Blog do Mario Magalhaes

Seleção está tão bem que precisa de vacina para não se deslumbrar

Mário Magalhães

Lance de Brasil x Paraguai – Eduardo Anizelli/Folhapress

Neymar, em SP – Eduardo Anizelli/Folhapress

 

A seleção tem jogado um futebol deslumbrante.

O Neymar, ainda mais.

Hoje à noite, nos 3 a 0 sobre o Paraguai, baixou o Garrincha nele.

É no momento o melhor do planeta.

O Tite deslumbra como técnico.

Está tudo, ou quase, tão bem que o deslumbramento que o time provoca é também risco.

O risco é o Brasil se deslumbrar com sua bola redonda, encantadora.

Para chegar ao hexa na Rússia, não pode se deslumbrar.

O pessoal da Fiocruz, cientistas top no mundo, talvez consiga criar uma vacina contra o salto alto.

Contra a vaidade excessiva.

Contra a autoconfiança exagerada, portanto suicida.

A história ensina e alerta.

Na final de 50, éramos considerados superfavoritos. Deu Uruguai.

Em 66, chegamos com a banca de bi e saímos desmoralizados.

Conquistamos três Copas das Confederações, para perder os Mundiais dos anos seguintes.

O Tite sabe muito bem de tudo isso.

O que não é contraditório com a hora de sonhar com o hexa.

Depois do chocolate de 4 a 1 sobre o Uruguai no estádio Centenário, foi a vez de furar um típico ferrolho.

A equipe é muito segura. A despeito de o Firmino não manter o nível do Gabriel Jesus, afastado há semanas.

O Philippe Coutinho fez o primeiro gol, o Neymar o segundo, e o Marcelo o terceiro.

O atacante do Barcelona desperdiçou um pênalti marcado numa das numerosas arrancadas dele driblando paraguaios em série (o árbitro inventou o penal). Tudo bem, saiu na urina.

O Neymar apanhou mais do que cachorro magro. O jogo gravita em torno dele. Tantos o marcam que espaços se abrem para outros brasileiros.

É impossível saber que seleção joga melhor nesses dias. Vi o primeiro tempo da Espanha na vitória contra a França. Os campeões de 2010 voltaram a ser muito competitivos.

Mas ninguém conta, só o Brasil, com o maior trunfo individual dessa hora: o Neymar.

Que o deslumbre que a seleção nos causa não permita que ela se deslumbre.

Se não se deslumbrar, seremos candidatos fortes em 2018.

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