Blog do Mario Magalhaes

Rio, 450: ‘meu’ hino da cidade canta a bravura; salve, Almirante Negro!

Mário Magalhães

 

O ''meu'' hino não é meu, e sim de João Bosco e Aldir Blanc, cantado por Elis Regina no vídeo acima.

Mas cada um elege o seu hino do coração.

Desde 2003 ''Cidade maravilhosa'' é o hino oficial do município do Rio.

Um senhor hino.

Como escrevi em livro, ''A vida no Rio de Janeiro de 1935 se coloria de tantos encantos que só um bairrista empedernido, com aversão figadal aos cariocas, ousaria implicar com o título da marchinha 'Cidade maravilhosa'. Consagrada no ano anterior, ela arrebatava os cordões carnavalescos nas vozes da cantora Aurora Miranda e do autor, André Filho. O Rio era mesmo o 'coração do meu Brasil'''.

Nenhum hino informal supera, tenho cá comigo, o samba ''O mestre-sala dos mares''. Aldir e João contam um dos mais comoventes épicos da história do Brasil, ou História com agá maiúsculo, a Revolta da Chibata, quando os marinheiros, quase todos negros, rebelaram-se em 1910 contra os castigos corporais na Marinha.

O líder do movimento foi o marinheiro João Cândido, celebrizado como Almirante Negro.

Assim o homem era tratado na letra original da composição, mas a ditadura, ali nos anos 1970, vetou.

O ''almirante negro'' virou ''navegante negro''.

Os censores impuseram que ''bravo marinheiro'' passasse a ''bravo feiticeiro''.

''Bloco de fragatas'' a ''alegria das regatas'' e daí por diante.

Nada que frustrasse a homenagem a João Cândido e àquela gente de coragem que lutou nas águas da Guanabara.

Valentes que merecem inspirar nossos próximos 450 anos.

Ao som da obra-prima que é o meu hino do Rio.

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