Blog do Mario Magalhaes

‘Funcionári@ fantasma’ vira ‘funcionári@ irregular’. Isso alivia falcatrua?

Mário Magalhães

A presidente Dilma Rousseff costuma empregar a palavra ''malfeito''.

Trata-se de eufemismo para roubalheira, falcatrua, gatunagem.

Mais precisamente, corrupção.

Boa parte do jornalismo não embarcou e continuou chamando as coisas pelo devido nome.

Fez e faz muito bem. É o papel de quem pretende, como serviço público, fiscalizar o poder com espírito crítico.

Como as coisas devem ser descritas como são, foi uma surpresa a novidade linguística recém-surgida.

Margrit Dutra Schmidt, servidora lotada no gabinete do senador José Serra, é desconhecida ou quase não vista pelos colegas.

A senhora trabalha em casa, esclareceu o tucano.

Como não está dispensada de ponto, tal prática é ilegal.

Alguns jornalistas a qualificaram como ''funcionária irregular''.

Noutros tempos, como comprova um sem-número de exemplos, gente como ela seria tida como ''funcionária fantasma''.

''Funcionári@ irregular'' parece menos escandaloso que ''funcionári@ fantasma'', certo?

Mas não alivia a falcatrua.

É como o eufemismo ''crise hídrica''. Não passa, ou passava, da velha ''falta d'água''.

O jornalismo deveria ser crítico com todo e qualquer poder, não somente com alguns.

A não ser, aí é outro papo, o jornalismo partidário.

Portanto, a senhora Dutra Schmidt não é suspeita _ou acusada_ de ser funcionária irregular, e sim de ser funcionária fantasma do gabinete do senador Serra.

Confirmada, a ilegalidade não configuraria ''malfeito'', mas coisa bem mais grave.

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