Blog do Mario Magalhaes

Cai um emblema da alma carioca: Matte Leão de garrafa parece xarope

Mário Magalhães

Primeiro, parecia esquisito.

Depois, já não parecia: era mesmo esquisito.

Em nome de meio século de, mais que fidelidade, devoção, forcei a barra e me curvei por um tempo.

Agora, mesmo no verão com sensação de temperatura de mais de 50 graus, não bebo se for em garrafa, tanto as pequenas quanto as grandes.

E olha que calor e Matte Leão foram feitos um para o outro.

O problema é que o sabor do Leão de garrafa não parece, não é e está longe de ser o que conquistou gerações.

Não falo nem daquele, o melhor, dos galões abertos com torneirinha na praia _os vendedores de mate são tão tradicionais que viraram Patrimônio Cultural e Imaterial aqui do Rio.

Mas do mate do copinho, mais concentrado e escuro, portanto mais saboroso.

O da garrafa parece um melado, de tão açucarado. Uma calda, em vez de mate.

A cor bem clarinha combina com a ausência de gosto. Quando misturado com gelo, fica ainda mais insípido.

Li na internet que a subversão de mau gosto se deveria à retirada de conservantes da fórmula.

Se o problema é esse (será?), que volte o conservante.

Ao mudar o gosto, para muito pior, o Matte Leão avacalha com um ícone carioca.

Se não recuarem no mate da garrafa, é porque estão se lixando para o monte de gente que tem reclamado.

Como eu não passo sem Matte Leão, vivo a procurar o de copo.

Só falta este também se transformar no xarope enjoativo que tentam nos empurrar nas garrafas.

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