Memorabilia fut: o menu do ‘voo do penta’ de 1998 que a Varig não pôde usar
Mário Magalhães
Alguns jornalistas são arquivistas obsessivos. Sou sócio desse clube. Guardo, guardo e guardo, e de tempos em tempos me desfaço de um monte de coisas para as quais olho e me pergunto: onde estava a minha cabeça quando guardei tudo isso?
Não é o caso do cardápio de seis páginas reproduzido aqui. Trata-se de uma curiosidade histórica. Seria distribuído a bordo do voo da Varig que trouxe a seleção de volta ao Brasil depois da final da Copa de 1998.
Otimista, a empresa só imprimiu este modelo, saudando os pentacampeões. Como a França nos atropelou por 3 a 0 no estádio de Saint-Denis, acabou indo para o lixo, sem ser usado. Ao menos um dos exemplares sobreviveu, e eu o tenho bem guardadinho.
No cardápio se lê que a Varig ''tem o privilégio de ser a Companhia Aérea Oficial da única Seleção Pentacampeã do Mundo'', com as letras garrafais adequadas à façanha. ''Fica muito honrada em trazer para o Brasil os heróis desta conquista.''
A conquista do penta ficou para dali a quatro anos, no Japão e na Coreia do Sul.
A leitura do cardápio, além de estimular roncos na barriga, retrata um tempo que, não tão distante, parece de outra era.
Ricardo Teixeira, agora pária do esporte, presidia a CBF. Zagallo, hoje velhinho, era o nosso técnico. O assessor de imprensa Nelson Borges, gente boa, já partiu. A Varig, também.
Mas o Zé Roberto de 18 anos atrás é este mesmo, baita jogador, do Palmeiras atual. Ele completou 24 anos durante a Copa da França.
Como não haviam providenciado impressão de menu para o caso de derrota na decisão, improvisaram um às pressas, sem referência ao penta.
O champanhe, em vez de celebrar mais um título, serviu para afogar a tristeza.