Blog do Mario Magalhaes

Se é contra demagogia, Crivella deveria ter dito que faltaria ao Carnaval

Mário Magalhães

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Crivella trata o Carnaval como questão de gosto pessoal – Foto Marcos Oliveira/Agência Senado

 

Há uma confusão na controvérsia sobre a ausência de Marcelo Crivella no Carnaval carioca.

Ontem de manhã, o prefeito disse: ''Cada um no Rio de Janeiro não deve ser obrigado a fazer nada''.

Do ponto de vista de gosto pessoal, está correto o bispo licenciado da Igreja Universal do Reino de Deus.

Acontece que desde janeiro ele governa a cidade que tem no Carnaval e no samba patrimônios culturais e históricos. E que ameniza suas mazelas sociais com o impacto econômico da folia, turbinado pela visita de 1,1 milhão de turistas nesse período.

O cidadão Crivella tem todo o direito de fugir do Carnaval. E o prefeito do Rio?

Ainda que tenha, Crivella deveria ter alertado os cidadãos, na campanha eleitoral, que faltaria ao Carnaval. Seria sincero e transparente. Não foi.

Também ontem, mais tarde, o prefeito divulgou um vídeo (assista-o clicando aqui) em que se pronuncia assim sobre sua possível presença no Carnaval: ''No meu caso, seria uma demagogia''; ''A demagogia é a máscara da democracia''.

Crivella, mais uma vez, não explica por que fez forfait.

Por que seria demagogia? Devido à religião? Por que Crivella não diz?

Será que nenhum repórter lhe perguntará se concorda com mensagem da Universal trombeteando que no Carnaval ''os espíritos malignos se fortalecem''?

Crivella dá a entender que seria demagogia alguém com a sua crença brincar como súdito do Rei Momo.

Mas ninguém lhe cobrou que se transformasse em folião.

Mesmo admitindo que em virtude de suas convicções religiosas ele sumisse do Carnaval, permaneceria a constatação de que demagogia foi outra coisa.

Foi Crivella ter afirmado na campanha de 2016 que governaria para todos os cidadãos: ''Eu não vou ser o pastor da Igreja''.

Enquanto o Rio for Rio e o Carnaval for Carnaval, o prefeito precisará sim esclarecer a ausência na festa.

Ninguém, como disse o prefeito, ''deve ser obrigado a fazer nada''.

Alguém o obrigou a se candidatar?

No Rio, o Carnaval faz parte da vida de prefeito.

Crivella não sabia?

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