Datafolha expõe contradição de quem quer presidente escolhido por pesquisa
Mário Magalhães
No período de três semanas em que o bombardeio contra Dilma Rousseff se intensificou, caiu de 41 para 28 pontos percentuais a diferença entre os entrevistados que apoiam o impeachment da presidente e os que se opõem.
O endosso ao impedimento, que alcançava 68%, diminuiu para 61%, recuando da margem dos dois terços.
Ao contrário do que ocorria em fevereiro, não chega mais a dois por um a relação entre os pró e os anti-impeachment, embora a maioria ainda opine pela saída de Dilma.
Esses números foram colhidos pela pesquisa nacional Datafolha realizada nos dias 7 e 8 de abril.
Mas não são a informação mais expressiva do levantamento.
A grande novidade é que, na margem de erro (dois pontos), o impeachment do vice Michel Temer tem tanto apoio, 58%, quanto o da presidente.
Em caso de o Congresso aprovar o impeachment de Dilma, Temer assumiria.
O instituto indagou: Dilma e Temer deveriam renunciar?
Deu empate cravado, 60% a favor.
A presidente, porém, leva vantagem entre os que repelem a renúncia: 37% são contra, enquanto 30% não concordam com a renúncia de Temer.
Assim como 33% recusam o impeachment dela, e 27%, o dele.
O resultado do Datafolha expõe contradição de numerosos partidários do impeachment de Dilma e da ascensão de Temer à Presidência.
O argumento _não o único_ é que a maioria dos brasileiros quer Dilma fora.
Se for por aí, Temer também não pode assumir, pois é igualmente rejeitado.
Se presidente fosse escolhido com base em pesquisa de opinião, nem Dilma nem Temer poderiam exercer seus cargos.
Na democracia, porém, governante se elege no voto.