Blog do Mario Magalhaes

A Catalunha quer a Independência? Então eis a seleção catalã para 2018

Mário Magalhães

Bandeiras da Catalunha desfraldadas no Camp Nou – Foto reprodução

 

O parlamento da Catalunha deu ontem a largada para a conquista da Independência e a instauração da República.

No cenário mais otimista para os independentistas, a ruptura com a Espanha e a monarquia viria em 2017, um ano antes da Copa da Rússia.

A emancipação retiraria a condição espanhola de duas das três relíquias das vinícolas locais. São da Catalunha a Cava, um dos melhores espumantes do planeta, e o Priorat, cujos tintos rivalizam com os Rioja como os mais aclamados no Estado Espanhol. Logo atrás, também são catalães os vinhos Penedès, que não perdem para os espanhóis Ribera del Duero.

Os catalães, que cultivam desassombrada auto-estima (para os madrilenhos, não passam de marrentos incuráveis), não veriam mais artistas como Joan Miró, Salvador Dalí e Antoni Tàpies serem descritos como ''espanhóis'' mundo afora. E ainda podem dizer que o malaguenho Pablo Picasso devia à Barcelona anos decisivos de sua formação.

Como nem só de álcool e arte vive o ser humano, a blog preocupa-se com a seleção catalã para a Copa de 2018. Seria difícil, quase impossível inscrever a equipe, que não teria disputado as Eliminatórias. É igualmente complicado o movimento pró-Independência chegar lá. O que não impede de especular o time para o próximo Mundial.

Ele alegraria os habitantes da Catalunha que hoje, em parcela não desprezível, torcem contra a Roja. E aliviaria o zagueiro Piqué de ser vaiado por toda a Espanha em virtude, no final das contas, de sua militância pela Catalunha livre. Quer dizer, ser apupado como adversário, tudo bem; vestindo a camisa vermelha espanhola é que não tem cabimento.

Começando por cima, o diretor da seleção seria o catalão Carles Puyol, legendário capita do Barça e campeão com a Roja na Copa de 2010.

O técnico, para combinar com a ebulição da nova nação candidata a vaga na ONU, seria Pep Guardiola, outro catalão, combatente da causa da Independência.

Para assistente técnico, proponho o catalão Xavi Hernández, que ainda batalha nos gramados, mas que na Rússia terá 38 anos. Pena, pena mesmo, mas não dará mais para ele como jogador.

Como consultor, Johan Cruijff, holandês morador da Catalunha e opositor _ao menos até a última entrevista dele que eu li_ do racha com a Espanha. Já foi técnico da seleção catalã, que não tem reconhecimento oficial. Ele não recusaria a mãozinha ao seu discípulo e amigo Guardiola.

Eis o time titular, com considerações mais à frente (só é mencionada a idade, relativa à época da Copa, de quem tiver então a partir de 31 anos):

Víctor Valdés (Manchester United, 36)

Martín Montoya (Internazionale)

Gerard Piqué (Barcelona, 31)

Marc Bartra (Barcelona)

Jordi Alba (Barcelona)

Sergio Busquets (Barcelona)

Thiago Alcantara (Bayern de Munique)

Sergi Roberto (Barcelona)

Cesc Fàbregas (Chelsea, 31)

Gerard Deulofeu (Everton)

Cristian Tello (Porto)

No banco, estariam ao menos Kiko Casilla (Real Madrid, 31), Marc Muniesa (Stoke City), Aleix Vidal (Barcelona), Bojan Krkic (Stoke City) e Isaac Cuenca (Bursaspor).

Thiago Alcantara é filho de brasileiro, nasceu na Itália e joga pela Espanha. Como seu vínculo é marcadamente com a Catalunha, onde se instalou adolescente, ele se integraria à seleção.

Só há dois atacantes de vocação entre os titulares porque nesse setor há muito menos talento. Deulofeu e Tello podem se tornar ótimos, mas precisam melhorar a cabeça.

Como se vê, a média de idade não é alta e a maioria dos jogadores é acentuadamente técnica. No estilo Cruijff-Barça-Guardiola, a seleção cuidará de manter a bola no pé. Timaço.

Com população inferior a menos de 8 milhões, a Catalunha fabrica artistas, arquitetos e mestres-cucas soberbos. E também jogadores. Há três anos para surgir mais craques.

A Independência é sonho, a seleção em 2018 idem.

Se não fossem os sonhos, o que seria da obra de Dalí?

P.S.: o Messi já jogou pela Argentina, não pode virar catalão. Ele gostaria, se pudesse?

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