Palavras malditas (16): bomba de efeito moral
Mário Magalhães
Imagine uma ''bomba de efeito moral'' acertando em cheio o seu cocuruto. Ou um olho.
O sangue e a dor seriam morais, metafóricos, alegóricos?
Ou físicos?
O invólucro da dita cuja costuma ser de plástico, mas machuca. Seus estilhaços cortam e ferem.
O propósito do estrondo é assustar e dispersar aglomerações.
O barulho pode desorientar as pessoas e afetar a audição.
Em seu formato mais tímido, a bomba provoca uma nuvem de pó ao explodir.
Esse ''talco'', no eufemismo dos propagandistas, às vezes irrita as mucosas do nariz, causa crises alérgicas, turva a visão e acelera a frequência cardíaca.
Que os fabricantes tratem seu produto como bomba ou granada de efeito moral até se entende.
Idem quem as arremessa.
Duro é ouvir jornalistas repetirem acriticamente a balela.
Quem já sentiu o estrago sabe que ele não é _somente_ moral.
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Eis as palavras malditas anteriores (clique em cima, se quiser ler):
1) emblemático;
2) instigante;
5) não resistiu;
6) um verdadeiro;
7) amigo pessoal;
8) vítima fatal;
10) evidência;
11) conferência de imprensa; coletiva de imprensa;
13) estrategista;
14) tantas vezes menor;
15) oficial.