Por Mario Cesar Carvalho: ‘Veja mais faroeste, Dilma’
Mário Magalhães
Por Mario Cesar Carvalho, na ''Folha'':
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Veja mais faroeste, Dilma
Ao receber o diploma de presidente do Brasil na última quinta (18), Dilma Rousseff parecia que continuava em campanha. Enquanto as ações da Petrobras se liquefaziam após a revelação de que a presidente da estatal, Graça Foster, fora alertada dos desvios e não fez nada, Dilma propôs um ''pacto nacional contra a corrupção'', disse que iria renovar a Petrobras e defendeu a estatal de maneira emocional.
Se a presidente Dilma quer combater a corrupção, foi um péssimo começo. Medidas genéricas, como o tal pacto e apelos emocionais, são instrumentos inócuos para atacar a cultura do suborno.
Dilma deveria ver mais faroestes se o governo e a Petrobras querem pegar corruptos e corruptores, sejam eles de empresas públicas ou privadas. A palavra mágica que funciona de 1800 até hoje é recompensa. Países como EUA, Reino Unido, África do Sul, Coreia do Sul, Austrália e até a Jamaica recompensam os que informam a ocorrência de fraudes e o pagamento de suborno.
O programa funciona de maneira simples: quem denunciar um desvio de R$ 10 milhões ganha R$ 1 milhão, num exemplo hipotético. É um ótimo negócio: no final das contas, a empresa economizou R$ 9 milhões. Por que não começar um programa desse tipo na Petrobras?
Parte das provas do pagamento de propina a fiscais em São Paulo pela Brookfield, que administra shoppings, foi entregue por um ex-diretora financeira, que pode receber até US$ 1 milhão de recompensa.
O prêmio será pago pela SEC, o xerife do mercado de capitais nos EUA. Por que a CVM, órgão que deveria exercer a mesma função no Brasil, não recompensa quem denuncia os fraudadores?