Blog do Mario Magalhaes

Principal herança de Eduardo Cunha para o Brasil é Michel Temer presidente
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Mário Magalhães

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Os correligionários Eduardo Cunha e Michel Temer – Foto Renato Costa/Folhapress

 

Cassado por mentir, Eduardo Cunha disse enfim uma inequívoca verdade na sessão da Câmara que selou seu destino: sem ele, não teria prosperado o impeachment de Dilma Rousseff.

Palavra por palavra: ''Alguém tem dúvida de que se não fosse a minha atuação [não] teria havido processo de impeachment? Alguém tem dúvida de que se eu não houvesse autorizado [não] teria havido impeachment? Alguém tem dúvida de que se eu não tivesse conduzido a votação [não] teria havido impeachment? Alguém tem alguma dúvida disso aqui nesta Casa? Duvido, duvido que a tenham!''

Nem naquela Casa, nem em casa alguma, ao menos nas que ainda mantêm resíduos de honestidade intelectual.

A deposição da presidente constitucional foi consequência de vasta coalização de interesses econômicos, políticos e sociais, não da vontade exclusiva de Eduardo Cunha.

Mas os poderes de presidente da Câmara são tamanhos que a sessão fatídica de 17 de abril, dando o ok para o pedido de impeachment avançar, poderia não ter ocorrido. Ocorreu porque Eduardo Cunha quis. Entre outros motivos, por vingança contra os partidários de Dilma que resolveram apoiar a cassação do peemedebista. Foi ele quem ''conduziu a votação''.

Se Cunha foi imprescindível para a derrubada de Dilma, que não cometeu crime de responsabilidade, foi também para que seu correligionário Michel Temer assumisse a Presidência da República.

Sem as ações de Eduardo Cunha, Temer não estaria no Planalto.

Foi Cunha quem citou em mensagem repasse de R$ 5 milhões a Temer.

''Michel é Eduardo Cunha'', disse o senador Romero Jucá, parecendo referendar observação de Renan Calheiros, presidente do Senado.

Renan, Jucá, Cunha e Michel [Temer] são, todos, do PMDB.

A legitimidade de Temer para ser presidente não é maior que a de Cunha para ser deputado.

Eduardo Cunha vai, mas ficam seus métodos e valores em influentes segmentos da Câmara.

Sua maior herança para o Brasil permanece: Michel Temer presidente.

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Tomara que os livros de história não omitam: ‘Somos milhões de Cunhas’
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Mário Magalhães

ghghghgh

 

Uma das características mais notórias da conspiração pelo impeachment de Dilma Rousseff foi a proteção, dita blindagem, de Eduardo Cunha.

A bem-vinda cassação do deputado pela Câmara não elimina da história a proteção a quem foi chamado de ''meu malvado favorito'' por seus aliados.

Tomara que no futuro os livros escolares não se esqueçam de contar a história como ela foi, com faixas sinistras tipo ''Somos milhões de Cunhas''.

Podiam ser, mas ontem à noite não se ouviu barulho de panelas se queixando do cartão vermelho ao capo decaído.

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‘Beba Poesia’ ou poemas para se embriagar: ‘Ai que preguiça de morrer’
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Mário Magalhães

blog - beba poesia

 

Poesia numa hora dessas?, talvez gracejasse o Luis Fernando Verissimo.

Justamente por isso, pelo atarantado da hora.

Mora na internet um blog inspiradíssimo, do poeta Cláudio Schuster, gaúcho radicado em Florianópolis.

Chama-se ''Beba Poesia'', e é de embriagar, no melhor sentido.

Pode ser lido clicando aqui ou, no Facebook, aqui.

O autor já lançou três livros solo, e logo sairá o quarto.

Alguns tragos em forma de versos, ou poemas do Cláudio:

*

se você vem

para pouco

pouco faz sentido

a um louco

varrido

*

a vida

tanto

melhor

fica

quanto

mais

da fantasia

se aproxima

disse a formiguinha

beijando tua boca

no guardanapo

de papel

*

dogma

dog

doberman

 

dogma

pra mim

morde

*

se você viesse

num dia de sol

e frio

com esse jeito

de bolo

com café

ai que preguiça

de morrer

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Dunga viu Marcelo? Tite viu Fernandinho? Luis Enrique viu Daniel Alves?
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Mário Magalhães

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Um dia, Dunga resolveu barrar Marcelo – Foto reprodução

 

Certo dia, Dunga resolveu barrar Marcelo da seleção.

Será que o Dunga viu as atuações soberbas do Marcelo na equipe conduzida pelo Tite?

Tite não convocou Fernandinho para as duas recentes partidas das Eliminatórias da Copa do Mundo.

Será que o Tite viu o partidaço que o Fernandinho fez no sábado, pelo Manchester City treinado pelo Guardiola, na vitória sobre o Manchester United do Mourinho?

Luis Enrique, apesar de rasgar elogios a Daniel Alves em público, não se empenhou como poderia para o brasileiro permanecer no Barcelona.

O Luis Enrique não teria como ver anteontem o Daniel Alves, poupado pela Juventus. Será que ele viu o lateral dias atrás pela seleção brasileira? Mesmo sem ser brilhante, foi muitíssimo melhor que o Aleix Vidal sábado no Barcelona que perdeu em casa para o Alavés. E é melhor que o Sergi Roberto, provável lateral-direito titular do Barça na temporada que inicia.

Se Dunga, Tite e Luis Enrique viram, o que será que pensaram?

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Com filho de Bolsonaro, ultradireita regride no Rio em comparação com 1994
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Mário Magalhães

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O general Newton Cruz, em 1984 – Foto reprodução Folha/Givaldo Barbosa/Correio Braziliense

 

''Parece, mas não é'', martelava outrora um anúncio-chiclete na TV.

Parece que a intenção de voto no deputado federal Jair Bolsonaro para presidente excede o desempenho histórico de candidatos de ultradireita no Brasil.

Só parece, como o blog demonstrou: em 1955, o fascistoide antissemita Plínio Salgado, já decadente, recolheu os mesmos 8% dos votos que o capitão do Exército amealharia agora.

Não é preciso ir tão longe no tempo para comprovar que as aparências enganam.

O deputado estadual Flávio Bolsonaro (PSC) é apontado por observadores como fenômeno eleitoral na disputa para prefeito do Rio.

Filho de Jair, Flávio apareceu com 9% na pesquisa Datafolha de 23 e 24 de agosto. Na de 8 de setembro, oscilou para 6%.

Mesmo que estivesse com 9% no total, _ou 12,8% dos votos válidos_, ficaria aquém do resultado do representante da direita mais intolerante no pleito de 1994.

Naquele ano, o general Newton Cruz obteve 14,16% dos sufrágios para governador do Rio de Janeiro.

Na capital, foi ainda melhor. Na zona sul carioca, alcançou 23%. Na zona norte, 19%.

O ex-comandante militar do Planalto durante a ditadura concorreu pelo PSD. Seu vice integrava o PPR, à época o mesmo partido do já deputado federal Jair Bolsonaro. O nome do vice de Newton Cruz era Geraldo Bolsonaro. Os alfarrábios registram que Jair é filho de Geraldo Bolsonaro, mas o blog não conseguiu confirmar se o vice era o pai do deputado ou um homônimo.

Em 1994, Marcelllo Alencar (PSDB) e Anthony Garotinho (PDT) se enfrentaram no segundo turno para o Guanabara. O tucano venceu.

Em comparação com 2016, Newton Cruz tinha a seu favor o discurso de endurecimento na segurança pública. A Polícia Militar e a Polícia Civil são vinculadas ao Estado, não ao município. Flávio Bolsonaro, por mais que arengue segurança, candidata-se à prefeitura.

No essencial, contudo, as pregações são similares, nos moldes clássicos da direita extremada.

Até aqui, as pesquisas indicam Flávio Bolsonaro, a despeito do oba-oba de seus simpatizantes, com menos votos que Newton Cruz 22 anos atrás.

As circunstâncias são diferentes, mas os números não autorizam a convicção de que a direita radical tem hoje mais votos que no passado.

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Sabáticas: Um nome a caminho da extinção
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Mário Magalhães

 

Se eu sobrevivesse mais duas ou três gerações, suponho que, bem velhinho, iria cruzar com muito pouca gente a quem pudesse tratar por xará. Já reparava que rareavam bebês batizados com meu nome, e sete anos atrás, no balcão do cartório, soube que a impressão não era um despropósito.

Machado de Assis escreveu, nas “Memórias Póstumas de Brás Cubas”: “Não tive filhos, não transmiti a nenhuma criatura o legado da nossa miséria”. Pois eu transmiti, povoei o mundo de almas encantadoras e poupei o meu caçula, único guri, do nome chamariz de bullying. Ao contrário de mim e do meu avô, ele não é Mário.

Porém, lá no cartório de Copacabana, onde registrava o Daniel, indaguei à funcionária se ainda apareciam pais de meninos Mários. Torcia por um aceno esperançoso, temeroso da solidão das espécies que se extinguem. Ela me olhou com pesar e murmurou que havia anos não lavrava certidões de nascimento com tal nome.

Contei o episódio ao amigo Fernando Molica, que garimpou estatísticas devastadoras: no segundo semestre de 2013, só um Mário nasceu nas maternidades da Prefeitura do Rio; numa maternidade privada de prestígio na cidade, nada mais que um solitário Mariozinho veio ao mundo no ano passado. Em 2012 havia sido pior: nenhum. “Mário, que Mário? Aquele que não está no berçário”, gracejou o Molica.

No princípio, a galhofa prosperou com respostas criativas à pegadinha maliciosa sobre “que Mário”. Depois, o nome se desgraçou como alvo de todo tipo de zombarias. Um irmão me presenteou (isso é presente?) com um livro-provocação contendo somente piadas sobre os pobres dos Mários. Quem há de botar um nome desse no filho?

Existem 72.737 Mários responsáveis por telefones fixos no país. Em 2010, nossa confraria reunia no total 269.379 assim chamados, informa o IBGE. A década em que mais chegamos, 56.747 bacuris, com a minha contribuição, foi a de 1960. Na de 2000, fomos apenas 12.744. No mesmo intervalo, o nome Gabriel, pulou de 6.559 para 584.024 _em boa parte por causa da canção do Beto Guedes [consulte aqui a trajetória do seu nome].

Não haverá renovação da legião de Mários no Brasil, mas lá fora vislumbramos vida longa. Outro dia, pelo Campeonato Alemão, o Bayern de Munique atropelou o Eintracht Frankfurt com um chocolate de 5 a 0. O primeiro gol resultou de passe de Mario Mandzukic para Mario Götze, que matou a bola no peito e fuzilou.

Mandzukic é croata, e Götze, alemão. Nos idiomas de um e de outro, ninguém pergunta “que Mário?” com segundas intenções. Tomara que nenhum brasileiro dê ideia.

(MM, publicado originalmente na revista Azul Magazine, março de 2014)

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‘Michel [Temer] é Eduardo Cunha’, disse Jucá, antes de ‘estancar a sangria’
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Mário Magalhães

 

michel cunha

 

Os brasileiros têm memória curta, costumam dizer.

Não é bem assim: a conveniência de alguns empenha-se em suprimir ou esmaecer a memória incômoda, ao menos com o silêncio.

Às vezes conseguem, outras, não.

Imagine se fossem outros os personagens do conluio despudorado transcrito no diálogo acima, e não corifeus do PMDB que empalmou o poder.

O esquecimento e a discrição seriam tamanhos?

Com o propósito de ''mudar o governo pra poder estancar a sangria'' das investigações sobre falcatruas, nas palavras do senador Romero Jucá, ''a solução mais fácil era botar o Michel [Temer]'', conforme seu correligionário Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro.

Botaram, na conspiração pela impunidade que instalou no Planalto um governante ilegítimo, Michel Temer.

No que dependesse de seus comparsas, o deputado Eduardo Cunha sairia ileso da refrega.

Sem ele, a trama para depor Dilma Rousseff não teria prosperado.

Só que houve o STF no meio do caminho, dificultando a vida do antigo presidente da Câmara.

Talvez na próxima segunda-feira o destino de Eduardo Cunha seja sacramentado por seus pares.

Com o mandato cassado ou não, permanecerão as palavras de Jucá, um dos íntimos de Temer, endossando alegada convicção do senador Renan Calheiros: ''O Michel é Eduardo Cunha''.

Temer só chegou lá graças aos serviços do seu companheiro de viagem agora pela bola sete.

Michel Temer é tão ilegítimo quanto Eduardo Cunha.

Em favor da memória da camaradagem entre os dois, mais uma recordação: ''Em mensagem, Cunha citou repasse de R$ 5 milhões a Michel Temer''.

Muita gente não se esqueceu de tudo isso, mas prefere que ninguém lembre.

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Palavra de ordem vai virando mantra: ‘Fora, Temer’
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Mário Magalhães

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Michel Temer, no Maracanã, onde voltou a ser vaiado – Foto reprodução Twitter/UOL

 

Constatação: a palavra de ordem ''Fora, Temer'' vai se transformando em mantra, aqueles cânticos e palavras cuja repetição parece não ter fim.

Assim que ele aparece, ouve-se ''Fora, Temer''.

Longe dele, também.

Primeiramente…

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Maracanã emociona, inspira, ensina, encara desesperança e fulmina complexo
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Mário Magalhães

blog - cerimonia paraolimpiada

O cortejo da bandeira paraolímpica – AFP Photo/Tasso Marcelo

 

A cerimônia de abertura da Paraolimpíada do Rio emocionou.

Talvez nenhum momento tenha sido tão emocionante quanto o desfile de pais e filhos com a bandeira paraolímpica. Eles usaram uma bota que permite ao adulto ajudar a criança com limitação de movimentos nas pernas a chutar a bola no futebol. Ou o pas de deux do casal com deficiência visual que bailou ao som das Bachianas Brasileiras nº 4, de Heitor Villa-Lobos, composição que muitos conheceram na trilha sonora da minissérie ''Anos Rebeldes''. Um coração criado por Vik Muniz e desenhado com peças gigantes de quebra-cabeça levadas pelas delegações pulsou no tablado sobre o campo do Maracanã.

Inspirou.

Como a antiga atleta paraolímpica Márcia Malsar. Apoiada numa bengala, ela carregava a tocha quando se desequilibrou e caiu. Márcia se levantou, sacudiu a poeira e deu a volta por cima, caminhando até passar a tocha à frente.

Ensinou.

Antes de acender a pira, o nadador Clodoaldo Silva viu o caminho de sua cadeira de rodas barrado por uma escada, até que surgiram rampas. Por rampa todo mundo sobe e desce. Rampa inclui, escada exclui.

Encarou a desesperança.

Do início ao fim, pelo exemplo de tanta gente, até Seu Jorge entoar na saideira o recado de Gonzaguinha (''Eu acredito é na rapaziada…'') e de Roberto & Erasmo (''É preciso saber viver…'').

Fulminou o complexo de vira-lata.

Ao mostrar, com a noite bela e comovente, que só na cachola miserável e egoísta de alguns o Brasil nasceu para fracassar.

Se os campeões dos Jogos Paraolímpicos ainda serão conhecidos, o grande derrotado na noite de 7 de setembro tem nome e sobrenome: Michel Temer, vaiado várias vezes.

O escritor, cronista, jornalista e dramaturgo Marcelo Rubens Paiva e seus colegas que bolaram e organizaram a festa estão de parabéns.

E não estão de parabéns emissoras que preferiram não exibir a cerimônia. A TV Globo vive a falar de inclusão e tolerância, dos noticiários às novelas. Numa Paraolimpíada em pleno Rio, não transmitiu a abertura ao vivo e na íntegra. Assim, o discurso de promoção do respeito às diferenças soa como hipocrisia.

Agora é correr atrás das medalhas. No esporte paraolímpico, o Brasil é potência.

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