Blog do Mario Magalhaes

Seleção brasileira tem elenco para brilhar como Chile e Argentina

Mário Magalhães

Neymar, o condutor do Brasil para a volta por cima – Foto Fabrice Coffrini/AFP

 

Tudo bem que o técnico do México deu de inventar de novo, transformando vitalidade em anemia, mas foram inegáveis os méritos da implacável seleção do Chile no chocolate de 7 a 0 pela Copa América.

É claro como o céu californiano que a equipe dos Estados Unidos se enfraqueceu. Porém sua incapacidade de finalizar ao menos uma vez na semifinal decorreu também do eficiente sistema defensivo da Argentina, que no ataque emplacou quatro gols.

Com o estilo de jogo desenhado por Sampaoli e na essência mantido por Pizzi, o Chile campeão é mais time que a soma dos jogadores. Bem treinado, corrente azeitada. Como diziam no tempo em que se falava em tempo do onça, joga por música. Não que careça de talento, como comprovam Vidal, um dos três ou quatro melhores volantes do mundo, Sánchez, atacante de prestígio na Europa, e Bravo, titular do Barcelona no campeonato espanhol. Há outras feras, como Jara, partidaço anteontem, e Díaz, volante de responsa. Até do Medel eu sou fã.

Ainda assim, o coletivo é melhor do que sugere a escalação. Muitos chilenos não defendem clubes europeus de ponta.

Na Argentina, ocorre o oposto. No papel, desprezando o futuro sem alguns deles, Messi, Mascherano, Di María e companhia formam um timaço mais forte que o das três finais mais recentes da Copa América e da Copa do Mundo. Nas duas decisões contra os chilenos, Tata Martino armou um escrete que em muitos momentos foi dominado. Mesmo contando com grupo mais qualificado.

Com suas diferenças, duas seleções admiráveis. Pelo menos até outro dia os argentinos encabeçavam o ranking da Fifa, no qual o Chile ostentava a honrosa quinta posição.

E nós com isso?

Ao contrário do que indicam os malogros recentes, o Brasil tem jogadores bons, muito bons, ótimos e excelentes para dar a volta por cima.

Faltava-nos técnico. Com a queda de Dunga e a ascensão de Tite, não falta mais.

Nossa cartolagem oscila entre a cretinice e o desvio, mas nisso não contrastamos com os adversários sul-americanos e de bandas mais distantes.

Vejamos, então, o que um burocrata corporativo chamaria de recursos humanos.

Nem chilenos nem argentinos podem escalar na defesa tanta gente boa. Na lateral-direita, Daniel Alves é um dos melhores. Na esquerda, Marcelo e Filipe Luís são elite. Montar a zaga com titulares do PSG e da Inter de Milão não é para qualquer um _Thiago Silva e Miranda estão à disposição. Não temos goleiro à altura de Bravo, mas os brasileiros ficam no nível de Romero. Alisson, Jefferson, Grohe, Victor, Prass, Ederson, Diego Alves _são numerosos.

Um ataque com Neymar, Douglas Costa e Willian é de dar inveja. Se Tite quiser, pode recuar o boleiro do Chelsea e abrir ou não nova vaga de atacante.

O meio-campo é o nosso setor mais frágil, rompendo a tradição de craques. Não temos um volante como Vidal ou Mascherano, mas Casemiro evoluiu, como assistimos na Champions deste ano, pelo Real Madrid. Lucas Lima, Philippe Coutinho, Renato Augusto, Elias e outros são bons ou muito bons.

A despeito dos meias não tão bons quanto os defensores e atacantes, podemos lançar uma seleção competitiva. Nosso elenco é melhor que o do Chile.

O desafio, portanto, é sobretudo coletivo.

Sem desprezar a obviedade do caráter decisivo dos desempenhos individuais. Neymar, o dom Sebastião do futebol nacional, precisa amadurecer para conduzir a nossa volta por cima.

Tite é o cara certo no momento certo.

Logo melhoraremos, e um pouco mais tarde também poderemos dar shows como os de chilenos e argentinos.

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