Blog do Mario Magalhaes

Sabáticas: Viagem em busca da fonte da juventude

Mário Magalhães

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Idosos em Okinawa, no Japão – Foto Zoriah/WPN

 

Eu começava a me conformar com as evidências de que a fonte da eterna juventude não passava de fantasia da literatura ou de aventuras utópicas de outrora. Até que embatuquei com as notícias sobre o assombroso fenômeno de longevidade num arquipélago japonês e peguei um avião para lá.

Okinawa se celebrizara pelo sol generoso e por batalhas da Segunda Guerra. Banhei-me na claridade ofuscante dos seus dias e visitei túneis subterrâneos cavados para combates do passado. Concentrei-me, contudo, em conhecer os segredos que lhe conferem o título de campeão planetário da vida longa.

Naquele alvorecer do século XXI, a expectativa de vida no Japão atingia 79,9 anos, top entre as nações. Em Okinawa, ultrapassava os 81. Em nenhum outro recanto do globo viviam proporcionalmente tantos cidadãos centenários, mais de 400, ou 34 para cada 100 mil habitantes.

Os índices locais de doenças coronarianas, derrames cerebrais, fraturas de quadris e câncer estacionavam aquém da média mundial. A taxa de testosterona dos homens setentões disparava. Saúde pra dar e vender.

Cientistas tinham deflagrado o Programa Okinawa, com o propósito de descobrir os mistérios dos anciãos de 100 anos para cima. Primeira hipótese: eles viveriam mais devido a uma herança genética fecunda.

Descartaram essa suspeita quando o Brasil entrou no circuito. A pesquisa comparou centenas de okinawans de mesma _e antiga_ geração. Os que vieram para cá, fixando-se no Mato Grosso do Sul, viveram 17 anos menos que os conterrâneos que permaneceram no Oceano Pacífico.

O coquetel do DNA era similar, mas os hábitos cotidianos, não. Em Okinawa, a dieta é menos gordurosa do que a nossa (comem peixes, frutas, vegetais e alimentos feitos com soja). Seguem o preceito dos 80% do estômago cheio (não empanturram o bucho).

Os doutores diagnosticaram como determinante a “atitude psico-espiritual” (não se estressar por pouca coisa). Bem como manter a cabeça ativa e não deixar de se exercitar, seja trabalhando, dançando ou limpando o jardim.

Pode não ser uma fonte da juventude, que, para falar a verdade, eu dispensaria _não nasci para ser o Peter Pan. Mas a gente de Okinawa nos ensina sábias lições para uma vida mais saudável.

(MM, publicado originalmente na revista Azul Magazine, setembro de 2013)

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