Epígrafes: por François Truffaut
Mário Magalhães
''Não esqueçamos jamais que as ideias são menos interessantes do que os seres humanos que as inventam, modificam, aperfeiçoam ou traem.''
François Truffaut, cineasta francês, gênio da raça.
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Por muitos anos trabalhei na sucursal carioca da Folha com esse frase impressa num papelzinho colado à minha frente. Era inspiração e estímulo, para não perder de vista o que um antigo editor ensinava no Segundo Caderno: gente gosta de gente. Eu também, apesar dos pesares. As melhores histórias são histórias de gente. Transformei o mantra em epígrafe da biografia ''Marighella: O guerrilheiro que incendiou o mundo'' (Companhia das Letras). A epígrafe é também um apelo para conhecer sem preconceitos a trajetória de Carlos Marighella (1911-1969), personagem histórico controverso. É legítimo odiar ou amar o protagonista, mas formar juízo sem se informar… deixa pra lá. O toque do Truffaut também caberia no livro que escrevo sobre Carlos Lacerda (1914-1977). É impressionante como Lacerda é incensado ou demonizado por quem pouco sabe de sua vida, sobretudo dos derradeiros treze anos. Mas não dá para repetir epígrafe. E já há algumas ótimas à espera de Lacerda, para eu escolher uma ou duas.