervejas. O texto pode ser lido clicando aqui.

Em nome da amizade longeva, tomo a liberdade de publicá-lo abaixo, na íntegra, sem pedir licença…

*

Petiscar por Lisboa com cerveja catalã

Por Duarte Calvão

Fala-se muito do “nacionalismo” português em relação aos nossos vinhos, que creio que existe em todos os países produtores, mas menos no das cervejas, Na verdade, português que é português, como eu sou, pode ter um certo interesse por marcas estrangeiras, mas a verdade é que não dispensa no quotidiano as suas Sagres ou Superbock, que, além de nossas, são bem boas. É por isso interessante ver o esforço que a catalã Estrella Damm tem feito nos últimos tempos, sobretudo desde que em 2012 começou a ser distribuída em Portugal pela Sumol + Compal, para conquistar o seu nicho de mercado.

Tenho sido convidado para o lançamento de uma iniciativa que a marca espanhola tem promovido em Lisboa desde o ano passado, a Rota das Tapas, e parece-me um bom exemplo de como, com imaginação, se pode encontrar um lugar, ainda que pequeno, entre os escombros da “batalha” Centralcer x Unicer. Esta rota tem agora, até dia 6 de Outubro, a segunda edição e, ao que dizem os seus promotores, a da estreia foi tão bem sucedida que o número de restaurantes/bares que a ela aderiram passou de 12 para os actuais 35. E se na primeira edição a rota incidia, grosso modo, pelas zonas do Bairro Alto e Príncipe Real, nesta segunda passou a abranger também Alfama.

A Rota das Tapas (desculpo o “espanholismo” pelo facto de se tratar de uma empresa de além fronteiras…) consiste em apresentar opções de petiscaria, algumas preparadas especialmente para a iniciativa, por três euros, que incluem, além do prato, 25 cl de Estrella Damm. Quem fizer o percurso (três “escalas”, pelo menos) e votar na “melhor tapa”, habilita-se ainda a uma viagem a Barcelona, com jantar no Tickets, do chefe Albert Adrià, irmão e cúmplice criativo de Ferran Adrià.

E por falar no chefe catalão, devo dizer que a minha relação com a Estrela Damm, fundada em 1876 (cuja antiga fábrica, no centro de Barcelona, vale a pena ser visitada), passa muito pela Inedit, uma cerveja que Ferran Adriá e o seu sócio Juli Soler, pelo vistos um grande especialista na matéria, desenvolveram para a cervejeira catalã há uns quatro ou cinco anos, se a memória não me falha, e que inclui na sua fórmula “pele” de laranja e alcaçuz. Só é vendida em garrafas de 75 cl e é especialmente adequada para acompanhar comida, com uma versatilidade que me encanta. E também me encanta o preço, sempre inferior a cinco euros e muitas vezes em promoção. No Corte Inglês de Lisboa, por exemplo, está agora a 3.99 euros, mas já lá comprei duas por menos de 10 euros, numa promoção que incluía dois óptimos copos de pé, os quais dão também muito bem para vinho branco.

Mas voltando à Estrela Damm “normal”, lager estilo pilsener, e à Rota das Tapas, acrescento que também a aprecio muito, principalmente pela espuma cremosa que, além de agradável, ajuda a manter a cerveja viva mais tempo, já que retarda a saída do gás. É uma boa variação das marcas nacionais. Quanto à Rota, é experimentar, porque há de tudo, desde locais mais conhecidos a outros menos. A apresentação à Comunicação Social, por exemplo, foi no Duetos da Sé, que não conhecia e me pareceu muito simpático com alguns petiscos bem feitos, ainda que não muito originais, como moelas, ovos com farinheira, morcela com maçã ou peixinhos da horta com maionese de coentros. Para saber quais os locais que participam, só indo a um, onde lhe é entregue um mapa da rota, ou no facebook.com/estrelladamm.


‘Primeiro filme americano antinazi esteve 75 anos num cofre’
Comentários Comente

Mário Magalhães

Imagem do filme “Hitler’s Reign of Terror” – Reprodução “Público”/Reuters

 

( O blog agora está no Facebook e no Twitter )

Do jornal “Público”, de Lisboa:

*

No começo dos anos 1930, Cornelius Vanderbilt IV, o herdeiro de uma riquíssima família de industriais americana, andava a viajar pela Europa, como convinha a um jornalista-aprendiz da época com dinheiro suficiente no bolso para o fazer. Está em Berlim a 5 de Março de 1933, dia em que o partido nazi ganha as legislativas, deixando Hitler e os seus apoiantes em clima de euforia e muitos judeus em fuga. Vanderbilt, então com 35 anos, filma paradas e desfiles de tropas, mas também os que, antecipando a catástrofe, arrumam as malas e decidem partir.

Regressado aos Estados Unidos, Vanderbilt monta as imagens que traz – umas feitas na Alemanha, mergulhado em locais públicos e mostrando nazis a maltratar judeus ou a queimar os seus livros e a saquear lojas, outras resultando de entrevistas ou de uma ida à Áustria, onde regista motins durante cerimónias militares – num tempo recorde.

O seu filme, Hitler’s Reign of Terror, próximo de um registo documental a preto e branco com pouco mais de uma hora a que não falta sequer uma entrevista encenada que junta Vanderbilt e o ditador, estreia em Abril de 1934 num cinema da Broadway, em Nova Iorque, segundo a Agência France Presse (AFP). A carreira da longa-metragem é curta, graças à intervenção do embaixador da Alemanha em Washington e a americanos influentes que temiam ver afectadas as relações económicas com Berlim.

(Para ler a reportagem na íntegra, basta clicar aqui.)


‘Eleitor alemão tira FDP do parlamento’, por Fernando Molica
Comentários Comente

Mário Magalhães

Fernando Molica: botafoguense, jornalista e romancista – Foto Paula Johas/Divulgação

 

( O blog agora está no Facebook e no Twitter )

Fernando Molica, hoje em “O Dia”.

*

A notícia, surpreendente, vem da Alemanha. Não haverá FDP no Parlamento de lá. O partido de sigla autoexplicativa — Freie Demokratische Partei (Partido Democrático Liberal) — não conseguiu 5% dos votos e encalhou na cláusula de barreira. É possível prever um aumento na visitação do Reichstag, o Parlamento. Os guias dirão para turistas incrédulos: “Aqui não há FDP!”

Com a mudança, a chanceler federal, Angela Merkel, não poderá mais contar com o apoio do FDP para impor sua austeridade econômica a gregos, portugueses, espanhóis e irlandeses, que tanto dependem da Alemanha. Dizem os analistas que, sem a dócil parceria — o FDP era muito útil ao governo — , ela será obrigada a construir uma aliança à esquerda, o que tende a diminuir a pressão sobre os vizinhos. A população desses países comemora, era difícil suportar os resultados da união entre os políticos agora derrotados e a rígida chanceler.

A triste sina de um partido que, ao contrário dos nossos, não esconde seus princípios, serve de alerta para políticos e eleitores. O FDP foi conduzido ao Reichstag pelo voto. Desta vez, perdeu seus representantes também pela vontade soberana dos cidadãos. Nas democracias, partidos e políticos só chegam ao poder se embalados pelo desejo da população.

(Para ler o artigo na íntegra, basta clicar aqui.)