Por que Crivella esconde que religião motivou sua ausência no Carnaval?
Mário Magalhães
O prefeito Marcelo Crivella não apareceu para entregar a chave da cidade ao Rei Momo.
Nem na Sapucaí, nas duas jornadas de desfile do Grupo Especial.
Uma das desculpas foi uma gripe de sua mulher. Boa notícia: Sylvia Jane se recuperou, porque durante o Carnaval os dois foram a um torneio de tênis.
No sábado, Crivella postou um vídeo em que vistoriava obra. Alegou: ''A gente não sabe sambar, mas sabe trabalhar''.
O prefeito visitou no hospital pessoas que se feriram num acidente com carro alegórico da Paraíso do Tuiuti, mas permaneceu longe do Sambódromo.
Do Rio e do Brasil, o Carnaval é sobretudo patrimônio cultural.
É também evento de enorme benefício econômico e social para a cidade.
A ausência do prefeito é inexplicável.
A não ser que a sua fé colida com as obrigações de governante.
Crivella é bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.
A Iurd diz que no Carnaval ''os espíritos malignos se fortalecem''.
Que os acidentes de trânsito nessa época são causados ''na maioria das vezes por espíritos malignos''.
A razão, prega um vídeo da igreja, seriam as oferendas da umbanda e do candomblé.
Por que o prefeito cala sobre religião?
Fé é questão pessoal.
Mas constitui tema público quando interfere na vida dos cidadãos.
Crivella deveria ser mais transparente.