Hoje faz três meses que o Amarildo sumiu. Estado deve corpo à família
Mário Magalhães
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Logo mais, quando a noite se esparramar sobre a Rocinha, o desaparecimento de Amarildo de Souza completará três meses. De acordo com as investigações, é aniversário também do assassinato por tortura do trabalhador da construção civil. Até esta manhã, seu corpo não havia sido encontrado, para que a família possa lhe oferecer o enterro digno que deseja.
No dia 14 de julho, Amarildo foi levado por policiais militares para a sede da Unidade de Polícia Pacificadora da favela, na zona sul carioca. Nunca mais apareceu.
A Polícia Civil indiciou dez PMs, por tortura seguida de morte e ocultação de cadáver. Inclusive o major Edson Santos, oficial do Bope que comandava então a UPP da Rocinha. A Justiça decretou a prisão preventiva dos suspeitos.
Trocando em miúdos, o Estado, por meio da Divisão de Homicídios, afirma que agentes públicos mataram e sumiram com Amarildo. Portanto, cabe ao Estado descobrir onde está o corpo do qual seus funcionários deram cabo.
Não é a única responsabilidade. A família de Amarildo deverá ser indenizada. Dinheiro não trará de volta o pai e marido, mas proporcionará melhores chances na vida à sua mulher e seus filhos.
Espero que eventuais condenados venham a ser obrigados pela Justiça a bancar a indenização, e não o conjunto dos contribuintes.
No sábado, um filho de Amarildo deu queixa contra um PM por abuso de autoridade (leia aqui).
No domingo, a repórter Carolina Heringer noticiou a existência de uma testemunha segundo quem a PM transformou em centro de tortura uma antiga casa do traficante Nem (aqui). Sim, na Rocinha.
Tudo indica que mataram o Amarildo. Para quem ficou, a barra continua pesada.