Flamengo 2 x 2 Vasco: revolta para muitos, preocupação para todos
Mário Magalhães
Antes de tudo, uns prolegômenos sobre o 2 a 2 entre Flamengo e Vasco pelo Campeonato Estadual (mas disputado em Brasília). O resultado foi determinado por decisões do Luis Antônio Silva Santos. Os times jogaram assim ou assado, mas o que definiu o empate foi o apitador. Balanços que ignoram os desatinos do veterano que já deveria ter pendurado o apito minimizam o escândalo que foi ao menos uma de suas intervenções.
Ele acertou ao expulsar o Luis Fabiano. O que o desequilibrou não foi o movimento do atacante vascaíno, que o peitou. Peitou não metaforicamente, mas no sentido literal da palavra. Se um jogador recebe o amarelo (justo), parte ensandecido para cima do árbitro e lhe dá uma peitada, quer o quê? Se alguém disser que o Fabuloso (ainda?) não peitou o árbitro, sugiro exame de vista.
Não sei se existiu erro na anulação do gol do Réver. O zagueiro apareceu em posição legal. Avançado estava o Damião, que teria participado da jogada. Fiquei na dúvida. É possível ou provável que meus três irmãos vascaínos considerem que houve banheira (o irmão gremista também, porque a turma anti-rubro-negra não perdoa).
Sobre o lance que sacramentou a igualdade, no ocaso do clássico, inexiste dúvida. O juiz e um bandeirinha inventaram mão ou braço do Renê numa bola que tocou em sua barriga (imagem no alto). O Flamengo jogou mal, eu sei. Mas o empate decorreu de juízo estapafúrdio do apitador.
Prolegômenos para trás, a partida mostrou que ambas as torcidas têm muito com o que se preocupar.
Os cruz-maltinos se superam na garra, o que será insuficiente, embora importante, para um bom Campeonato Brasileiro. Há numerosos veteranos no elenco, o que pode ser trunfo ou desvantagem. O coroa Nenê é o melhor, o Douglas é um garoto que joga demais, mas isso não basta. O coletivo é fraco, sofre para alcançar uma vaga nas semifinais. Melhorará se o Luis Fabiano entender que deve entrar em campo para jogar, e não para reclamar da arbitragem. O Vasco era superior até sua expulsão, no começo do segundo tempo. Ele havia roubado a bola do Réver, sem falta, no primeiro gol. Com sua saída, o cenário mudou. Se o Luis Fabiano mantiver o foco no futebol, a equipe poderá sonhar mais alto.
A preocupação dos rubro-negros deveria ser ainda maior, porque já, já a Libertadores será retomada. É evidente que a falta do Diego (Mancuello não foi um bom cover) e do Guerrero (Damião não esteve à sua altura) pesaram. A do Trauco atrapalhou menos, porque o Renê está bem. Mas as ausências não explicam tudo. O time entrou devagar, como se achasse que a qualquer momento poderia sobrepujar o elenco sabidamente inferior. Foi pior do que o adversário até o vermelho para o Luis Fabiano. O meio-campo careceu de densidade e criatividade. Quando a armação ofensiva fica nos pés do Vaz e do Márcio Araújo (cuja disposição é admirável), algo está errado. Como contra a Universidad Catolica, chances para assegurar logo a vitória foram desperdiçadas. Faltou punch ontem. Se repetir a atitude contemplativa de parte do jogo, o Flamengo terá gigantescas dificuldades na Libertadores contra o competitivo e muito bem armado Atlético Paranaense.
A revolta com a arbitragem não foi de todos.
Mas a todos não faltam preocupações depois do clássico maculado pelo famigerado apitador.