Na noite do Maracanã, complexo de vira-lata sofre derrota histórica
Mário Magalhães
A noite comovente do Maracanã, na abertura da 31ª Olimpíada, consagrou o talento brasileiro e provocou revés histórico para uma das mais arraigadas enfermidades nacionais: o complexo de vira-lata diagnosticado há mais de meio século por Nelson Rodrigues.
A cerimônia foi bolada e conduzida por artistas brilhantes, do cinema à música, da cenografia às criações do Carnaval, da iluminação à coreografia. Seu maior mérito foi mostrar o Brasil como ele é ou poderia ser. Vimos a nossa cara ou muito dela. Não temos a disciplina oriental que os chineses expuseram em Pequim, mas contamos com criatividade de sobra.
A abertura não foi necessariamente a melhor. Foi diferente. E linda.
A festa espetacular não elimina nossas mazelas atávicas e recentes. Nem mitiga a vasta hipocrisia que vimos sentada nas tribunas de honra no estádio cuja reconstrução foi marcada por propina.
Mas afirma que a incapacidade brasileira para vencer, no sentido mais amplo da palavra, é vontade e não realidade. Vontade de quem padece da renitente patologia do complexo de vira-lata.
Que a noite do 5 de agosto de 2016 inspire o Brasil, sobretudo fora dos estádios.
Com a grandeza, a elegância e a generosidade de um Paulinho da Viola cantando o hino.
Bravo, Rio!