Tudo é história: vivandeiras
Mário Magalhães
Um bom método para avaliar se o Brasil melhorou ou piorou, e levantar um pouco o astral, é catar palavras que caíram em desuso.
Muitos jovens nunca ouviram falar em ''anjinhos''. Não que eles não mais existam. Mas é cada vez mais difícil encontrá-los, graças à decadência da mortalidade infantil.
Anjinhos são bebês ou crianças mortos. Quase sempre por doenças associadas à desnutrição, ou à fome, para falar em bom português. Eram comuns nos cenários nordestinos.
Quantos brasileiros sem cabelos brancos sabem o que é ''empastelamento''?
Houve uma época, no trepidante século XX, em que as autoridades empastelavam jornais. Isto é, fechavam na marra publicações que não acolhiam as ideias do poder.
E ''vivandeira'', alguém ainda liga o nome à pessoa?
Na origem, como ensina o verbete do ''Houaiss'' reproduzido no alto, era a ''mulher que acompanha uma tropa, vendendo ou levando mantimentos e bebidas''.
Mais tarde, ganhou outra conotação, a de quem incentiva a desinteligência entre militares. E atiça a sua intervenção ilegal e ilegítima na ordem constitucional, derrubando e promovendo governos.
As vivandeiras grassaram no país da década de 1920 à de 1980.
Eu as supunha extintas, como a varíola.
Lembrei-me delas por causa do assanhamento de um pessoal que anda provocando as Forças Armadas a fazerem o que, salve, salve, elas têm reiterado que não farão. Quer dizer, não pretendem estuprar a democracia.
Para frustração das, como é mesmo?… vivandeiras.