Torcida por morte de Pezão retrata tempo de ódio, fanatismo e desalento
Mário Magalhães
''Pezão, segura teu câncer e aceita este castigo muito justo!''
''Nunca desejei tanto a morte de alguém como a do Pezão.''
''Se o Pezão morrer de câncer, bem capaz de o câncer ganhar o Prêmio Nobel da Paz.''
''Força, Pezão, é o […]!! Tem que morrer mesmo, esse fdp!!!''
''Pezão tem que morrer, esse […]''
''Deus que me perdoe, mas podia era morrer lentamente e sofrendo muito!!''
''Por mim, o Pezão fdp podia morrer.''
''Se eu morrer, avisem o Pezão que eu vou voltar pra puxar o pé dele.''
''Pezão está internado? Essas porras têm que morrer!!!''
''Melhor momento do #RJTV de hoje foi quando disseram que Pezão pode estar com câncer. Mas eu duvido que o câncer aguente o Pezão.''
''Seria chato desejar que o Pezão morra?''
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Perdão, amigos, por reproduzir a sordidez acima.
É que seria impossível dar ideia da violência sem mostrar o original.
São comentários em rede social torcendo pela morte de Luiz Fernando Pezão.
Como se sabe, o governador do Rio se afastou do cargo para se tratar de um câncer.
É tão legítimo quanto decente torcer por sua saúde, mesmo não gostando do seu governo (este blog não se cansa de criticar a administração do Estado, sobretudo covardias policiais contra comunidades pobres).
Agourar a vida de Pezão, governador eleito pelos cidadãos, é outra coisa.
Mais que aversão, é ódio.
Não é apenas intolerância, e sim boçalidade.
Não se limita a uma ou outra faixa etária _tem hidrófobo de tudo que é idade.
Não reflete espírito crítico, mas fanatismo.
O ser humano já fez coisas piores?
É claro, mas parecia que não voltaria fazer. Ou que não gostaria de fazer.
Não vivemos somente dias de indelicadeza.
Este é um tempo de desalento, ao menos para quem acredita na convivência civilizada e até fraterna entre quem pensa diferente.
Boa sorte, Pezão!