Das filhas deste solo
Mário Magalhães
A essa altura, os prontos-socorros de todo o país estão superlotados.
Porque não há exame de coração mais desgastante do que um jogo da nossa seleção feminina de futebol.
O Brasil acaba de ser eliminado nos pênaltis, pela Suécia, em pleno Maracanã.
O time dominou, acumulou muito mais chances, porém voltou a não marcar.
A equipe do técnico Vadão se ressentiu demais das ausências da lateral Fabiana e da atacante Cristiane, contundidas.
Cristiane entrou na prorrogação, com limitações físicas, e desperdiçou uma cobrança de penal.
Andressinha errou a outra.
Ambas foram defendidas pela goleira Lindahl.
Emperrou o Carrossel Tropical das goleadas de 3 a 0 sobre a China e 5 a 1 contra a mesma Suécia de hoje.
As jogadoras se mexeram pouco no ataque, tornando-se mais previsíveis.
A técnica Pia Sundhage montou uma retranca eficiente, um ferrolho de encher os olhos dos defensivistas mais fanáticos.
Em vez de tocar a bola, a seleção insistiu sem êxito em passes longos.
Não foi um Maracanazo.
Os brasileiros jamais se curaram do ressentimento estúpido com o escrete de 1950.
Esse time de mulheres que combinou arte e eficiência encantou.
Seduziu quem cultiva o futebol bem jogado.
Hoje deu Mourinho, e não Guardiola.
As filhas deste solo orgulharam o Brasil.
O futebol, de mulheres, homens e quem mais chegar, precisa de seleções que joguem assim.
Um dia, a bola deixará de bater na trave, e a seleção será campeã olímpica.
A seleção de Marta e companhia vai morar para sempre no coração de sua gente.
Até a próxima, a luta pelo bronze!