Blog do Mario Magalhaes

Arquivo : março 2015

Um pranto pelo direito de estudar: aulas não voltam em colégio do Rio
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Mário Magalhães

Matheus Zanon, do grêmio estudantil do CAp Uerj - Foto TV Alerj

Matheus Zanon, presidente do grêmio estudantil do CAp-Uerj – Foto TV Alerj

 

Imagine o seu filho, o seu irmão ou um sobrinho, aluno do ensino fundamental ou médio, matriculado numa das melhores escolas do Rio, com tradição de excelência, e ainda por cima pública, financiada pelos impostos dos cidadãos.

Eis o Colégio de Aplicação da Uerj, a Universidade do Estado do Rio de Janeiro.

Agora pense num estabelecimento que padece com o arrocho antissocial do governo do Estado, igualzinho ao implementado pelo governo federal e tantas administrações municipais.

Com o dinheiro tendo outros fins prioritários, e não a educação, não foram pagos serviços terceirizados, como os de limpeza e segurança do CAp-Uerj.

E não são contratados professores indispensáveis para ensinar mesmo com um quadro precário, não completo, de mestres.

Então, coloque-se na situação de quem se preparou para recomeçar as aulas em 23 de fevereiro.

Mas houve um adiamento.

E depois outro.

Mais tarde, o CAp não apenas não voltou a funcionar no prazo (re)estabelecido, como já não tem data para receber os alunos.

Isso mesmo: não há prazo, data, nada.

Não acredita? Leia esta mensagem oficial da instituição, emitida na terça-feira. Mais de um mês de atraso.

A exceção são os estudantes do terceiro ano do ensino médio, menos de cem do total de 1.100 do CAp-Uerj, que regressaram às aulas na segunda passada.

Pais, estudantes, funcionários e professores protestam, mas a Uerj os recebe com trogloditas que agridem manifestantes.

Matheus Zanon, o presidente do grêmio estudantil do CAp, deu entrevista ao Laboratório de Áudio da Faculdade de Comunicação Social da Uerj (ouça clicando no quadro sob a foto no alto ou neste link):

“Eu queria muito poder falar pra vocês que no dia 25 [ontem] a gente estaria todo mundo aqui no colégio, tendo professor em sala de aula… Eu não consigo terminar esse áudio sem chorar, porque a situação tá muito difícil”.

O garoto chorou.

Chorou pelo direito de estudar.

O arrocho promovido pelos governos castiga a educação.

E cria mais desigualdade entre quem estuda no ensino privado e no público.

Enquanto isso, quem vive de juros vive cada vez melhor.

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Morre Cláudio Torres, guerrilheiro do sequestro do embaixador dos EUA em 69
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Mário Magalhães

Guerrilheiros trocados pelo embaixador Charles Burke Elbrick; Ibrahim é terceiro em pé, a partir da esquerda

Treze dos 15 presos libertados em troca de Charles Elbrick – Foto divulgação/1969

 

Morreu Cláudio Torres da Silva, guerrilheiro que em 1969 participou do sequestro do embaixador dos Estados Unidos. Naquele mesmo ano Torres foi preso e padeceu com a barbárie da tortura institucionalizada pela ditadura. Ficou sete anos em cana.

O corpo do gaúcho nascido há 70 anos foi encontrado ontem em São Paulo. É provável que Torres tenha morrido por causa de acidente vascular cerebral _ele já havia sofrido dois.

O velório começou na manhã desta terça-feira. Às 13h, haverá uma cerimônia de despedida, antes da cremação, no Cemitério Memorial Parque Paulista, no município de Embu das Artes.

O embaixador Charles Burke Elbrick foi raptado no Rio no começo da tarde de 4 de setembro de 1969.

No Cadillac em que ele e seu motorista se dirigiam para a embaixada, entraram quatro militantes da oposição armada: Virgílio Gomes da Silva, Manoel Cyrillo de Oliveira Neto, Paulo de Tarso Venceslau e, ao volante, o ex-líder estudantil Cláudio Torres.

Virgílio, Cyrillo e Venceslau militavam na Ação Libertadora Nacional. Cláudio, na organização que a partir de então se rebatizou como Movimento Revolucionário 8 de Outubro, o MR-8.

O embaixador foi devolvido são e salvo, três dias mais tarde.

Em troca da sua libertação, os guerrilheiros obtiveram a soltura de quinze presos políticos, que partiram para o exterior.

E também lograram a divulgação pelos meios de comunicação de um manifesto denunciando a censura e a violência da ditadura.

O sequestro de Elbrick foi a ação mais espetacular da guerrilha urbana que atuou no Brasil entre o fim da década de 1960 e o princípio da de 1970.

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O mistério sobre o novo filme de um dos maiores pegadores de Hollywood
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Mário Magalhães

O ator Warren Beatty - Foto www.fanpop.com

O ator Warren Beatty – Foto www.fanpop.com

 

A uma semana de completar 78 anos, o galã não tem mais a estampa acima, mas está longe de ser um samba acabado.

O ator e diretor Warren Beatty, há um tempão casado com a colega Annette Bening, foi no passado um dos maiores conquistadores de Hollywood.

Reza a lenda sobre o irmão mais novo de Shirley Mac Laine que, por onde ele passava, era terra arrasada.

Um site de fofocas dos Estados Unidos diz que ele namorou Candice Bergen, Bianca Jagger, Elle Macpherson, Jane Fonda, Raquel Welch, Margaux Hemingway, Jean Seberg, Cher, Natalie Wood, Diana Ross, Claudia Cardinale, Faye Dunaway, Carly Simon, Isabelle Adjani, Diane Keaton…

Mesmo com um desconto de 90%, ainda assim o cabra merece respeito.

Não lembro se foi o Paulo Francis ou uma-ex do vencedor do Oscar com “Reds” (melhor diretor) quem contou que ele consumia dezenas, na casa de 30 ou 40, comprimidos por dia com o intuito de estar em forma para, digamos, os desafios e encantos da vida. O efeito devia ser parecido com o hoje prometido por uma só cápsula ou comprimido.

O rapaz tem andado sumido. O “New York Times” trouxe notícias dele, em reportagem incluída na seleção publicada pela “Folha”. Reproduzo-a abaixo.

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Projeto de Warren Beatty pode vir à tona neste ano

Por Michael Cieply, do “New York Times”, em Los Angeles

Warren Beatty, perfeccionista inveterado, estava em ação, filmando uma cena para um projeto ao qual dedica sua atenção há 40 anos e cujo status atual é quase tão misterioso quanto seu tema: o industrial Howard Hughes.

Beatty frequentemente retorna a um filme quando ele está quase pronto para se demorar sobre algum detalhe, mesmo que pequeno -por exemplo, a imagem de um cão passando por uma porta.

Dessa vez, ele estava novamente trabalhando sobre um filme, ainda sem título, que começou a criar em 1976 e do qual é roteirista, diretor, produtor e ator principal.

Invisível até agora e filmado em boa parte nove meses atrás, o filme pode estar chegando perto de sua conclusão e pode ficar pronto para ser lançado neste ano.

Quando finalmente chegar ao público, o filme poderá coroar a carreira famosa de uma figura astuta de Hollywood -em sua época áurea, Beatty era apelidado de The Pro, ou o Profissional- que ficou famosa por levar atrizes jovens para a cama, correr atrás de Oscars e desafiar a visão predominante do mundo do cinema com filmes pouco convencionais como “Reds” e “Bonnie & Clyde: Uma Rajada de Balas”. Ou então poderá virar uma bizarra nota de rodapé na história de seus caprichos, ao lado de equívocos como “Ishtar” e “Ricos, Bonitos e Infiéis”, seu último grande esforço como ator, lançado 14 anos atrás.

Mas isso só vai acontecer se esse astro e cineasta, de aparência ainda jovem aos 77 anos, parar de acertar os detalhes finais de um filme que tem atores como Lily Collins, Matthew Broderick, Martin Sheen, Annette Bening, a mulher de Beatty, e o próprio Beatty no papel de Howard Hughes.

Beatty se negou a comentar como o filme está avançando. Porém, de acordo com uma pessoa informada sobre a produção, a obra já não trata apenas de Howard Hughes. Em vez disso, passou a ser uma história despreocupada sobre uma mulher criada por pais que são fiéis da Igreja Batista do Sul e que vai para Hollywood em 1958. Ali, é contratada por Hughes, que na época já era magnata do cinema, e assiste à queda de uma ordem moral antiga e à ascensão de uma nova, no início dos anos 1960.

Como a herdeira Sarah Winchester, que nunca parou de trabalhar sobre sua célebre casa misteriosa, Beatty também tem estado ocupado com sua obra favorita em curso. Um representante de relações públicas disse que o cineasta terá prazer em falar sobre o filme quando o concluir.

O autor Peter Biskind se recorda de ter ouvido a mesma coisa quando estava concluindo sua biografia de Beatty, “Star: How Warren Beatty Seduced America”, lançada em 2010.
Em e-mail, Biskind observou que o filme sobre Howard Hughes “ainda não saiu e talvez não saia até o ano que vem, quem sabe”.

E acrescentou: “Se eu tivesse dado ouvidos a Beatty, meu livro ainda não teria visto a luz do dia”.


O bonde do século 21?
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Mário Magalhães

Hoje, meio-dia e pouco: protótipo do VLT, na Cinelândia

 

Está bombando na Cinelândia o protótipo do veículo leve sobre trilhos que a Prefeitura do Rio promete colocar em funcionamento antes da Olimpíada de 2016.

A exposição do veículo movido a eletricidade começou ontem. Há fila para conhecer por dentro a novidade que circulará pela região central da cidade, 24 horas por dia.

A avenida Rio Branco, por onde passará o VLT, está parcialmente interditada ao trânsito, devido às obras para a instalação de trilhos e equipamentos.

Entre outros caminhos, o bonde modernoso ligará o aeroporto Santos Dumont à rodoviária Novo Rio _péssima notícia para alguns taxistas dados a enganar passageiros desavisados.

Um detalhe que no futuro pode não se revelar um detalhe: o vagão na Cinelândia foi fabricado pela Alstom. É aquela multinacional francesa envolvida com o cartel de trens em São Paulo.

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Uma história real sobre as milícias do Rio: ‘Pra quem devo acender a vela?’
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Mário Magalhães

tropadeelite2 01 [Crítica] Tropa de Elite 2 O Inimigo Agora É Outro

O filme sobre as milícias é ficção, mas é tudo verdade

 

Para não dar muito mole ao azar, digamos que o episódio tenha ocorrido na zona norte ou na zona oeste do Rio _área muita, milícias demais.

O cidadão responsável por coordenar dezenas de peões recebeu a visita de um representante de milícia cobrando propina em troca de “segurança”.

Milícias, como se sabe, são organizações paramilitares repletas de PMs e enfurnadas no aparato estatal que chantageiam moradores e trabalhadores em troca de não intimidar, agredir, expulsar das casas, torturar, matar e sumir com os corpos.

Em seguida, apareceu um segundo representante.

Quando surgiu o terceiro, o cidadão reagiu: “Afinal, pra quem devo acender a vela?”.

Quando os milicianos definiram um interlocutor único, o cidadão informou-os que a resposta seria dada por um superior _não sei qual foi a decisão, não perguntei, mas desconfio.

No bairro controlado por essa milícia, as quentinhas servidas a operários têm de ser de determinada empresa. O bando leva 1 real por unidade. Se alguém se recusar a encomendar do fornecedor indicado, tudo pode acontecer. Tudo mesmo.

O cidadão comentou: “Aquilo que ‘Tropa de elite 2’ mostrou não é ficção, é verdade”.

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Comparação de gols com assistências mostra Neymar fominha no Espanhol
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Mário Magalhães

Neymar, cracaço, em jogo da Copa do Rei – Foto reprodução

 

Uma preliminar, como diria um bacharel:  o Neymar do Barcelona é um formidável sucesso; tem jogado muito e sido decisivo; além de exibir futebol exuberante, contribui para o reaparecimento de Messi em grande estilo; com os anos passando para o argentino e para Cristiano Ronaldo, o brasileiro têm chances de vir a ser eleito o melhor do mundo.

Data venia, as estatísticas do Campeonato Espanhol demonstram um atacante excessivamente focado em si mesmo, em detrimento da colaboração coletiva.

Depois dos 2 a 1 de ontem do Barça contra o Real Madrid (os espanhóis poderiam ter liquidado no primeiro tempo, e os catalães desperdiçaram a chance de golear no segundo), eis os três primeiros na tabela de goleadores da liga:

Messi: 32;

Cristiano Ronaldo: 31;

Neymar: 17.

Agora, a classificação dos passes decisivos, que resultaram em gol, as ditas assistências. Também é liderada pelo argentino e pelo português:

Messi: 14;

Cristiano Ronaldo: 10.

Isto é: a cada 2,3 gols, Messi, de jogo generoso, dá um passe para algum companheiro anotar.

Cristiano, a cada 3,1 gols.

Neymar, em contraste, só deu assistência para quatro gols em todo o campeonato: uma a cada 4,25 gols.

É o que mostra tabela publicada no “El País”.

Como Messi fez quase o dobro dos gols de Neymar, a tendência seria o ex-santista ter dado bem mais do que as quatro assistências.

Há o que relativizar. Os números não mostram as jogadas nas quais Neymar, mesmo sem dar o passe decisivo, foi importante para o Barcelona desestruturar as defesas e chegar ao gol adversário. Há também os passes espetaculares que não resultaram em gol por erro de quem concluiu.

E existe um sentimento não amparado na estatística, mas no acompanhamento das partidas: Neymar não tem sido egoísta com Messi.

O problema é que, no Campeonato Espanhol, está claro o abismo entre o goleador e o passador.

Diante do Madrid no clássico dominical, ao menos uma vez Neymar poderia ter passado para outro, em condições bem melhores de marcar. Não passou e errou o chute.

Suárez mostra mais equilíbrio: oito gols, seis assistências.

Mas Neymar tem sido mais importante, reforça a numeralha.

Se ele for menos fominha, será mais fundamental ainda no líder da liga, quatro pontos à frente do time do Carlo Ancelotti.

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Maioria dos brasileiros é contra privatizar Petrobras, atesta Datafolha
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Mário Magalhães

blog - o petróleo é nosso vale

É cada vez menos…; poster de 60 anos atrás – Reprodução Memória Petrobras

 

A maioria dos brasileiros defende a Petrobras sob o comando do governo e se pronuncia enfaticamente contra privatizar a companhia.

É o que constatou pesquisa Datafolha feita no começo da semana passada, nos dias seguintes às manifestações contra a presidente Dilma Rousseff nas quais se viram cartazes pró-privatização.

De cada cem entrevistados, 61 se disseram contra a venda do controle da empresa, e 21 se declararam a favor.

Os contrários a entregar a Petrobras a grupos privados são majoritários não apenas entre eleitores que preferem o PT, mas também entre os que votam no PSDB. São 67% dos que simpatizam com os petistas e 56% dos que gostam dos tucanos.

A Petrobras é hoje uma companhia de capital misto e com controle do Estado.

O resultado do levantamento é ainda mais impressionante por causa da conjuntura.

A roubalheira que grassou na Petrobras, ao menos nas administrações FHC, Lula e Dilma, estimulou antigos opositores do, antes, monopólio estatal do petróleo, e, depois, do controle público da empresa de economia mista a desfraldarem novamente suas bandeiras privatistas.

Para quem acha que brasileiro não tem memória, os números do Datafolha são um choque. Evidenciam que as novas gerações não esqueceram que a fundação da Petrobras, em 1953, constituiu uma conquista histórica do país.

Agora, o pré-sal deve servir, se predadores não se apropriarem do dinheiro, para aumentar os investimentos em educação.

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