Com demonização de Neymar, algum maluco ainda proporá seleção sem ele
Mário Magalhães
Sem Neymar, o Brasil venceu a Venezuela por 2 a 1, classificou-se em primeiro lugar no seu grupo da Copa América e enfrentará como favorito o Paraguai nas quartas-de-final.
Jogou bem contra, perdão pela sinceridade, um timeco. No final, demos mole e levamos sustos.
Nenhum dos jogadores venezuelanos teria lugar na nossa seleção. Existe um abismo técnico entre os elencos de um país do futebol e de um país do beisebol.
Thiago Silva e Firmino anotaram dois gols, e Miku diminuiu.
O triunfo brasileiro trouxe outra vantagem: no terceiro posto do grupo, a Colômbia pegará a Argentina nas quartas. Os argentinos terão o adversário em tese mais duro pela frente.
De toda a primeira fase, só o Chile, com sua exuberância ofensiva, seduziu. Mas atrás a equipe da casa vive a se enrolar.
A ciclotimia que caracteriza a torcida e a crônica esportiva no Brasil talvez faça com que algum maluco venha a propor que Neymar saia de vez da seleção. Se não houver mudança no tribunal, o atacante está fora do torneio, devido ao gancho de quatro partidas.
Neymar foi demonizado nos últimos dias. Fez uma grande temporada, no Barcelona e nos amistosos com a seleção.
E jogou demais na estreia na Copa América, gol e passe para gol nos 2 a 1 sobre o Peru.
Chegaram a escrever que há muito o Neymar está devendo na seleção. Mas só citaram a jornada despirocada contra a Colômbia.
Porque quase sempre ele joga bem.
Na transmissão de hoje da Globo, Galvão Bueno enchia o peito para falar em ''futebol coletivo''.
Como se Neymar conspirasse contra o coletivo.
Reitero: com uma geração limitada, Neymar é salvação, e não problema.
Sua demonização é típica de almas volúveis que trocam num segundo o amor pelo ódio e o ódio pelo amor.
Sem Neymar, somos mais fracos.
Não se deve passar a mão em sua cabeça, relativizando os vacilos.
Mas houve um massacre quase covarde contra o craque.
Sem nenhum timaço até agora, a Copa América é uma conquista possível. Porém, o mais previsível é a derrota em algum momento decisivo.
Tomara que o possível se sobreponha ao previsível.