Democracia de tapetão
Mário Magalhães
As bandas (ou bandos) puxam daqui pra lá, de lá pra cá, fazem mais barulho do que, no engarrafamento, buzina de carro de motorista insensato.
Pretendem influenciar o processo sobre a chapa Dilma-Temer cujo julgamento o Tribunal Superior Eleitoral planeja retomar amanhã.
Os destinos do Brasil passaram a ser definidos não pela soberania do voto popular, mas nos tapetões do Judiciário e do Legislativo.
Dilma Rousseff foi deposta pelo Congresso, com o beneplácito do STF, não por causa das provas agora à disposição da Justiça Eleitoral _são outros quinhentos. E sim sob o pretexto das ditas pedaladas fiscais e outros procedimentos contábeis.
Michel Temer, vice na mesma coligação, ganhou o posto para o qual não havia sido escolhido pelo voto direto. Pode cair se o TSE se pronunciar pela cassação da chapa.
Temer não tem legitimidade para ocupar o Planalto. Nunca teve.
Não chegou lá por vontade dos eleitores. Corre o risco _chance para o país_ de voltar para casa também sem consulta aos brasileiros.
O equilíbrio entre poderes vitamina a democracia. Mas ela fraqueja quando arrancam dos cidadãos a decisão sobre os governantes.
A pressão de grupos se dirige para os tribunais e o Congresso.
Gostam de lobby e demonizam o voto popular.
Vive-se uma democracia de tapetão. Isso é democracia?
Na democracia, presidente se elege no voto.