Blog do Mario Magalhaes

‘Nunca fomos japoneses’, por Xavi Hernández (em memória de Luis Aragonés)
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Mário Magalhães

AragonesXavi

Xavi Hernández e Luis Aragonés, nos tempos de Roja – Foto reprodução internet

 

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Luis Aragonés, o técnico que revolucionou a seleção espanhola, trocando a ''fúria'' estéril pelo refinamento da posse de bola, morreu de leucemia no sábado.

No domingo, o jornal ''El País'' publicou ''Professor, nunca fomos japoneses'', sublime artigo de Xavi Hernández, gênio do Barça e da Roja, contando como tudo se passou.

Foi com Aragonés no comando que a Espanha venceu a Eurocopa de 2008, abrindo caminho, já sem ele, para o triunfo no Mundial de 2010 e o bi na Eurocopa de 2012.

A elegia de Xavi é tão emocionante e reverente quanto uma apaixonada defesa da combinação de estética e eficiência no futebol.

Só encontrei o texto em castelhano. Ei-lo:

* * *

Míster, nunca fuimos japoneses

Por Xavi Hernández

“Usted no es japonés, usted me entiende lo que le digo”. Me dijo una noche. Le estoy viendo, en la habitación de un hotel y sé que le echaré de menos. Mucho. Porque yo a Luis Aragonés le quería mucho. Y con Luis hablé mucho.

Sabía que no estaba fino, pero nunca pensé que tenía algo tan grave, que se iba a ir tan pronto, tan rápido, de esta manera. “Estoy bien, estoy bien”, me decía cuando le preguntaba. Hablaba de vez en cuando con él, porque para mí siempre, desde el día que le conocí, fue un referente absoluto. Supongo que es el entrenador con el que más horas he pasado hablando de fútbol. Subía a la habitación y hablábamos horas, a veces del estilo “esa es la clave, Xavi, saber a qué queremos jugar”, siempre de la importancia de juntar a los buenos en el campo y también de lo importante que era no tener miedo a nadie, a ningún equipo, por mucho que corran más. “Usted y yo sabemos que la pelota corre más que ellos. Y que la tocamos mejor que ellos”, me dijo.

Para ler a íntegra, basta clicar aqui.


Imagens contam a história: vingança, herança da escravidão e impunidade
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Mário Magalhães

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Na madrugada do sábado, a artista plástica Yvonne Bezerra de Mello postou o seguinte desabafo-denúncia no Facebook, acompanhando a foto que aqui no blog sai mais abaixo, a terceira:

''Belissimo fim de noite.
Depois de uma reuniao do Aterro Vivo aqui em casa e me preparando para dormir, Alvaro Braga da associação de St. Teresa voltou pars me buscar porque passando de carro na Av Rui Barbosa depois da reuniao, viu um jovem todo machucado, nu e preso a um poste com uma tranca de bicicleta. Tinha sido espancado por uma gangue de moto que costuma roubar aqui nessa minha rua. Acionamos os bombeiros que prontamente vieram e serraram a tranca. Logo depois chegou a ambulancia para levar o jovem. A PM tb foi acionada por mim mas o caso dele necessitava de um hospital.
Violencia no Rio, mais um capitulo''

Como era previsível, os arautos da barbárie se esgoelaram xingando-a de defensora de marginais, quando na verdade ela advoga o primado da lei, e bandido é quem se julga no direito de fazer _alegada_ justiça com as próprias mãos.

A brava Yvonne não há de se incomodar, pois faz décadas que está acostumada a essa histeria. Entre outros bons serviços prestados aos mais pobres, a artista amparava os garotos e jovens que dormiam na Candelária no tempo, duas décadas atrás, em que oito meninos de rua e mendigos foram mortos ali numa chacina.

Três motivos conspiram para a ação perpetrada pela turma que se tratava, conforme o rapaz agredido, como ''justiceiros'':

1) vingança. Em vez de encaminhar para a polícia um suposto ladrão que supostamente estaria roubando, os ''vingadores'' assumem o papel do Estado, surrando, em grupo, o indivíduo solitário. Comportamento típico do caldo de cultura do fascismo. E de covardes;

2) o agredido é negro _e talvez seja menor de idade. Faz 125 anos que a escravidão acabou no Brasil, o que historicamente é o tempo de um espirro. Muito da nossa organização social e da cultura nacional está impregnado pela segregação do passado nem tão remoto, no qual castigos físicos a escravos constavam da lei;

3) a história evidencia que quem fere os mais fracos, mesmo que contra a lei, não costuma ser punido no Brasil. Quando o fraco fere o forte, aí, sim, sai de baixo, a lei se impõe.

Três imagens contam mais da herança da escravidão.

SÉCULO XIX – A pintura abaixo, ''Escravidão no Brasil'', é do parisiense Jean-Baptiste Debret, que viveu aqui de 1816 a 1831.

Ficheiro:024debret.jpg

SÉCULO XX – Esta fotografia, consagrada com o Prêmio Esso, foi intitulada ''Todos negros'' pelo autor, Luiz Morier. Em 1983, o então fotógrafo do ''Jornal do Brasil'' se deparou com uma blitz policial na estrada Grajaú-Jacarepaguá, cá no Rio. E documentou moradores da comunidade amarrados como outrora. Todos negros.

SÉCULO XXI – Esta é a foto _escurecida, para não identificar o rapaz_ que Yvonne Bezerra de Mello publicou no Facebook. Nu, ferido e preso pelo pescoço, como seus antepassados, o jovem negro é humilhado numa rua do Rio de Janeiro. Os bombeiros o levaram para o hospital.

 


Biografia ‘Marighella’ recebe o Prêmio Literário Casa de las Américas
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Mário Magalhães

Editado pela Companhia das Letras, o livro está na quinta reimpressão

Editado pela Companhia das Letras, o livro está na quinta reimpressão

 

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Com imensa felicidade, compartilho uma ótima notícia: a biografia “Marighella – O guerrilheiro que incendiou o mundo” (Companhia das Letras) conquistou o Prêmio Literário Casa de las Américas 2014, na categoria literatura brasileira. O anúncio dos vencedores da 55ª edição do tradicionalíssimo concurso foi feito numa cerimônia em Havana.

Entre os escritores que já receberam, desde os idos de 1960, o Prêmio Casa de las Américas estão os argentinos Ricardo Piglia, Beatriz Sarlo e Juan Gelman, o uruguaio Eduardo Galeano, o chileno Antonio Skármeta e o nicaraguense Sergio Ramírez.

Igualmente expressivo é o time brasileiro de laureados pela instituição cultural cubana, no qual perfilam romancistas, contistas, poetas, dramaturgos, historiadores e ensaístas, entre eles, por ordem de premiação: Oduvaldo Vianna Filho (em 1964), Edilberto Coutinho, Ana Maria Machado, Moacyr Scliar, Deonisio da Silva, Guiomar de Grammont, João Almino, Júnia Furtado, José Murilo de Carvalho, Alberto Mussa, Rubem Fonseca, Lêdo Ivo, Nélida Piñon, João José Reis, Chico Buarque, Luiz Ruffato e Luiz Bernardo Pericás.

Diante dessa seleção, sento-me alegremente no banco de reservas, orgulhoso de entrar para o clube.

O historiador Luiz Bernardo Pericás, professor da USP, conquistou em 2014 o prestigioso Prêmio Ezequiel Martínez Estrada, também no âmbito do Prêmio Casa de las Américas, pela edição em espanhol do seu livro “Che Guevara y el debate económico em Cuba”. Em 2013, o Prêmio Ezequiel Martínez Estrada coube a Chico Buarque.

A relação completa de vencedores de 2014 pode ser lida clicando aqui, no despacho da Agência France Press.

A justificativa do júri para a escolha de “Marighella” está no portal da Casa de las Américas (leia aqui).

Este é o quinto prêmio da biografia. Antes, o livro recebeu o Prêmio Jabuti, o Prêmio APCA (Associação Paulista de Críticos de Arte), o Prêmio Direitos Humanos e o Prêmio Botequim Cultural.

Minha gratidão a tanta gente que deu e dá força ao livro, sobretudo aos leitores que o têm acolhido com enorme e comovente generosidade.


Ruas do Rio agora terão números; onde ficarão o 24 e o 69?
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Mário Magalhães

blog - numero de rua

Reprodução de ''O Globo''

 

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As ruas do Rio, além de nome, passarão a ter número. É o que informa hoje a coluna do Ancelmo Gois e sua turma.

De tão inacreditável a novidade, eles publicaram uma placa nova, mostrando que a partir de fevereiro a rua Vinicius de Moraes será também a rua 23.

(Alô, prefeitura, o prenome do poeta não leva acento. É ''Vinicius''.)

Um dos motivos da mudança seria ajudar os turistas a se localizarem. Pura asneira.

Talvez nenhuma cidade do planeta receba tantos visitantes como Paris, e nem por isso a capital francesa numerou suas ruas, avenidas e bulevares.

Tratar as vias por números fere a história e a cultura cariocas.

No caso em questão, menos gringos perguntarão: afinal, quem é o tal Vinicius de Moraes? E não responderemos do modo mais fácil, é o autor da letra de ''Garota de Ipanema'', para o forasteiro ligar o nome à pessoa e à canção.

A invenção é fruto de evidente provincianismo dos administradores públicos, talvez deslumbrados com metrópoles como Nova York e seus cruzamentos numerais.

A macaquice suprema na cidade é uma estátua da liberdade defronte a um shopping center ou centro comercial na Barra da Tijuca. É nesse bairro que o prefeito Eduardo Paes passou boa parte da vida.

O pior para os números são as gaiatices a que eles convidam.

Que rua e personagem merecerão o número 24, digno representante do veado no jogo do bicho?

Ou o 69? Sugiro que seja uma rua de mão dupla.


Neymar errou feio se não avisou a Muricy que já recebera pagamento do Barça
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Mário Magalhães

blog - muricy no santos

Muricy Ramalho, quando treinava o Santos – Foto reprodução UOL

 

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No começo da tarde de ontem, o blog indagou: ''Muricy sabia que, no Mundial, Neymar já recebera milhões do Barça?'' (leia aqui).

À noite, depois dos 6 a 3 do São Paulo sobre o Rio Claro, o técnico disse em entrevista coletiva que ignorava a transação, ocorrida um mês antes de o Barcelona nocautear o Santos, então treinado por Muricy, na decisão do Mundial de clubes em 2011.

Muricy amaciou, afirmando não identificar problemas, como conta o repórter Guilherme Palenzuela (aqui): ''Sou do tipo de treinador que me meto com os jogadores no meu dia a dia, no campo de treinamento, na parte disciplinar. Parte financeira, não tenho acordo nisso. Sei como é o mundo do futebol. Não sabia disso [adiantamento de verba do Barcelona], não influenciou em nada, ele quer jogar futebol, não é o time. Acho que ninguém sabia disso, não sei como foi feito isso, agora que estamos ouvindo tudo. Sempre tive relacionamento ótimo com o pai e com ele, recentemente a gente até trocou mensagens, queria que ele se recuperasse logo da lesão. Não sabia, é coisa dele, financeira, que a gente não tem que se meter''.

Não conheço e desconfio que pouquíssimas pessoas conheçam todos os acordos estabelecidos anos atrás entre a cúpula santista e Neymar e seu pai-empresário. Por isso, não me sinto à vontade para concluir se eventualmente houve comportamento impróprio ou não, de uma parte ou outra ou de ambas.

Porém, considerando que Muricy tenha dito a verdade, é grave o treinador não ser informado de que o craque da equipe, jogador em quem depositava as maiores esperanças de sobrepujar o à época esquadrão supremo do futebol, estava comprometido com a transferência para o adversário.

Recordando: a final em Yokohama foi disputada em dezembro de 2011; no mês anterior, a empresa N&N Sports, propriedade da família de Neymar e que cuida da carreira do atacante, havia recebido 10 milhões de euros do Barcelona, sacramentando a ida futura para a agremiação catalã.

Trocando muídos, havia um evidente conflito de interesses de Neymar: ele jogava pelo Santos, que pagava os seus salários e a quem seus direitos federativos estavam vinculados, contra um clube que acabara de lhe fazer um gordo depósito em troca da aliança de noivado.

Conflito de interesses não quer dizer que Neymar fosse amolecer ou tenha amolecido nos 0 a 4. Isso, definitivamente, não aconteceu.

Mas houve conflito de interesses, e o comandante da equipe, seu técnico, tinha o direito de ter sido avisado. Neymar _e o Santos, caso soubesse_ tinha a obrigação de informar Muricy.

O treinador pode deixar para lá, cada cabeça uma sentença. Mas Neymar tropeçou ao omitir seu contrato e o pagamento do Barça.

Pena, porque Neymar, cracaço-aço-aço, parece ser um jovem cidadão de bem.


Na derrota do Botafogo, saudade de Seedorf, Oswaldo e até Rafael Marques
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Mário Magalhães

Jorge Wagner, o 10 do Botafogo; meia foi bem, mas time perdeu - Foto AFP Photo/Rodrigo Buendia

Jorge Wagner, o 10 do Botafogo; meia foi bem, mas time perdeu – Foto AFP Photo/Rodrigo Buendia

 

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No jogo da volta, quarta-feira que vem, o Botafogo têm condições de dar o troco e passar à fase de grupos da Libertadores. Se triunfará mesmo no mata-mata, é outra coisa. Possui elenco melhor do que o fraco Deportivo Quito, que bateu ontem o time carioca por 1 a 0, na altitude de quase 3.000 metros da capital equatoriana. O alvinegro precisa vencer no mínimo por dois gols de diferença. Se ganhar por 1 a 0, decide nos pênaltis.

Na maior parte da partida, em que o Deportivo somou chances mais perigosas de gol, meu principal sentimento foi o de saudade do craque Seedorf, que trocou as chuteiras por sapatos pretos lustrosos e se tornou técnico do Milan, do técnico Oswaldo Oliveira, cujo Santos ontem achocolatou o Corinthians por 5 a 1, e até do atacante Rafael Marques, cuja movimentação intensa era muito útil ao toque de bola da equipe que viveu grandes momentos no ano passado _o magrela desengonçado transferiu-se para a China.

Não sei se o Dória sentiu o ar rarefeito, mas começou mal, levando bola nas costas e falhando no gol de Estupiñán, aos 18 minutos do primeiro tempo. Quando era para dar um chutão para longe ou para a lateral, após uma bela defesa de Jefferson, o zagueiro deu um chutinho que parou no pé do atacante adversário.

Até sofrer o gol, o Botafogo apostava em lançamento longos demais e bolas aéreas. Não era a orientação do técnico Eduardo Hungaro, conforme Jefferson contou no SportTV. A ordem era tocar a bola, insistindo na característica desenvolvida em 2013. Cruzamentos para a cabeça do centroavante Ferreyra era a última opção, disse Jefferson, mas virou a primeira.

O problema é que com três volantes (Marcelo Mattos, Rodrigo Souto e Gabriel) fica mais difícil manter a bola nos pés.

O time foi se recuperando, mas a posse de bola de 54% (fonte: Footstats) não se refletiu em chances promissoras. Jefferson esteve bem, idem Lodeiro. Para mim, a surpresa positiva foi Jorge Wagner, veterano que correu até o fim e tentou organizar o time. Pena que ele tenha deixado Edilson, em noite sofrível, desperdiçar cobranças de falta. Jorge Wagner, que quase marcou um gol olímpico, deveria tê-las batido.

Jorge Wagner, contudo, está muito longe de ser Seedorf.

O argentino Ferreyra, estreando no clube que voltou à competição continental depois de 18 anos, foi frustrante. A certa altura, o locutor da TV disse: ''Ferreyra briga pela bola''. O mais preciso seria ''briga com a bola''. Não conseguiu dominar, trocar passes, ganhar uma corrida. No comecinho da partida, diante do goleiro Ramírez, poderia ter marcado, mas se atrapalhou.

Pode vir a ser feliz no Botafogo, mas o seu estilo tanque, paradão, contrasta com a ideologia de jogo consagrada por Oswaldo Oliveira, de movimentação obsessiva e controle do jogo. A equipe perdeu só de 1 a 0, mas Ferreyra levou uma goleada da bola.


Paes amplia passe livre para esvaziar protestos contra aumento da passagem
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Mário Magalhães

O prefeito do Rio, Eduardo Paes – Foto Hélio Motta/UOL

 

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A nova tarifa de ônibus no Rio, R$ 3, passa a valer em 8 de fevereiro, cumprindo o aumento de 9% anunciado ontem à noite pela prefeitura. Cinco dias depois, haverá manifestação contra o reajuste, convocada pelo Fórum de Lutas Contra o  Aumento da Passagem. Com o objetivo, não declarado, de esvaziar protestos como esse, o prefeito Eduardo Paes ampliou o passe livre para estudantes da rede pública (ensino fundamental e médio) e para universitários de baixa renda.

Os alunos dos colégios do Estado e do município que tinham direito a 60 bilhetes gratuitos por mês passam a receber 76, informa o repórter Caio Barbosa (leia aqui). Estudantes do ensino superior cotistas, do Prouni e _desde que a renda mensal por pessoa de sua família não supere um salário mínimo_ de faculdades privadas conquistam o direito a 76 passes livres mensais. Antes, eram beneficiários apenas de meia passagem.

As conquistas dos estudantes são consequências dos pujantes atos públicos de junho de 2013. Naquele mês, houve duas manifestações gigantescas no Rio: no dia 17, comprovadamente com mais de 100 mil pessoas; no dia 20, com chutadas 300 mil. O prefeito reconhece a influência das jornadas de junho, conforme a reportagem de Caio Barbosa:

''A passagem será reajustada, mas tomaremos outras medidas que têm a ver com as manifestações de junho, ouvindo as reivindicações dos estudantes. A gente já tem gratuidade pra ensino fundamental municipal, ensino médio estadual e federal. Esse garotada tem direito a 60 passagens por mês em dias de aula. Vamos dar mais 16 passagens, o que significa direito à cidade, uma demanda das ruas que eu demorei a entender, mas conversando com as pessoas entendi e achei justo'', disse Eduardo Paes.

Em 2013 o aumento de 20 centavos (R$ 2,75 para R$ 2,95) nos ônibus foi cancelado em virtude da mobilização popular. Os protestos cresceram em todo o país depois de a Polícia Militar reprimir com violência manifestantes pacíficos em São Paulo.

No Rio, houve manifestação anteontem contra o iminente aumento dos bilhetes. A dimensão do movimento em 2014 dependerá, como no ano anterior, de outros fatores, como a capacidade de as palavras de ordem contra a nova tarifa galvanizarem segmentos sociais com reivindicações próprias.

E também de como as forças de segurança se comportarão. Quanto mais violentas elas forem, maior a multidão no protesto seguinte _assim tem sido. No dia 13 de fevereiro haverá o primeiro grande teste.


A barbárie dá as caras: agora, a novidade é a roleta da tortura
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Mário Magalhães

blog - roleta da tortura

A roleta da tortura, nas Filipinas – Foto Associated Press

 

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É possível que os escravagistas, que cultivavam a chibata e o pau-de-arara como instrumentos de castigo, os agentes da ditadura brasileira, com a cadeira do dragão, e os soldados norte-americanos no Iraque e no Afeganistão, com os ''afogamentos'' provocados com conta-gotas, sentissem inveja do objeto descoberto nas Filipinas: uma colorida roleta da tortura.

Encontrada numa delegacia policial, a roleta definia a forma de sevícia. Uma delas eram socos, outras não estão claras. Pelo menos parte das vítimas eram presos comuns, sobretudo suspeitos de tráfico de drogas. A denúncia foi feita pela Anistia Internacional.

''De acordo com a ativista filipina Loretta Ann Rosales, chefe da comissão de direitos humanos do país, que trouxe o caso à tona, os presos alegam terem sido espancados, eletrocutados ou atingidos por barras de ferro e tacos de beisebol'', informa o repórter Jim Gomez, com tradução de Paulo Migliacci (leia reportagem clicando aqui).

É ou não é uma novidade para o coronel Ustra invejar?


‘Relação promíscua’, por João Paulo Cuenca
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Mário Magalhães

A proposta de Cuenca gerou polêmica e envolveu o escritor em um debate com Thales Guaracy, romancista e jornalista, na rede social

O escritor João Paulo Cuenca – Foto Rafael Andrade/Folhapress

 

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O escritor João Paulo Cuenca escreveu no Facebook (aqui) sobre o acidente na Linha Amarela, o prefeito do Rio, Eduardo Paes (PMDB), e as relações promíscuas público-privado.

Com autorização do autor, o blog reproduz o seu post.

* * *

Por João Paulo Cuenca

No Estudio I de hoje, o Prefeito do Rio de Janeiro telefonou para a Globonews com o claro propósito de dar uma enquadrada ao vivo nesse escritor.

Sobre o acidente de hoje, no início do programa eu tinha recuperado os dados desta matéria (http://odia.ig.com.br/portal/rio/concessionárias-garantem-lucros-com-atalhos-em-contratos-1.536132) e lembrado a histórica relação de promiscuidade entre poder público e concessionárias de serviço em terras cariocas – vide Rio Ônibus, Supervia, Metrô etc.

A cidade hoje está mais colapsada do que nunca por essa obscura relação entre poderes – bem ilustrada pela intimidade do Júlio Gargalhada Lopes ao lado do Presidente da SuperVia numa linha de trem parada semana passada. No calor da cena, errei o pronome antes do nome do secretário, mas não o bloco de poder que o Prefeito representa junto ao Governo do Estado.

O Prefeito achou tudo um absurdo, inclusive o fato de eu ter usado o google, falou pra burro, fez pouco do Jornal o Dia, mas não respondeu NENHUMA das minhas observações anteriores sobre a renovação do contrato da Lamsa com a Prefeitura em 2010 – valor baixo para a renovação por 15 anos e reajuste acima da inflação. Esse contrato, aliás, já foi renovado três vezes sem que tenham sido feitas novas licitações.

Desconversou também, ao final, quando falei sobre Rio Ônibus e a revolução que ele prometeu para o transporte público da cidade antes de ser eleito. Preferiu tergiversar – é um mestre – e se ater aos poucos segundos que o caminhão levava na via, esquecendo que a própria imagem da Lamsa mostra outros andando livremente no outro sentido, o que era proibido naquela hora.

Importante: o Prefeito tampouco se ateve ao fato do caminhão ser um prestador de serviço da Prefeitura. E ao fato de muitos caminhões levantarem a caçamba para que não vejam suas placas com o objetivo de evitar multas. Afinal, tudo era uma ''fatalidade'' e o momento era de ''consternação''.

Vê-se que minha observação não era produto da mente de um escritor delirante, uma vez que hoje a vereadora Teresa Bergher, líder do PSDB no rio, hoje prometeu encaminhar ''requerimento de informações à prefeitura, com o objetivo de obter o inteiro teor do contrato do município com a Lamsa:

''A Câmara não recebe informações sobre o contrato, sobre o número de veículos que circulam na Linha Amarela e sobre os estudos feitos para se chegar ao valor do pedágio. Não recebemos nada que nos possibilite fiscalizar esse contrato, que é obscuro e secreto. Ele é uma caixa-preta — diz a vereadora.''

(http://oglobo.globo.com/rio/vereadora-quer-inteiro-teor-de-contrato-da-lamsa-com-prefeitura-11429389)

No ar, ofereci a oportunidade de aclaramos, numa futura entrevista, estes e outros temas, como a ''relação promíscua'' – o prefeito adorou esse termo, o repetiu várias vezes na sua diatribe telefônica ao vivo na Globonews – entre as suas secretarias e empreiteiras, Rio Ônibus etc.

Vamos ver se essa promessa ele vai cumprir.


Créditos a jato ocultam talentos responsáveis pelo ótimo seriado ‘A Teia’
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Mário Magalhães

João Miguel vive o Delegado Macedo em "A Teia" - Foto divulgação/TV Globo

João Miguel vive o Delegado Macedo em ''A Teia'' – Foto divulgação/TV Globo

 

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Três reparos pontuais à ótima estreia do seriado ''A Teia'', ontem na Globo.

O primeiro é o horário, depois das 11 da noite, muito tarde.

O segundo não é bem uma crítica, mas um lamento: os 40 minutos, sem contar intervalo, passam correndo e parecem menos ainda.

O terceiro pode ser corrigido a partir do próximo episódio: na primeira vez que os créditos correm a tela, são exibidos rápido demais, dificultando ou impedindo que se conheça a relação dos responsáveis pela obra.

O problema é mais grave porque ''A Teia'' é um tremendo seriado de ação, no ritmo empolgante da trilha sonora roqueira que o embala. Os espectadores têm o direito de conhecer quem produziu um programa tão bom, e os artistas merecem o reconhecimento.

''A Teia'' justifica a expectativa de ver na televisão o trabalho de dois roteiristas de excelência do cinema, Bráulio Mantovani e Carolina Kotscho.

No elenco iluminado por muitíssimo talentos, João Miguel reitera o que já se sabia. Ou seja, é um ator de imensos recursos, agora na pele de um delegado da Polícia Federal.

Há muitas outras qualidades, apontadas na crítica do Nílson Xavier, no UOL (leia aqui).

Em resumo, ''A Teia'' narra a história da perseguição, comandada pelo Delegado Macedo, aos autores de um assalto espetacular a um avião estacionado na pista do aeroporto de Brasília.

A emissora já colocou a íntegra do primeiro episódio na internet. Para assisti-lo, basta clicar neste link.