Volta à primeirona tem que ser em campo, não no tapetão. Bravo, Botafogo!
Mário Magalhães
Bem cedinho, nesta quarta-feira do aniversário de 60 anos do 11 de novembro em que os tanques foram às ruas para garantir a posse do presidente eleito pelo povo, Juscelino Kubitschek, li na caixa de mensagens o e-mail do amigo botafoguense que vive no exterior: ''Estou à espera de seus comentários elogiosos à subida do meu alvinegro à primeira divisão''.
Não sou maluco de ignorar o feito do Botafogo, sacramentado ontem com a vitória de 1 a 0 contra o Luverdense. O gigante do futebol brasileiro regressa à primeirona pela porta da frente, dispensando tapetões. Coisa de gigante.
Mas não dá para ignorar o que os alvinegros também devem saber: se 2015, pela superação, deve ser um ano inspirador para o que virá, os enganos que provocaram o fiasco de 2014 não podem ser esquecidos. Se forem, a torcida amargará novos fracassos.
Noutras palavras, o time é bom ou muito bom _não vi ou soube de grandes exibições_ para a série B. Para disputar a A com ambições um pouquinho maiores que não cair, e não falo nem em batalhar por título ou vaga na Libertadores, é indispensável melhorar o elenco. E muito.
Fico feliz pela volta por cima do Ricardo Gomes, depois do AVC. E triste pelo pouco caso com quem arrancou com a equipe para as cabeças da segundona, o técnico Renê Simões, afastado no meio do caminho. Ricardo e Renê são dois vencedores, ambos merecem reconhecimento.
Apaixonado pelo Fogão, goleiro limitado na juventude, mais tarde acadêmico brilhante e hoje professor numa instituição estrangeira de prestígio, meu amigo ouviu o jogo em sua sala na universidade. Foi embora de lá chorando.
Para que as lágrimas permaneçam de felicidade, o Botafogo tem que se aprimorar.
Por enquanto, vale a comemoração pela conquista e o exemplo: o clube volta ao seu devido lugar suando e vencendo em campo, que é onde o futebol tem de ser decidido.