PMs matam 10, matam menino Jesus, matam inocente, forjam prova. Dá em nada!
Mário Magalhães
Uma sucessão de decisões da Polícia Militar e da Polícia Civil do Rio constitui incentivo, involuntário ou não, para que a violência de PMs acumule mais mortes de inocentes no Estado.
A última notícia foi a conclusão da Corregedoria da Polícia Militar sobre a morte de dez pessoas por PMs no complexo da Maré, em junho de 2013 (leia aqui reportagem). O Bope só descreveu seis óbitos. Ao menos um morto estava desarmado.
''Dizer que não houve excesso até na morte de um garçom, morto trabalhando, é completo absurdo'', afirmou o geógrafo Jailson de Souza e Silva, uma das melhores cabeças do Rio, à repórter Bruna Fantti.
A ira do Bope foi despertada pela morte de um sargento do batalhão, horas antes. Quando os policiais entraram na Maré, produziram uma dezena de cadáveres e saíram ilesos. 10 a 0 não é placar de confronto, mas de chacina.
Na semana passada, a Divisão de Homicídios, da Polícia Civil, recusou-se a indiciar o PM que sabidamente matou em abril o menino Eduardo de Jesus. Filho de Maria e José, Jesus, 10, foi alvejado na cabeça com tiro de fuzil, diante da sua casa, no complexo do Alemão.
O relatório do inquérito sustenta que o PM atirou em legítima defesa, ao ser surpreendido por disparos de traficantes de drogas. O tal tiroteio é controverso. Numerosas testemunhas asseguram que ele inexistiu.
Ainda que tenha ocorrido o ataque de traficantes, por que o PM, com uma criança a 5 metros dele, revidou, em vez de se proteger, vendo o menino na linha de tiro? Ou não enxergou Jesus tão pertinho?
A Anistia Internacional qualificou como ''aberração'' a versão bancada pela Divisão de Homicídios.
Uma semana antes da aberração, a repórter Adriana Cruz revelou que um oficial da PM, condenado por forjar prova contra manifestante em 2013, hoje assessora o chefe do Estado-Maior da corporação.
A lição aos jovens soldados? Apronte o que quiser, dá em nada.
Infelizmente, não acabou: anteontem, um rapaz de 21 anos fez uma brincadeira com um amigo no Engenho de Dentro, e um PM tacou-lhe fogo (leia aqui). Assassinou-o, isso mesmo. De graça.
Foi aberto inquérito para investigar homicídio proposital, mas o atirador está em liberdade. Esse mesmo PM matou em 2013 um modelo e promotor de eventos. O policial estava à paisana, de folga e com a arma de trabalho. Envolveu-se numa discussão e fuzilou. No que deu? Adivinha… Quer dizer, deu noutra morte, de um inocente, na terça.
A impunidade é o maior estímulo para que a truculência e a barbárie prevaleçam.
Quase sempre contra pessoas pobres e negras.
Um massacre seletivo e covarde.
A lei só vale para alguns?
Há salvo-conduto para o crime?