Notícia de agressão de candidato de Paes a ex-mulher turva eleição no Rio
Mário Magalhães
A notícia da agressão do deputado federal Pedro Paulo Carvalho à ex-mulher torna mais imprevisível a campanha para a sucessão do prefeito Eduardo Paes aqui no Rio.
Secretário municipal mais poderoso, Pedro Paulo foi escolhido por Paes como o pré-candidato do PMDB para o ano que vem. O prefeito negociou com outros correligionários aspirantes à vaga e obteve acordo em torno do nome que queria.
A eleição já estava embolada, com muitos potenciais concorrentes competitivos: o senador Romário (PSB); o deputado estadual Marcelo Freixo (PSOL); o senador Marcelo Crivella (PRB); e a deputada federal Clarissa Garotinho (PR).
Mas o favorito, vitaminado pela aprovação ao prefeito e uma coligação gigantesca, era Pedro Paulo. Um sem-número de obras e serviços serão inaugurados na cidade até a Olimpíada de agosto. Se não houver um fiasco na organização municipal para os Jogos, hipótese em que quase ninguém bem informado aposta, a popularidade de Paes deve aumentar, cacifando-o até para se lançar à Presidência em 2018.
Agora, o cenário de 2016 ficou mais turvo. Até porque candidaturas dadas como descartadas pelo PMDB, como a do deputado Leonardo Picciani, estão sendo ressuscitadas.
A agressão de Pedro Paulo contra sua então mulher foi revelada pelos repórteres Leslie Leitão e Thiago Prado no dia 16 de outubro.
A matéria, documentada, conta que em 2010 a mulher de Pedro Paulo, Alexandra Marcondes, registrou queixa por agressão. Disse que foi atacada pelo marido com pontapés e socos, versão confirmada pela babá que trabalhava no apartamento do casal. Laudo no IML comprovou marcas compatíveis com a denúncia, inclusive um dente quebrado.
A ocorrência policial não resultou em indiciamento do já então secretário municipal. Nem em acusação pelo Ministério Público. A Lei Maria da Penha não foi aplicada.
A primeira reação à reportagem do mês passado foi uma declaração de Alexandra dizendo que inventara a agressão.
Eduardo Paes opinou que se trata de ''tema da vida privada'' (sobre tal afirmação, o jornalista Marco Aurélio Canônico contestou-o exemplarmente).
Ontem, Pedro Paulo deu entrevista ao repórter Italo Nogueira. Enfim, o secretário admitiu a agressão. Em sua pior resposta, o entrevistado ensaia uma interpretação da Lei Maria da Penha muito grave para um administrador público. No melhor momento do entrevistador, Nogueira indaga: ''O sr. é pai de uma menina. Se um futuro genro do sr. tiver um episódio como esse, aceitaria as explicações que o sr. está dando?''
Se Eduardo Paes insistir com Pedro Paulo para 2016, poderá até vencer no Rio, mas prejudicará suas pretensões presidenciais.
A não ser que suponha ser uma atitude digna acobertar a agressão, como ficou comprovado, ocorrida.
A propósito: o que levou a ex-mulher de Pedro Paulo a dizer que inventou o que agora se sabe que não foi invenção?