Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : setembro 2013

Síndrome de Jeniffer: e se a mulher do Oswaldo tiver razão?
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Mário Magalhães

O primeiro post:

O comentário:

A signatária e o marido:

O casal Jeniffer Setti e Oswaldo de Oliveira – Foto Marcelo de Jesus/UOL

 

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Não são apenas os botafoguenses que torcem para seu time dar a volta por cima, depois dos insucessos recentes: os amantes do futebol, também. Nenhum time encantou tanto até agora no Campeonato Brasileiro, embora o Cruzeiro seja o merecidíssimo líder.

No começo de agosto, quando a equipe de Seedorf ponteava a competição, a atriz Jeniffer Setti tratou de pôr os pés no chão, com um post no Facebook: “Botafogo líder do campeonato! Sem salários, sem Engenhão, sem jogadores, sem o apoio da torcida, sem o puxa-saquismo da imprensa e sem jogadores! Está na hora de essa torcida parar de reclamar e engolir suas murmúrias. Pronto, falei. Oswaldo, meu amor, parabéns pelo seu talento e coragem para passar por cima de tudo isso com humildade e paciênciaaaaaaaaa. Aff, pronto, falei!”

O mundo caiu, porque Jeniffer é casada com Oswaldo de Oliveira, o técnico do Botafogo.

Mostrando não ser medrosa, a atriz respondeu a um comentário de torcedor. Emendou: “Seedorf é um craque que não vai aguentar o pique.” “Jogadores não se concentram porque não recebem há meses.” Mencionou “todo esse desajuste” do clube. E mais, como se pode ler acima.

Depois da queda de desempenho, culminando com a derrota para o Bahia ontem no Maracanã, os escritos de Jeniffer Setti voam como um abutre sugerindo mau agouro para o atual vice-líder, a oito pontos da Raposa.

 


Entenda qual é o objetivo central da provocação de Bolsonaro
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Mário Magalhães

Deputado federal Jair Bolsonaro – Foto Antônio Araújo/UOL

 

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Um dos grandes trunfos do deputado federal Jair Bolsonaro em suas cruzadas é a costumeira dificuldade que muitos dos seus antagonistas têm para identificar seus reais objetivos ou focos.

Nesta segunda-feira, o capitão da reserva (ou reformado; ignoro seu estatuto) do Exército Brasileiro empenhou-se aqui no Rio em atrapalhar uma visita civilizada às antigas instalações do DOI (Destacamento de Operações de Informações) do velho I Exército dos tempos da ditadura (1964-85).

Participaram da visita à unidade do Exército membros ou representantes da Comissão Nacional da Verdade, da Comissão da Verdade do Estado do Rio de Janeiro, do Senado e da Câmara dos Deputados. (Leia a cobertura do UOL aqui e aqui.)

Testemunhas afirmam que Bolsonaro agrediu fisicamente Randolfe Rodrigues _o deputado diz que “só empurrou” o senador. É possível que o gesto tenha consequências na Câmara, com pedido de cassação de mandato, mas não é disso que trato aqui. E sim do eixo da atuação mais recente do militar.

É verdade que ao provocar os visitantes Bolsonaro busca agradar sua base, na qual vicejam viúvas da ditadura, e reforçar as possibilidades de reeleição no ano que vem. O máximo que ele ambiciona é se manter na Câmara, pois sabe que propagandistas do antigo regime não se criam na disputa por cargos majoritários, em nenhum lugar do Brasil. Mas não é esse, vitaminar a candidatura vindoura, o seu propósito central hoje.

Nem o de reiterar sua agenda pela enésima vez. Todo mundo já sabe que ele é contra os gays e os ativistas que batalham para conhecer os crimes do Estado durante a ditadura. Não precisava fabricar mais um rififi para apresentar sua plataforma medieval.

Muito menos Bolsonaro pensou em estimular o debate democrático e tolerante, ao acusar os visitantes de recusar “o contraditório” no debate político. Na ditadura incensada pelo deputado, seus partidários resolviam “o contraditório” pendurando oposicionistas no pau-de-arara, executando-os a sangue frio e sumindo com os corpos. Estupravam jovens guerrilheiras, punham filhotes de jacarés para rastejar sobre seus corpos nus e as matavam empalando-as.

O problema fundamental para Bolsonaro e seus aliados hoje é a ameaça _para eles_ de a Comissão Nacional da Verdade sugerir julgamento e punição para autores de crimes imprescritíveis contra os direitos humanos, como a tortura e os desaparecimentos forçados.

Bolsonaro aplica-se em desenhar um cenário no qual haveria somente contendores radicais: ele e seus amigos contra os defensores de punição para os violadores de direitos humanos.

Assim, cresceriam as chances de a Comissão da Verdade não recomendar julgamento e condenação, procurando um falso meio-termo. Falta à comissão poder legal para punir. Mas seu relatório final terá influência sobre as ações do Ministério Público junto à Justiça e na possível reconsideração da Lei de Anistia pelo Supremo Tribunal Federal.

Se a Comissão Nacional da Verdade não sugerir punição, Bolsonaro terá atingido seu objetivo, com a eternização da impunidade.

Caso contrário, assistiremos à sua derrota.


Para brasilianista, país cresce com decisão de Dilma de não ir aos EUA
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Mário Magalhães

O historiador britânico Kenneth Maxwell, no Festival de História, em Diamantina

 

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Em Diamantina

A presidente Dilma Rousseff “tomou a decisão correta” ao desistir da visita de outubro ao presidente Barack Obama, nos Estados Unidos. Essa é a opinião do historiador inglês Kenneth Maxwell, 72.

Professor aposentado da Universidade Harvard, nos EUA, Maxwell é um dos mais importantes brasilianistas, como costumam ser designados os acadêmicos estrangeiros especialistas em história do Brasil. Hoje ele mora na Inglaterra.

Maxwell está no país para participar do 2º Festival de História, em Diamantina. Foi nessa bela cidade mineira, terra natal do presidente Juscelino Kubitschek, que ele conversou com o blogueiro, também participante do evento.

O historiador é autor do clássico “A devassa da devassa”, sobre a Inconfidência Mineira. O livro completa 40 anos de lançamento neste mês. Maxwell está lançando “O livro de Tiradentes” (Companhia das Letras), do qual é coordenador. Trata-se de uma coletânea de documentos constitucionais fundadores dos Estados Unidos. Os papéis eram referência dos conspiradores mineiros do século 18, como Joaquim José da Silva Xavier.

*

Blog – O senhor concluiu assim sua coluna na “Folha de S. Paulo” desta quinta-feira (19/09), sobre a decisão da presidente Dilma Rousseff de adiar _ou cancelar_ a visita de Estado aos EUA: “Uma coisa é certa: a perda é muito maior para os Estados Unidos, que somente podem culpar a si mesmos”. Por que a perda é maior para os EUA, se nessa relação o Brasil é a parte mais fraca?

KM – Refiro-me ao propósito de vender caças da Boeing para ao Brasil. Vai ser difícil que isso ocorra, principalmente por razões políticas. Acho que isso é impossível, agora. Por essa razão, pensando só nas relações comerciais, é uma perda enorme para os Estados Unidos.

O ganho para o Brasil seria o apoio para um lugar permanente no Conselho de Segurança das Nações Unidas. Essa é uma ideia brasileira há muitos anos, mas os EUA não têm capacidade de garantir. Podem apoiar, mas as decisões são tomadas fora dos EUA. Inglaterra e França não vão deixar o Brasil entrar. Claro que por seu peso no mundo o Brasil deve ter uma cadeira no Conselho de Segurança. Mas o Brasil não tem o apoio de outros países da América Latina, México principalmente.

Blog – Houve uma série de críticas no Brasil à decisão da presidente de não ir à Casa Branca em outubro. Dilma foi acusada de bravata, provocada por interesses eleitorais. Supõe-se que falar grosso com uma grande potência poderia render votos. Como o senhor analisa essas observações?

KM – Isso é possível, mas as razões para a tomada dessa decisão são totalmente corretas. Os EUA estão numa promiscuidade de ver e ouvir tudo o que está acontecendo no mundo. Há um Estado, os serviços de inteligência, dentro do Estado. Atuam sem inteligência nas suas agências de inteligência. Por que é necessário que eles saibam de todas essas coisas? Por que uma pessoa de mais baixa hierarquia nas Forças Armadas americanas deve saber o que Dilma Rousseff está dizendo aos seus ministros? É totalmente irrelevante.

Blog – Ou com quem estava conversando, como mostram gráficos.

KM – É preciso uma discussão nos Estados Unidos sobre a expansão elefantina dos serviços secretos americanos. Um elefante sem uma mente. Esse é o problema.

Blog – A decisão de Dilma pode vir a dificultar as relações com a Casa Branca ou não haverá maior repercussão?

KM – Vai ter resultados, claramente. Porque geralmente as pessoas que fazem análises da política brasileira não dão muita atenção ao Brasil. E isso chegou em um momento muito mau para a administração Obama. Eles farão uma interpretação de que isso é um jogo nacionalista, coisa assim. Possivelmente, será a reação deles.

Mas, no meu ponto de vista, foi uma posição totalmente correta tomada pela Presidência brasileira. Se ela aceitasse visitar os Estados Unidos… Nós sabemos que Edward Snowden e Glenn Greenwald têm capacidade de fazer vazamentos de informações da forma que eles querem. E esperam o momento ideal de fazer mais vazamentos sobre o Brasil. Mas não sei que outras coisas eles têm.

Blog – A decisão de Dilma repercutirá além da relação Brasil-EUA ou ninguém, incluindo a Europa, está prestando muita atenção no imbróglio?

KM – Isso dependerá muito da reação dos formadores de opinião nos EUA. Mas no longo prazo não creio que haverá grandes danos ao relacionamento entre Brasil e EUA.

Blog – Nem nas relações comerciais?

KM – Acho que não. Porque agora o Brasil está integrado comercialmente ao mundo.

Blog – Com a reação de Dilma à espionagem, o tamanho do Brasil na comunidade internacional aumenta, diminui ou fica na mesma?

KM – Aumenta. Porque foi uma decisão feita por motivos razoáveis. É decisão de um país aliado dos EUA. Não há nenhuma razão para justificar a espionagem sobre políticos e líderes brasileiros e também sobre a Petrobras. É totalmente inaceitável, do meu ponto de vista. O Brasil tomou a decisão correta.