Blog do Mario Magalhaes

Palavras malditas (16): bomba de efeito moral

Mário Magalhães

Máquina de escrever de meados dos anos 1960 – Reprodução “The New York Times''

 

Imagine uma ''bomba de efeito moral'' acertando em cheio o seu cocuruto. Ou um olho.

O sangue e a dor seriam morais, metafóricos, alegóricos?

Ou físicos?

O invólucro da dita cuja costuma ser de plástico, mas machuca. Seus estilhaços cortam e ferem.

O propósito do estrondo é assustar e dispersar aglomerações.

O barulho pode desorientar as pessoas e afetar a audição.

Em seu formato mais tímido, a bomba provoca uma nuvem de pó ao explodir.

Esse ''talco'', no eufemismo dos propagandistas, às vezes irrita as mucosas do nariz, causa crises alérgicas, turva a visão e acelera a frequência cardíaca.

Que os fabricantes tratem seu produto como bomba ou granada de efeito moral até se entende.

Idem quem as arremessa.

Duro é ouvir jornalistas repetirem acriticamente a balela.

Quem já sentiu o estrago sabe que ele não é _somente_ moral.

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Eis as palavras malditas anteriores (clique em cima, se quiser ler):

1) emblemático;

2) instigante;

3) eu, particularmente;

4) circula com desenvoltura;

5) não resistiu;

6) um verdadeiro;

7) amigo pessoal;

8) vítima fatal;

9) figurinha carimbada;

10) evidência;

11) conferência de imprensa; coletiva de imprensa;

12) barbaramente torturado;

13) estrategista;

14) tantas vezes menor;

15) oficial.