A principal diferença entre Trump e Temer
Mário Magalhães
Donald Trump é o que é.
Michel Temer, também.
Há um sem-número de diferenças entre eles, das contas bancárias à capacidade de pronunciar cretinices.
De ser ou não denunciado em escândalo de corrupção.
Do corte e alegoria nos cabelos à vocação precoce ou tardia para ambições políticas.
Talvez inexista contraste tão ostensivo quanto o modo como um pretende chegar à Presidência e a maneira com que o outro a alcançou.
Trump pode ser um cretino _e é, como ficou de novo evidente no debate de ontem à noite com Hillary Clinton.
Mas sua cretinice não chega ao ponto de querer ser presidente evitando as urnas (por mais excêntrico que seja o sistema eleitoral do seu país).
O empresário busca a Casa Branca por meio de consulta ao voto popular.
No Brasil, o missivista Michel Temer fez o contrário: assumiu o Planalto driblando a manifestação soberana dos eleitores.
Em 2014, Temer recebeu votos para vice, não para presidente.
Como ele mesmo deu a entender, Dilma Rousseff foi deposta não por crime de responsabilidade, mas por se recusar a aplicar um plano do PMDB. Temer: ''Há muitíssimos meses atrás, eu ainda vice-presidente, lançamos um documento chamado ‘Uma Ponte Para o Futuro’, porque nós verificávamos que seria impossível o governo continuar naquele rumo. E até sugerimos ao governo que adotasse as teses que nós apontávamos naquele documento chamado ‘Ponte para o futuro’. E, como isso não deu certo, não houve adoção, instaurou-se um processo que culminou agora com a minha efetivação como presidente da República”.
Trump é um cretino.
Mas cretinice maior é trocar as urnas por um golpe.