Ciclovia: Eduardo Paes sugere culpa de muitos, menos da Prefeitura do Rio
Mário Magalhães
O prefeito do Rio tem sido rigoroso ao se referir a culpas pela tragédia criminosa em que duas pessoas foram mortas na queda de trecho da ciclovia da avenida Niemeyer.
Culpas de quem projetou e executou a obra ligando São Conrado ao Leblon.
Pena que não seja incisivo _ou ao menos mencione_ em relação a outra responsabilidade, a da prefeitura.
É como se a administração pública não devesse ser cobrada pela construção precária e mortal.
Eis o que Eduardo Paes disse ao repórter Jorge Bastos Moreno:
''O que eu sei é que não levaram em conta que as ondas poderiam vir de baixo para cima, com o peso de 500 toneladas. Estavam preparados para uma pressão de cima para baixo. Mas tudo isso está sob investigação. As responsabilidades estão sendo apuradas. Não foi um erro direto da prefeitura. Nosso erro, no caso específico, pode ter sido o de não a termos isolado com cones, naquele dia da ressaca. Mesmo considerando que a estrutura fosse inabalável, aquela ressaca poderia, por si só, arrastar pessoas. Então, o isolamento preventivo da área era necessário. Se as investigações, as perícias, comprovarem a culpa da Concremat, a empresa será responsabilizada e terá todos os seus contratos com a prefeitura cancelados. Há outra coisa também: não é possível responsabilizar apenas CNPJ, mas CPF também, ou seja, empresa e engenheiros responsáveis pela obra''.
Noutras palavras, o peemedebista dá a entender que não era atribuição da Prefeitura do Rio analisar o projeto e fiscalizar a construção da ciclovia.
Como se coubesse ao município somente entregar a terceiros uma empreitada, sem observar se o plano é correto e se a edificação, mais que tudo, protege quem pedala e caminha por ali.
Como se fosse aceitável deixar para lá o que pode custar, e custou, vidas humanas.
Que a ciclovia deveria ter sido interditada por causa da ressaca é óbvio.
Também é evidente que a prefeitura falhou na fiscalização da obra.
Tudo isso vai sendo esquecido, pena. Chegou a hora do oba-oba olímpico.