Cansei, Chile: se chefe da delegação fosse jogador, Brasil cairia por W.O.
Mário Magalhães
Já vimos e ainda veremos muita coisa estranha na CBF, mas esta é mesmo inusitada: o chefe da delegação nacional na Copa América abandonou a concentração no Chile e regressou para o Brasil.
Não foi nenhuma emergência, o que tornaria compreensível a retirada do empresário João Dória Jr.. Já estava planejado. O capo do grupo empresarial Lide ficará indo e voltando ao país anfitrião da Copa América. É o que informou sua assessoria, conforme os repórteres Sérgio Rangel e Marcel Rizzo.
A diretoria da CBF tinha conhecimento de que o chefe da delegação não permaneceria no Chile.
O posto não tem funções executivas. Seu ocupante é um embaixador da seleção e da CBF.
Mas esta é sua função: representar a delegação, cujos componentes mais relevantes são os jogadores.
Este é o jogo que o chefe da delegação tem de jogar: o da diplomacia.
E Dória Jr. não o jogará. Seria como os boleiros não irem aos estádios para as partidas. Derrota por W.O.
A presença do empresário tem importância maior que a habitual, porque Marco Polo Del Nero, o presidente da CBF, não deu as caras no país de Elias Figueroa. Claro que o motivo não foi medo de ser preso pela Interpol, pois o cartola jura que nada fez de ilegal…
O forfait de Dória Jr. nos eventos a que lhe caberia comparecer chamam ainda mais a atenção para a escolha do seu nome. Por que Del Nero o convidou? Que tipo de laços busca estabelecer ou reforçar no momento em que se vê acossado por investigações que levaram o aliado e antecessor José Maria Marin ao xilindró?
E Dória Jr., por que topou pagar esse mico? Cansou? Do quê?
Mais uma vez é evidente o sentido da ''arrancada modernizadora'' na CBF, propalada pelo secretário-geral Walter Feldman: o chefe da delegação se arrancou do Chile.
Ainda bem que eles não entram em campo.