Seleção de micos do ano ficou devendo: faltou o novo ministério de Dilma
Mário Magalhães
Quando o UOL gravou os pitacos do Josias de Souza, do Fernando Rodrigues e meus sobre os micos políticos do ano, um tempinho atrás, não havia como supor _desconfiar, talvez os mais céticos desconfiassem_ que um tordilho viesse a correr por fora, para brigar pela ponta até o disco final.
A seleção dos três blogueiros pode ser assistida clicando aqui. Continua valendo, os micos apontados são tremendos.
Mas o tordilho atropelou, e, se perdeu, foi por focinho: o ministério anunciado para o governo Dilma Reloaded é outro baita mico.
Mico para a presidente e para quem confiou em seu discurso de campanha reeleitoral.
A petista rasgou nas tintas ao pintar _com razão_ a contradição entre política econômica de agrado dos banqueiros e política social voltada de fato para os pobres. Pois chamou um diretor do Bradesco para tocar o arrocho. Joaquim Levy, entusiasta de privatizações, votou em Aécio Neves.
Por falar em privatizações, a Dilma dos palanques voltou a fustigá-las. Agora, anuncia que tentará abrir o capital da Caixa.
A presidente soltou os cachorros nos anos FHC. E quem convocou para a Secretaria de Aviação Civil? Eliseu Padilha, ex-ministro dos Transportes do governo Fernando Henrique Cardoso.
''Governo novo, ideias novas'', ecoava a propaganda. O iminente ministro das Cidades? Gilberto Kassab, aquele mesmo, manjado prefeito de São Paulo.
Lembram-se dos encontros, exibidos na TV, de Dilma com líderes dos movimentos sociais? A ministra da Agricultura será Kátia Abreu, inimiga figadal dos sem-terra e dos ambientalistas.
Outra promessa, rebatendo acusações de no mínimo negligência na gestão da Petrobras, foi combater a corrupção como um zagueiro-zagueiro gruda no cangote do centroavante. Será por isso que o Ministério da Pesca vai para Helder Barbalho, filho de… Jader Barbalho? Pretendem pescar o quê?
E o compromisso com a eficiência? Deve-se a ele a nomeação de George Hilton para o Esporte? Até hoje, o representante da Igreja Universal esteve longe dos assuntos dos quais passará a cuidar, especialmente da Olimpíada de 2016 no Rio.
Por falar em Rio, a maioria dos eleitores fluminenses sufragou a reeleição. Ministro do Estado? Talvez, se houver algum, só em pasta de pouco peso. A gratidão também pode micar.
É claro que haverá cidadãos e cidadãs decentes no novo governo.
Mas o ministério é um mico, safra 7 a 1.
Faz de bobo quem achou que o discurso de campanha era para valer.
Dilma Rousseff gastou o verbo à esquerda para ganhar. Para governar, toca o relho pela direita.
E Lula falou que o segundo governo da correligionária seria melhor que o primeiro.
Pode até vir a ser, mas começa mal.
P.S. 1: a eleição é do mico, mas a metáfora é turfística. O nonsense se deve à paixão do blogueiro por corridas de cavalos.
P.S. 2: por que um tordilho? Não há mensagem subliminar. É que sempre joguei em cavalo que eu pudesse distinguir à distância, o claro entre a maioria de mais escuros.