Temer, R$ 10 milhões: se fosse Dilma, cairia; até aqui, prevalece Lei Jucá
Mário Magalhães
Primeiro, um antigo executivo da Odebrecht, Cláudio Melo Filho, contou que Michel Temer agenciou o pagamento de R$ 10 milhões para o PMDB.
Agora, é um dos donos da empreiteira, Marcelo Odebrecht, quem confirma o acerto, que teria sido sacramentado em 2014 no Palácio do Jaburu.
Temer já havia aparecido nas histórias de trambiques de outra construtora, a OAS. De acordo com Rodrigo Janot, procurador-geral da República, o à época deputado ''Eduardo Cunha cobrou Leo Pinheiro [proprietário da OAS] por ter pago, de uma vez, para Michel Temer a quantia de R$ 5 milhões, tendo adiado os compromissos com a turma''.
Tem mais. Sérgio Machado, ex-presidente da Transpetro, disse que Temer retomou o comando do PMDB em 2014 para administrar a partilha de R$ 40 milhões encaminhados por fora pelo PT (depois o PT alega não saber os motivos de sua vergonha e de sua ruína).
Machado revelou que Temer negociou com ele em 2012 o repasse de R$ 1,5 milhão, oriundo de propina, para a campanha do então peemedebista Gabriel Chalita.
Parece notícia de outro século: Dilma Rousseff foi deposta em maio de 2016 por ter cometido ditas ''pedaladas fiscais''. Ninguém a acusou de ter embolsado um só centavo de origem ilícita.
Com metade das denúncias que recaem sobre Temer, Dilma teria caído muito antes.
Até agora prevalece a Lei Jucá.
O hoje líder do governo no Congresso sentenciou, em conversa gravada por Sérgio Machado: ''Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria''.
A sangria, todo mundo entendeu, era a investigação da Lava Jato.
Machado: ''É um acordo, botar o Michel [Temer], num grande acordo nacional''.
Jucá: ''Com Supremo, com tudo''.
A síntese da sangria estancada é Michel Temer.
Enquanto o missivista ocupar a Presidência, para a qual não recebeu o voto popular, a Lei Jucá permanecerá em vigor.